Só a eminência da bancarrota levou o Estado, através do Governo, fazer o escrutínio das Fundações, entre as quais a célebre Fundação Porto-Gaia! Segundo noticiou a imprensa, Vítor Gaspar terá ficado surpreendido com os montantes envolvidos - 1500 ME de 2008 a 2010! Com cerca de 15000 entidades na esfera do Estado, obviamente que nenhum Governo tem a menor ideia de como se gasta grande parte do dinheiro dos contribuintes! Portanto, não foi o critério de promoção da justiça social, nem o de poupar os contribuintes, que conduziu a esta ação, apesar de se saber que, em muitos casos, se trata de um estratagema para reduzir a carga fiscal dos seus promotores, noutros para desorçamentar despesas quer por parte de algumas autarquias quer por parte de alguns organismos estatais.
O caso Porto-Gaia, é do conhecimento público há muitos anos! Eu mesmo publiquei aqui uma crónica a esse respeito, onde “exigia” uma atitude enérgica por parte dos dirigentes do Benfica, junto de quem de direito. Outros colegas, em vários locais, o fizeram. Tal não foi suficiente para suscitar qualquer diligência das entidades que têm obrigação de fiscalizar e pôr cobro a estes abusos, preferindo “castigar” o silencioso contribuinte!
Ocorre-me de imediato a justificação de Laurentino Dias para a perseguição - em minha opinião - que moveu ao Nuno Assis e que culminou com a suspensão desportiva deste por um ano, motivo suficiente para o Benfica perder esse campeonato. Justiça desportiva! Disse ele! Justiça desportiva, uma ova; digo eu! Porque não viu a injustiça desportiva que constitui o facto de o crónico campeão nacional beneficiar de um centro de treino sem ter despendido um cêntimo na sua construção nem nos custos de manutenção, limitando-se a pagar uns míseros 500 euros mensais de renda? Tal omissão constituiu um insulto a todos os Portugueses, em especial, aos adeptos dos clubes rivais do campeão do regime.
Bem sabemos que este é apenas um dos muitos e avultados apoios de que esse clube beneficiou e que hoje, são decisivos na diferenciação da gestão financeira e desportiva face aos clubes rivais. À semelhança do que foi recentemente efetuado na Câmara de Lisboa relativamente aos apoios concedidos por esta ao Benfica, gostaria que se fizesse investigação semelhante relativamente à Câmara do Porto, à empresa Metro do Porto e à Estradas de Portugal!
Disse Filipe Menezes (FM) no CM de hoje, que a dita fundação não recebeu nem se antevê que venha a receber qualquer apoio público em 2012, sendo a totalidade das despesas suportadas por receitas próprias! Terá dito ainda o inenarrável FM que, “se calhar vamos extinguir as duas fundações” e que tal, “não é da competência do Governo”. Eu acho que, tais fundações, serão extintas logo que descubram outra forma de compensar o clube do regime.
Filipe Meneses é um regionalista radical e alimenta desde há muito a esperança de ascender à Câmara do Porto. É para mim óbvio que pretende constituir um tandem com o clube do regime desencadeando “a luta” pela constituição da, por alguns, tão ansiada região Norte. O “fechar de olhos” dos sucessivos Governos, quanto a mim, indicia uma anuência tácita, num encorajamento implícito à criação de situações de regionalização parcial de facto.
Eis-nos, por fim, chegados à questão primordial! A natureza política do outro clube! Repeti-lo-ei bem alto, hoje, como ontem e amanhã; o Porto, hoje, não é um clube de futebol; é a ponta da lança de uma organização político-económica regional que tem beneficiado de apoios cúmplices vários a nível nacional. Estou frontalmente contra; à política o que é da política e ao futebol o que é do futebol. Caso contrário, também os sócios e adeptos do Benfica terão de o fazer, sob pena de terem de assistir ao definhamento do clube, engalfinhando-se em mútuas acusações.
Viva o Benfica!
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