Portugal, 8 de Outubro de 2012
Na matemática, sistema é um conjunto de "n" equações, a "m" incógnitas. Nos sistemas, as incógnitas ou variáveis, têm relações entre si que são estabelecidas pelos coeficientes que têm em cada uma das equações. A resolução de um sistema com solução diferente de zero, apresenta valores únicos para cada variável.
Também no futebol há um sistema, como há muitos anos se sabe. Também no “sistema futebol” há variáveis, como sejam os árbitros, os que mandam nos árbitros, os que observam os árbitros, os jornalistas que apreciam o trabalho dos árbitros, os jornalistas que apreciam o futebol, as televisões que analisam o trabalho dos árbitros, os elementos da disciplina da liga e da FPF, os da justiça da FPF, os dirigentes dos clubes, as toupeiras, os detentores dos direitos televisivos, etc, etc.
Também este sistema é diferente de zero e todos os anos, ou quase (a excepção confirma a regra) a solução apresenta o mesmo resultado: o FCP é campeão e muita gente (variáveis) enche os bolsos enquanto outros se ficam pelas “febras”. Ou “fêveras” (escrevendo à moda do Porto ou à moda de Lisboa).
Pelo segundo ano consecutivo o FCP venceu o SCP com 1 expulsão quando estavam a ganhar 1-0, e 2 penaltys (na época passada foi “só” um), pela segunda época consecutiva a esmagadora maior parte dos erros grosseiros de avaliação dos árbitros favoreceram o FCP. Possivelmente, Jorge Sousa irá ter nota 3,9 como Xistra em Coimbra. Ou talvez uma décima a menos, uma vez que o Vítor Pereira dos árbitros é sócio do SCP. E aqui está a equação 1: na dúvida os árbitros têm instruções para decidir a favor do FCP, mesmo que errando, de modo a verificar-se FCP > adversário.
Penso que ninguém reparou, mas o Rui Moreira intitulou a sua crónica semanal em A BOLA da seguinte maneira “e vão 4 penaltys”. Quais? Os tirados ao FCP, na sua obtusa forma de ver, apoiada na Sporttv que repetem os lances na área do adversário do FCP e escondem os lances na área do FCP (como Otamendi em Barcelos, em lance igual a Emerson em Braga na época passada). E aqui está outra equação: a pressão da comunicação social, via analista convidado.
Entretanto o Benfica venceu o Beira-Mar - último classificado - mais dificilmente do que o esperado. E isso caiu mal entre uma parte dos adeptos (minoritária mas mais ruidosa). Alegadamente porque jogamos “mal”. E eu continuo sem saber o que é jogar “mal”. Vejamos, o FCP venceu outro Beira-Mar por 4-0. De acordo com as estatísticas da Liga, o FCP teve 65% de posse de bola, contra 35%, teve 9 oportunidades de golo contra 1, teve 18 remates contra 10, destes 12 foram enquadrados com a baliza contra apenas 2 do Beira-Mar, e foram-lhe assinaladas 12 faltas contra 10 do Beira-Mar. Passando ao jogo do Benfica, com os mesmos 65%/35% de posse de bola, tivemos 5 oportunidades de golo contra 1, 21 remates contra 5, destes 5 foram enquadrados à baliza contra 3, e foram assinaladas 15 faltas contra o Benfica e 15 contra o Beira-Mar.
Ou seja, comparando o FCP e o Benfica, via Beira-Mar, concluímos que estivemos iguais na posse de bola, rematamos mais vezes do que o FCP, sofremos menos remates que o FCP, mas por outro lado, a nossa pontaria foi pior do que a do FCP (5 remates à baliza em 21 remates, contra 12 em 18 do FCP) e a do Beira-Mar melhor neste jogo (3 em 5 foram à baliza, contra 2 em 10 no FCP). Podia explicar isto – estatisticamente - com a ausência do Cardozo, mas deixo para outro texto.
Daqui resulta outra equação: o adepto contestatário do Benfica não avalia parâmetros, mas sim resultados. Faz uma abordagem preconceituosa e simples do futebol (se eles são últimos, temos de golear) que só favorece as outras equações.
Obviamente que chegado a este ponto, nem falo se Artur Moraes foi ou não tocado na pequena área, não falo do penalty tirado na 1ª parte por empurrão creio que a Rodrigo, e outro tirado por andebol na parte final da 2ª parte após remate de Carlos Martins. Num caso o Benfica estava a perder, e não é de bom-tom (na perspectiva dos árbitros da equação 1) marcar um primeiro lance de penalty (para dilatar o tempo e esperar que o adversário marque um 2º golo), se lembrar que o 2º penalty sonegado acontece quando parte do público da Luz está a assobiar a equipa e isso favorece o adversário (que “morreria” se o árbitro o assinalasse), enfim, lembrando isto, creio que ninguém iria perceber que estamos perante outra equação: o manual de arbitrar.
Mas o Rui Moreira percebe. Esses percebem. O FCP nunca joga “mal”. Os árbitros é que não assinalam os penaltys a seu favor, mesmo quando não são.
Para terminar, o jogo Barcelona – Real Madrid deu razão ao meu texto anterior e acrescentou mais umas “orelhas de burro” a uma enorme legião de benfiquistas bloguistas (fora os analistas profissionais). A enorme posse de bola do Barca, 69% versus Real, contra 71% no jogo com o Benfica (estatísticas UEFA) prova que de facto, não é fácil jogar com eles. A diferença entre o Benfica e o Real, é que nós temos o Lima e eles têm o Ronaldo. Se trocarmos os dois, se calhar hoje estávamos mais felizes ...
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