"Pensavam que era só eu?" |
A história de Lance Armstrong está longe do seu epílogo.
A entrevista que deu a Oprah Winfrey foi concebida para tentar obter a simpatia da opinião pública, mas não se livrou ainda das repercurssões que as suas declarações certamente causarão.
Durante anos, foi apresentado como um exemplo do atleta quase perfeito.
Performances fantásticas, 7 vitórias incríveis na prova rainha do ciclismo, a Volta à França, um herói que tinha vencido um cancro...era a imagem perfeita para empresas e dirigentes desportivos.
Entre esse sucesso, surgiram por vezes algumas alegações de doping.
Em 2005, alegadamente as análises a 6 amostras de urina recolhidas durante a prova francesa em 1999 tinham acusado a presença de Eritropoetina, que de forma simplificada, aumenta o nível de glóbulos vermelhos no sangue, melhorando assim a troca de oxigénio, aumentando a capacidade muscular e elevando a resistência ao exercício físico.
Após acusações em público entre jornalistas, o atleta e vários organismos, o resultado dessas análises não foi validado pois foi considerado que as amostras tinham sido contaminadas. E a coisa, apesar de recorrente polémica, passou.
Nos últimos dias, Armstrong na entrevista que concedeu e que foi exibida em 2 partes, admitiu ter tomado a Eritropoetina, ter recebido transfusões do seu próprio sangue, ter tomado testosterona, hormonas de crescimento e cortisona.
Este homem fez mais de 600 testes de doping oficiais durante a sua carreira. Apesar de alguma controvérsia com as já referidas análises de 1999, as vozes oficiais sempre negaram qualquer irregularidade e este batoteiro pode passar mais de 10 anos incólume. Vencendo, estabelecendo recordes, sendo apresentado como alguém de 'outro mundo', com a conivência de comentadores, jornalistas e organismos.
Afinal...era uma fraude.
Fê-lo sozinho?
Que dizer de quem lhe fornecia as substâncias?
Que dizer dos técnicos e organismos anti-doping dos países onde Lance correu e supostamente fez análises?
Que dizer de quem encobriu não só Lance, mas como as dezenas de atletas que recorreram aos mesmos esquemas e que ainda não estão formalmente acusados, sob pena de o ciclismo mundial ir quase parar?
A batotice e a fraude, em troca de subornos e esquema de favorecimento de milhões de euros, nunca estiveram tão envolvidos nos resultados desportivos actuais no futebol como agora.
As alterações nos formatos das competições europeias na última década não foram estranhas a essa influência.
O que me preocupa é que devido a esses esquemas, os verdadeiros atletas e desportistas são ofuscados por outros que, embora possam até ter talento e qualidades técnicas superiores, não tinham ou têm capacidade atlética para competirem profissionalmente.
Outros mantém-se sempre em forma, sem lesões, mantendo constante durante os 90 minutos a capacidade invejável de sprint e resistência devido a essas mesmas substâncias que tomam.
Lance Armstrong manteve durante anos a fio o seu mito.
Quem mais se manterá como mito e durante quanto mais tempo? Quantos ídolos falsos adorarão os adeptos do futebol?
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