Portugal, 7 de Junho de 2013
Como seguramente alguns adeptos e sócios do Benfica já perceberam, o treinador do Benfica é o único que após cada desaire é “espremido” em termos de desempenho, em termos de opções, em termos de erros. Os treinadores de FCP e SCP, pelo contrário, têm sempre o álibi da arbitragem ou de um jogo menos conseguido.
Quem patrocina este tipo de coisas é a comunicação social e o silêncio do Benfica. Exemplo máximo no denominado Caso Capela, exemplo mínimo os Casos Xistra, Proença, Soares Dias, Hugo Miguel, Vasco Santos, Jorge Sousa, etc. A Direcção do Benfica, encolhe os ombros, já que o bom actor que é o “faz-que-é” Presidente, lá vai repetindo até à exaustão os discursos que outros escrevem, onde se apela a mais e mais entrega, mais e mais dedicação, mais e mais capacidade de sofrimento, mais e mais crença no rumo traçado, etc, etc. A máquina que manda no Benfica através do Sr.º Vieira, de facto envolve muita gente, das mais variadas actividades e sabem bem como manipular pensamentos e vontades dos adeptos. Adiante.
A questão do “erro do treinador” é uma ficção fácil de desmontar. Porque por definição, um erro é um desvio à norma, e por definição não há norma no futebol. Se houvesse uma norma no futebol isso significaria que dominando a norma, tomávamos sempre as melhores opções e ganhávamos sempre. Ou seja, aqueles que mais falam dos erros, ou seja, aqueles que mais subentendem conhecer a norma no futebol, esse ganhariam sempre. Quem são eles? Os tais jornalistas da comunicação social....
Ora quantos jornalistas têm ou tiveram sucesso como treinadores de futebol? Nenhum. Percebe-se pois que a teoria do “erro” do treinador do Benfica é uma forma de desviar as atenções dos “erros de arbitragem”, esses sim mensuráveis por comparação com a norma. Qual é a norma da arbitragem? As leis do jogo!
Como se depreende, os tais que patrocinam a teoria do “erro do treinador” do Benfica, são os mesmos que escondem a teoria do “erro do árbitro”. Ora quando o FCP e SCP são beneficiados, ora quando o Benfica é prejudicado. Mas é sempre assim?
Não. O critério inverte-se quando entendem que o Benfica foi beneficiado, ou o FCP e SCP prejudicados. Temos pois “casos Capela” mas nunca teremos “casos Hugo Miguel”, apesar de este ter rubricado uma das mais vergonhosas arbitragens que há memória em Portugal, desde o 1º campeonato nacional no tempo do Estado Novo!
Mas há outro campo onde com rigor, podemos falar de erros: os erros de gestão. E no Benfica infelizmente acontecem demasiadas vezes, com – coincidência – encobrimento da comunicação social. A mesma que patrocina o erro do treinador do Benfica e patrocina a manipulação do erro do árbitro, também patrocina o branqueamento do erro de gestão da Direcção do Benfica.
Há uma “norma” na gestão que se possa aplicar às decisões tomadas? Julgo que sim. A do bom senso! Vejamos. Em Abril de 2012 cedendo às críticas dos analistas (que por tabela arrastam os adeptos), a Direcção anunciou – em mais um acto populista e demagógico - que Emerson não ia continuar no Benfica. Em Abril começaram a negociar Sálvio para o Benfica. Sálvio não é defesa esquerdo, mas sim “médio ala” direito, portanto continuou a faltar um substituto para Emerson. E não se percebeu o interesse em Sálvio uma vez que entre a comunicação social (os tais protagonistas) era unânime que o Benfica não tinha ganho o campeonato por causa da má rotação do plantel por parte do treinador, e também porque o defesa esquerdo não subia, não cruzava, não atacava como eles achavam que devia ser.
O tempo passou, o Sálvio veio, o defesa esquerdo não. E contudo Eliseu do Málaga, que pelos vistos apenas custava 5 milhões, estava disponível para vir. Mas a decisão da Direcção foi apostar no Salvio e contratar o Luisinho por 500 mil euros ao Paços de Ferreira. Decisão correcta? Acho que não. E não o digo porque a época passou, mas porque pesando o trinómio custo/qualidade/carências, a opção prioritária era o defesa esquerdo.
Um ano depois a opção da Direcção manifestou-se, como eu esperava, errada. Jesus voltou a ter de arrostar com o título de “inventor” pela adaptação de Melgarejo a defesa esquerdo (sinal que não terá sido ele a decidir contratar Luisinho), ou seja, Jesus voltou a ser fragilizado pelas opções que foi obrigado a tomar por incúria da Direcção, Sálvio apesar da boa comunicação social (e estas coisas nunca saem de “borla”) marcou 10 golos em 29 jogos, contra os 10 golos de Bruno César em 26 jogos, ou os 11 golos de Nolito em 29 jogos. E no final voltamos a perder os títulos todos pelos erros dos mesmos árbitros (Carlos Xistra e Hugo Miguel) que na época passada ajudaram os adversários a tirar 5 pontos ao Benfica antes da recepção ao FCP, e que depois desse jogo, marcado por mais um golo em claro fora de jogo (qualquer semelhança com a Taça não é coincidência), ainda fomos penalizados em Alvalade e Vila do Conde por mais erros escandalosos de arbitragem.
Quem se interessar pois pela teoria do erro, deve pois mudar de alvo. Não é o treinador que erra, porque não há “norma” nas opções dos treinadores. São os árbitros e a Direcção do Benfica que erram, porque ambos podem ser comparados com “normas”, seja o regulamento da arbitragem, seja o regulamento do bom senso. Mas curiosamente, ambos estão bem protegidos pela comunicação social. Não é por acaso...
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