Portugal, 23 de Julho de 2012
A pré-temporada do Benfica teve no passado fim-de-semana, um torneio disputado na Polónia (Polska) que se caracterizava por um calendário muito exigente: 2 jogos com cerca de 18 horas de intervalo, caso disputássemos a final, ou menos de 16 horas, caso não disputássemos a final.
Como é sabido, finalmente sofremos golos e finalmente sofremos a 1ª derrota. Digo finalmente com alguma ironia, porque o irritante debate que existiu na blogoesfera após a fase Gama, era de que tínhamos problemas nas laterais da defesa, JJ devia aprender inglês para falar melhor com Ola Jonh, JJ estava a gerir mal as escolhas optando por equipas constituídas à base de jogadores do ano passado em vez de ir lançando alguns dos reforços. Enfim, mais do mesmo: a já habitual ressonância do que a comunicação social escreve e diz.
Nos 2 jogos que o Benfica fez agora, apresentou esquemas de jogo e opções claramente distintas. Contra o adversário teoricamente mais acessível, o campeão polaco, jogamos com um 11 com poucas alterações em relação à equipa do ano passado (Melgarejo na lateral esquerdo e Yannick a médio ala direita), e jogou-se em 4-2-3-1 o tal modelo mais equilibrado.
Este jogo foi bastante bem conseguido apesar dos 2 golos sofridos. O primeiro, parece-me indefensável (se fosse o Roberto não faltava gente a dizer que se tinha lançado tarde), o segundo resulta de um erro de marcação de Maxi que deu demasiado espaço – uns 3 a 4 metros - ao avançado e este fez um grande golo. Mas deve destacar-se a reacção da equipa, que por sorte, nessa fase de jogo estava bem estruturada com Carlos Martins, Olá Jonh e Gaitan a servirem Kardec (que havia substituído Cardozo aos 66 mn).
Já o segundo jogo resulta para mim um completo mistério em termos de opções para o “onze” base e ao próprio modelo de jogo (4-4-2 com pouco losango, pois Saviola jogando atrás de Cardozo é pura ilusão de rentabilidade).
Sabendo que o PSV seria dos 3 adversários aquele que na teoria era mais difícil, não se percebe a opção por um modelo de jogo mais arriscado, porque mais ofensivo e mais desequilibrado nos processos defensivos. E não se percebe a opção por jogadores que haviam feito 90 mn, 18 horas antes!
Sem incluir o guarda-redes, o Benfica alinhou com 5 jogadores que tinham sido titulares 18 horas antes, 3 dos quais defesas (Maxi, Luisão e Garay)! O PSV alinhou com 3 que haviam sido titulares contra o Athlétic, e todos do meio campo para a frente: Van Bommel, Toivonen e Wijnaldum.
No final o Benfica acabou com 2 jogadores totalistas (180 mn jogados), Luisão e Garay, e Maxi só não foi por ter sido expulso aos 77mn (jogou ainda assim 167 mn). No PSV, nenhum jogador foi totalista! Os que andaram mais perto fizeram ainda assim menos minutos que Maxi Pereira: Toivonen, Van Bommel e Wijnaldum, com 135 mn. Tantos como Melgarejo (defesa) que não teve “pernas”, cometendo diversos erros de posicionamento que resultaram nos golos 2 e 3 do PSV.
Depois dos jogos é mais fácil descobrir os erros, mas a mim parece-me que a chave da primeira derrota da época, passa pela incompreensível gestão dos minutos jogados pela defesa (notem que o PSV alterou todos os defesas e até o guarda redes, do primeiro para o segundo jogo). O facto dos golos do PSV surgirem nos últimos 20 mn, associado à incapacidade de reacção do Benfica e ao completo desmoronar da organização de jogo, só pode ser assacado à componente física e não às mediatizadas adaptações de jogadores.
Quem viu o jogo percebeu que a dada altura (ainda 1-1), os jogadores do PSV passavam de “mota” pelos nossos e insistiam com lançamentos para as costas dos defesas laterais, mais do lado esquerdo do que do lado direito. Fácil de ver.
Desta vez tenho de dizer que Jorge Jesus falhou. Com fragor. Não pela derrota mas por uma série de erros que contribuíram para que não pudéssemos jogar para ganhar. A falta de confiança em Luisinho (jogou 45 mn para dar lugar ao estafado Melgarejo que jogou 135 mn), a falta de coragem para repetir Yannick na lateral direita como fizera contra o Marselha (descansando Maxi), a falta de coragem para apostar numa dupla de centrais distinta, Luisão e Jardel num jogo, Garay e Miguel Vítor noutro, por exemplo. Dar confiança estimula não só o jogador em questão, mas todo o grupo. E JJ deve saber isso.
Não aceito pois o argumento de que “os jogadores estavam cansados e continuamos a construir uma equipa”. Isso é atirar poeira para os olhos dos adeptos. Desta vez não desfrutei e fiquei preocupado pela incapacidade de gente (incluindo Rui Costa e António Carraça) tão “batida” no futebol, não perceber a importância da componente física, na qualidade do desempenho colectivo.
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