Maio de 2003
O FCP conseguiu um feito inédito no futebol português ao vencer a Taça de Portugal por um “magro” (os “media” esqueceram de catalogar a vitória tangencial) 1-0, com mais um penalty não assinalado a favor do Leiria e com o habitual perdão aos excessos gestuais e linguísticos dos jogadores do FCP. Com esta vitória na Taça, o FCP ganhou todas as provas em que participou esta época, ultrapassando o Benfica dos anos sessenta, o clube do “regime” como ainda hoje os nossos adversários referem. Esse Benfica que ganhou na mesma época o campeonato e a Taça dos Campeões Europeus, sossobrou na Taça de Portugal, aquela que nos dizeres do elogiado Pinto da Costa, se realiza no estádio de Oeiras.
Temos hoje um novo clube do regime, ou será que o FCP ganha com mérito as provas que antes o Benfica ganhava por ser o clube do regime? Eu penso que o FCP é de facto, aquilo que o Benfica nunca foi: o clube do regime.
Em matéria de futebol já tudo foi inventado: disputa-se com 11 jogadores de cada lado e se o árbitro errar mais para uma equipa do que para outra – a tal história dos campos inclinados – é fácil que uma equipa técnica e tácticamente inferior, vença uma que lhe é superior. E vencendo mais vezes que as demais, aumentam os níveis de confiança individuais dos seus jogadores, dos seus treinadores, dos seus dirigentes e da sua massa adepta, que é também importante no sucesso da equipa.
Ou seja, controlando a arbitragem – por via directa ou indirecta - pode-se construir uma boa “equipa”, esperando que as vitórias adulteradas produzam “efeitos” positivos na equipa beneficiada, e “efeitos” negativos nas equipas adversárias.
Naturalmente temos de contar com a importantíssima comunicação social, que em termos de impacto e fluxo de opiniões, é um motor poderosíssimo sendo dotado do único “termómetro” do meio futebolístico. Termómetro, porque avalia o nível de cada equipa e das competições em geral, estabelecendo níveis hierárquicos em função das subjectivas avaliações dos seus profissionais. Único, porque quem contraria a versão dos factos por ela transmitida é marginalizado.
Assim, um jogo em que o FCP fez uma exibição pouco atraente e pouco interessante, em que a vitória acontece com erros de arbitragem, é retratada como uma vitória do pragmatismo, do querer, da cultura de vitória que existe no clube. Se acontecer algo idêntico ao Benfica, mesmo com menos erros de arbitragem, a vitória será retratada como polémica, com erros de arbitragem a condicionar o resultado e uma pálida exibição da equipa que veste de encarnado.
O adepto nunca fica imune aos que se diz nos jornais, ao que se fala nas rádios e ao que se mostra na TV. Nunca uma equipa teve tanto poder como o actual FCP, fruto da estratégia errada da actual Direcção do Benfica que se limita a endividar o clube e SAD. Porque no final, ganha (quase) sempre o clube do Regime!
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