Portugal, 3 de Maio de 2012
Indubitavelmente o aumento do sucesso futebolístico do FCP está associado à transferência da organização dos campeonatos para a Liga de Clubes, e a concentração dos interesses em torno da arbitragem, num único clube beneficiário: o FCP.
A arbitragem é a explicação para o sucesso do FCP e insucesso do Benfica (e SCP também), embora uma larga maioria de adeptos discorde sem perceber que em nenhum clube do mundo há um treinador que seja perfeito e não cometa erros. E sem perceber que falar de treinadores e jogadores no Benfica é uma boa estratégia da comunicação social para não se falar dos erros de arbitragem que valem pontos. Critério diferente quando acontecem a FCP e SCP.
Erros de árbitros sempre existiram e irão existir. Não é destes erros associados à limitação humana ou contingência dos lances, que estou a falar. Estamos a falar dos erros direccionados de acordo com uma lógica. Uma lógica de poder: favorecer quem manda, prejudicar quem pode disputar o sucesso de quem manda. Favorecer o FCP. Prejudicar o Benfica. E isto pode ser feito de muitas maneiras, no próprio jogo, e em muitos patamares distintos, envolvendo interesses de outras equipas.
Alguém se lembra da última vez que o FCP sofreu um golo em fora de jogo? Alguém se lembra da última vez que um jogador do FCP fez 2 faltas e foi expulso com 2 cartões amarelos? Alguém se lembra da última vez que o Benfica marcou 1 golo em fora de jogo de metro ao FCP? E no Benfica ?
O controlo da arbitragem foi um objectivo de sempre da estratégia de Pinto da Costa e José Maria Pedroto. Consta-se que Pedroto esteve para assinar pelo SCP de João Rocha e foi travado por uma exigência de última hora: exigiu dinheiro para comprar árbitros. Na altura o presidente do FCP não alinhava com Pedroto e Pinto da Costa estava “exilado” em Guimarães como Director Desportivo...
Passando à frente deste período que levou o FCP ao controlo da organização das provas, a Liga de Clubes, a prova que eles levam isto a sério foi quando Manuel Damásio, como presidente (figura decorativa) da Liga de Clubes, introduziu o sorteio dos árbitros para terminar com as suspeitas. Ora que fez de imediato Guilherme Aguiar, como Director Executivo da Liga? Um regulamento de sorteio que acabou por matar o sorteio ao fim de 2 ou 3 épocas, já que as regras eram tantas e restritivas, que em muitos jogos acabava por existir apenas 1 árbitro para ser sorteado. E voltou-se às nomeações. Tinham ganho outra vez...
Mas não foi só isto. Tudo isto (sorteio ou nomeações) era tão bem feito que Paulo Paraty arbitrou os 4 últimos jogos que o Chaves fez com o Benfica em sua casa: 2 por sorteio e 2 por nomeação! (e lembro-me bem como vencemos lá 1-0 em 1995 terminando o jogo com 9). Já na Luz pelo menos os últimos 2 jogos foram arbitrados por João Mesquita, curiosamente também árbitro da AF Porto!
Nada disto acontecia por acaso assim como quando Laureano Gonçalves se demitiu da presidência da Comissão de Arbitragem, as gentes da AF Porto ficaram em relativo alvoroço, como deram conta no JN. Diziam eles que “não queriam perder o que tinha dado tanto trabalho a alcançar”.
Assim enquanto as gentes de Lisboa se afundavam na teoria dos “erros próprios”, mudando de treinadores, de jogadores e até de Presidentes, as gentes do Porto burilavam o seu sistema de controlo da arbitragem até roçar um nível de perfeição. Como na actualidade!
Hoje o FCP controla por via directa ou indirecta, todo o aparelho que começa no presidente da Comissão de Arbitragem, os seus 2 vogais, o gabinete de apoio técnico, os observadores dos árbitros. O controlo é quase TOTAL...
Este controlo permite que se criem circuitos de procedimentos entre todos estes “agentes”, de modo a que as leis de jogo sejam “re-interpretadas” conforme os interesses a proteger. Assim surgem as regras do “manual de arbitragem” que tanto tenho referido, que não sendo um documento escrito e de distribuição (não deixar provas é uma táctica defensiva), mas que vemos em praticamente todos os jogos e que se baseiam na dualidade de critérios...
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