1993/1994: o último título de uma era de Benfica. Uma altura em que combatíamos o sistema com a nossa qualidade e vitórias em campo.
Desde 1980 até essa época os títulos foram praticamente divididos entre Benfica e os corruptos.
A luta pelo domínio do futebol português estava no auge. Fora de campo, os corruptos através do já felizmente enterrado Adriano Pinto manipulavam os seus árbitros. Todos? Não. Mas dominavam as nomeações e isso reflectia-se em muitos jogos.
Dentro de campo muitas vezes isso não chegava. Com um departamento de futebol lutador, que cometia erros como todos cometem, mas que na defesa do plantel do Benfica fazia tudo o que estava ao seu alcance.
No plantel, tínhamos uma equipa recheada de ases de trunfo.
Mozer, Veloso, João Pinto, Kulkov, Rui Costa, Schwarz, Paneira, Rui Águas, Yuran, Isaías ou Ailton.
Na equipa técnica, Toni e Jesualdo eram os cérebros, complementados por Jorge Castelo, Manuel Bento ou o fisioterapeuta António Gaspar.
A época fica marcada pelo jogo épico dos 3-6 em Alvalade. Um hino ao futebol, como diria Gabriel Alves.
Mas o fim da época trazia uma revolução no futebol. Em Janeiro de 1994, fruto da situação financeira delicada em que se encontrava o Benfica, Manuel Damásio era eleito presidente do Benfica.
Jorge de Brito chegava ao fim no seu caminho como dirigente do Benfica. Talvez tenha sido o último grande benfiquista a estar ao leme do clube.
Revolução essa que acaba com um plantel vencedor e começa a era dos camiões de jogadores sem qualquer valor para o Benfica, mas com enorme valor para empresários e intermediários. Revolução essa que coloca no leme do futebol alguém que se revelou um ponta de lança corrupto.
E a partir daí os benfiquistas ficaram orfãos.
Orfãos de bom futebol, de liderança, orfãos de benfiquismo. Começava a travessia no deserto.
A vitória num campeonato só voltaria em 2004/2005. Sofrida, merecida mas sem o brilhantismo de outrora. Mas o que interessava era voltar a trilhar o caminho do sucesso.
Caminho esse que não teve continuação. Até entrar JJ como treinador.
Muitos benfiquistas nunca tinham visto um Benfica tão lutador, dominador e personalizado. Goleadas, notas artísticas e exibições de um futebol por vezes fantástico. Daí que quando na fase vital da época o Benfica não teve 'canetas' para tudo, os benfiquistas não estranharam. O que interessava era ser campeão.
E fomos. Com uma festa incrível e merecida.
No entanto, chegados ao fim da 3ª época de JJ no Benfica, é claro o sentimento de orfandade nos adeptos do Benfica.
Receberam um tutor como há muito não tinham. Os benfiquistas estavam orfãos de bom futebol e de um grande Benfica.
Ele deu-lhes algo em que acreditar, mas falhou na concretização dessas expectativas.
Duas épocas recheadas de falhanços nas alturas chave deixaram a descoberto a incapacidade(ou falta de vontade) de JJ em evoluir, em crescer como treinador de um clube de topo.
Muitos dos adeptos que tanto acreditavam em JJ pensam agora: o que fazer sem JJ?
Será que sem ele poderão novamente ter aquela ilusão da invencibilidade, aquele sentimento de alegria por ver futebol espectáculo e vitórias?
Quem poderá suceder a JJ? Quem poderá tirar proveito das qualidades inquestionáveis do plantel do Glorioso? Ninguém parece estar à altura de tal tarefa.
Também como os outros, saindo JJ, fico a sentir-me como um orfão. Pois não nego que JJ devolveu em 2009/2010 um sentimento de vitórias que há muito não sentia no Benfica.
É uma questão delicada. A minha opinião é por demais conhecida de todos os que acompanham o NGB.
Jorge Jesus, da forma como se comportou nas últimas 2 épocas, não tem mais lugar no Benfica.
Um JJ sem a bazófia, sem a arrogância, com humildade e vontade de emendar os seus erros poderia continuar. Este JJ que ainda no final do jogo de sábado voltou a vangloriar-se individualmente por uma opção(Saviola), já deu o que tinha a dar.
Nota: Os cobardes que insultaram os jogadores do Benfica na Luz deviam ter vergonha de voltarem a tirar os lenços da cara. Mas se calhar nem eram benfiquistas.
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