Portugal, 9 de Abril de 2012
Começo por referir que apesar do título poder ser sugestivo, este texto não versa sobre o próximo jogo com o SCP, mas sim sobre o jogo da 2ª mão dos quartos de final com o Chelsea, que perdemos por 2-1.
Antes do jogo e perante um enorme conjunto de contrariedades, que incluíram a indisponibilidade dos defesas centrais, com implicações também na constituição do meio campo, escrevi um texto que apelava aos jogadores que tivessem “personalidade de equipa, rigor na interpretação do esquema de jogo e total entrega até à última gota de suor”. O que verificamos na exibição da nossa equipa foi que para além disso tudo, os jogadores acrescentaram paixão e talento, resultando uma exibição de grande qualidade.
Como atestam as estatísticas: fomos, a equipa que mais remates fez à baliza adversária (20), à frente de Real Madrid (19) e Barcelona (17). Se considerarmos os remates enquadrados com a baliza, continuamos os melhores, a par de Real Madrid e Barcelona todos com 8 remates. Bayern com 7, APOEL e Chelsea com 4, Marselha 3 e Milão com... 1. Na posse de bola repetimos os 50% da 1ª mão, à frente de Milan (40%) e APOEL (36%). No Bayern - Marselha também houve 50% para cada lado. Se considerarmos que estes dados foram obtidos jogando com 10 jogadores durante 50 mn, mais relevantes se tornam.
Por último nas faltas efectuadas, fizemos 11, mais que Real Madrid (10), Barcelona (9), Bayern (8) e Marselha (10). O Chelsea fez 17...
A generalidade da comunicação social foi unânime no reconhecimento da qualidade da exibição benfiquista, a somar a uma má arbitragem onde prevaleceu o princípio “na dúvida favorecem-se os mais fortes” (tal como havia acontecido na 1ª mão), dando a ideia que tal como cá, as regras na UEFA regem-se por bitola extra futebol, como por exemplo o poder económico ou importância mediática. Por cá prevalecem os interesses do FCP como se sabe.
Fomos eliminados mas foi-nos atribuída mais uma vitória “moral”, que vem de encontro a boa parte da nossa história recente: jogamos bem mas isso não chega para atingir os objectivos. Falta-nos sempre qualquer coisa. Ou é um erro individual ou quando não vislumbramos esta hipótese, dizemos que tivemos azar.
Penso que voltou a estar bem presente o que referi após o jogo da 1ª mão: ao Benfica sobra em generosidade e lealdade ao jogo, o que falta em malícia e anti-jogo. Mais uma vez o Benfica dominou o jogo com a excelência do futebol dos seus jogadores, de onde resultou (1) o encaixar do adversário atrás da linha da bola, (2) de onde resultou maior aglomeração de jogadores no nosso percurso atacante, restringindo as linhas de passe, (3) o que implica pensar o jogo mais rápido e executá-lo com mais velocidade.
Ora estes aspectos são, normalmente, inimigos da eficácia, pois o jogo nem sempre pode ser pensado rapidamente e executado tal como foi pensado. O que quer dizer que o Benfica domina o jogo mas sem conseguir tirar partido desse domínio, dessa excelência de futebol praticado. E como prova, o nosso golo foi marcado de bola parada e não de bola corrida.
Penso que deveríamos trabalhar mais as opções de jogo que permitissem embalar mais o adversário, obrigá-lo a correr mais para a nossa zona de meio campo de modo a podermos depois explorar o espaço nas costas dos seus jogadores mais avançados.
Não é fácil criticar modelos de jogo e com isto não quero beliscar a enorme exibição de carácter, de talento, de paixão, de entrega, que os nossos jogadores e equipa técnica conseguiram produzir em condições tão adversas. É algo que nos deve encher de orgulho, mas não nos pode desviar da realidade fria dos resultados desfavoráveis.
Embora esta época, ao contrário da anterior, a nível da Champions possamos dizer que o balanço foi muito bom. Recorde de receita arrecadada (quase 20 milhões), 6 vitorias e apenas 3 derrotas em 14 jogos, 3ª melhor equipa da prova até aos quartos de final. Não foi mau de todo mas se corrigirmos certos pormenores, quem sabe conseguimos aquilo que ambicionamos: voltar a uma final da Champions?
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