Portugal, 10 de Abril de 2012
Depois de 6 vitórias consecutivas sobre o SCP (4 para a Liga e 2 para a Taça da Liga), o Benfica perdeu um jogo com um penalty (dos que não se assinalam a nosso favor), e como é hábito no nosso clube a derrota foi mal assimilada. E mal interpretada.
Não deve haver muitos clubes no mundo em que cada derrota ou resultado inadequado, seja tão esmiuçada pelos adeptos ou comentadores no plano técnico - teórico, com a sofreguidão de quem tem solução para o evitar: para ganhar sempre ou conseguir resultados satisfatórios.
Vemos os milionários do Real Madrid treinado pelo alegado melhor treinador do mundo, perderem pontos contra equipas de orçamento 2 e 3 vezes inferior, e não percebemos que de facto é possível isso acontecer em países em que a bola é redonda e rebola de igual modo para todas as equipas. Aqui como se sabe (alguns teimam em não querer dar importância) a bola rebola mais depressa para um lado do campo, do que para o outro. Logo é mais fácil viciar o jogo.
Consultando as classificações de outros países, mais ou menos importantes que o nosso, vemos como equipas de grandes orçamentos perdem pontos com outras de menores orçamentos, e continuamos a não perceber que empatar ou perder faz parte da inevitabilidade do futebol e não há que explicar isso com razões que apelem ao perfeccionismo ou ao erro zero. Porque a perfeição depois do jogo acabado, é irrelevante. Se corrigirmos aquilo que nos pareceu ter sido mal pensado pelo treinador ou mal executado por alguns jogadores, e pudéssemos recomeçar o desafio, só por inconsciência se pode pensar que dessa forma corrigida poderíamos ganhar o jogo. Errado, não há dois jogos iguais...
O que me custa a entender, ano após ano, é continuar a ver tanta gente falar de futebol sem considerar o trabalho da equipa de arbitragem, mesmo após tantos escândalos que são conhecidos, desde o tempo dos “quinhentinhos”, à “fruta” e “café com leite”, envolvendo sempre protagonistas de um clube que por acaso é o que mais campeonatos ganha desde há 20 anos para cá!
Como é que pode escapar ao extraordinário sentido crítico dos adeptos ou analistas desportivos afectos ao Benfica, esta simples pergunta: porque cargas de água a arbitragem é importante para o FCP, ao ponto de comprarem decisões dos árbitros através de intermediários, e para nós no Benfica não é?
Saber responder a esta questão e implicações carreadas para a estrutura orgânica que organiza as provas (Liga primeiro, e FPF no momento), permite perceber porque razão o futebol do Benfica perdeu a hegemonia nacional e vai continuar em plano subalterno se não se mudarem as mentalidades dominantes na gestão futebolística, ainda e sempre feita na base da lógica do cheque.
O Benfica perdeu com o SCP, com um penalty que não se assinala a favor do Benfica, como já antes tinha perdido com o FCP com um golo em fora de jogo claríssimo e com o Guimarães, com um golo resultante de falta inexistente. Três situações que nunca acontecem ao FCP como se sabe.
O ênfase que a comunicação social está a dar à superioridade do SCP, só se compreende pela também habitual forma de proceder desta gente, hoje ligada ao “sistema”, hoje de uma forma ou outra ligada à Olivedesportos. Falando da superioridade do SCP não tem que ponderar os erros de arbitragem, todos na mesma direcção, nem a posse de bola de 63% que o Benfica teve, e como se percebeu, com pouca utilidade. Compare-se os critérios desta mesma gente quando o Benfica de Quique ganhou ao Braga de Jesus. Bem diferentes e opostos aos de agora, em especial no relevo dado aos erros do árbitro.
Ora perante esta conjugação de acções “comunicação social + arbitragem”, o que fazem os adeptos e analistas afectos ao Benfica? Reagem “à Benfica”: procuram os responsáveis da aleatoriedade dos resultados desportivos, dentro do grupo de trabalho. Contribuindo assim para minar a já de si abalada confiança de um grupo que desde o inicio da época tem aguentado agressões, injustiças, ingratidões, e sempre correndo e transpirando em nome do Benfica, dos nossos interesses e da nossa história.
Há anos que isto dá mau resultado, como comprovam as estatísticas, mas os nossos adeptos e analistas gostam de ser “originais”, repetindo a “receita” ano após ano.
(cont.)
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