"Quando o árbitro recolheu ao camarim, as câmaras demoraram-se a focar o banco do Benfica e alguns jogadores avulso e pode-se dizer, com toda a justiça, que mais pareciam um grupo juvenil de estudantes em férias da Páscoa a gozar o pratinho de uma pequena delinquência cometida numa excursão ao estrangeiro.
E é precisamente isto que é inacreditável no caso Luisão, A Parede: a deprimente ausência de um dirigente do Benfica e à Benfica que fosse mais rápido a compreender o alcance da situação do que o árbitro Fischer a atirar-se para o chão.
Um dirigente do Benfica e à Benfica teria sabido assumir o erro do seu jogador mas não teria deixado passar em claro o não menos inusitado e despropositado encosto do árbitro Fischer a Maxi Pereira, segundos antes do peito-a-peito Luisão-Fischer.
Não vejam nisto um remoque a António Carraça porque não é.
Carraça lá terá as suas funções, certamente importantes junto da equipa de futebol, o que se respeita. É um simples funcionário do clube onde não nasceu.
Mas não tem a dimensão de grandes dirigentes e de grandes benfiquistas que se sentaram no banco com a equipa de futebol, não sabe, não faz a mínima ideia de como é que se resolve um problema deste no minuto em que acontece de modo a prevenir futuros aborrecimentos ao Benfica que é quem está em causa, muito mais do que o Luisão ou o árbitro apalhaçado.
Comecemos pela questão financeira, que devia ter saltado logo aos olhos: se o clube se acha no direito de não devolver o “cachet” então a equipa do Benfica não podia ter abandonado o campo de jogo tão alegremente.
Poderia sair o árbitro, poderia recolher ao balneário a equipa adversária, mas a equipa do Benfica deveria ter ficado em campo à espera do reatamento do jogo particular para que foi contratada.
E ficando, na pior das hipóteses, sozinha a equipa em campo, sem árbitro e sem adversário, dificilmente poderiam vir os alemães exigir ao Benfica compensações financeiras pelo fim prematuro do jogo que foi abandonado pelas duas outras partes. Feito o mal, que bem ficaria o Benfica em campo, sujeitando-se a disputar o resto do jogo só com 9 jogadores, assumindo de caras os comportamentos irregulares de Javi Garcia e de Luisão, afastados do jogo pela justiça interna do clube que é um dos maiores do mundo e não recebe lições de moral nem de delinquentes nacionais nem de estrangeiros.
O pedido de desculpa ao árbitro seria também fundamental. Era só esperar que ele abrisse um olho, o que nem tardou muito.
A gestão do episódio nos balneários é desconhecida do grande público e, provavelmente, nem existiu. E em que língua terá ocorrido, se ocorreu, constitui também grande dúvida.
O silêncio oficial e oficioso sobre tudo isto nas primeiras 24 horas consentiu, por desleixo, no crescimento de um monstrozinho.
Há quem lamente, neste arranque de época, a falta que faz ao Benfica um defesa-esquerdo ou um jogador de vai-vem à semelhança do fabuloso Ramires ou mesmo a falta de um goleador menos monocórdico do que Cardozo. Mas o que ficou à vista de todos na jornada triste de Dusseldorf foi outro género em falta: Benfica e senso político.
O Benfica sofre de défice de… Benfica. Que pena.
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Mais um caso flagrante de falta de Benfica e de senso político no Benfica. Bem mais triste do que o episódio de Dusseldorf é o episódio de Maputo, menos ventilado nos jornais e ainda bem porque é coisa que envergonha os benfiquistas.
O FC Porto anunciou uma parceria com a Academia Mário Coluna e, de acordo com a notícia de “A Bola”, passará a ter “preferência sobre os jogadores formados naquele projecto liderado pelo antigo capitão do Benfica”.
É caso para perguntar: onde é que anda o Benfica?
Será que acabou?"
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