Friday, February 24, 2012
Eu assisti à final de 25 de maio de 1988 com o PSV no recentemente demolido Cinema Europa, no melhor bairro do mundo, Campo de Ourique, em Lisboa.
Tinha assistido à gravação de um programa de televisão chamado ‘Par ou Ímpar’, apresentado pelo benfiquista Fialho Gouveia.
E qual não foi a surpresa quando ao início da tarde e das gravações, o Fialho Gouveia anuncia que iriam transmitir em écran gigante o jogo e que todos o poderíamos acompanhar. A excitação foi enorme. Um mini-estádio para acompanhar a final da Taça dos Campeões em que o Benfica estava presente!
Assistir às gravações de um programa de televisão naquela altura era um acontecimento. Só com cunhas ou conhecimentos se podiam arranjar entradas para as gravações. E por vezes entrava-se perto das 15h, e as gravações duravam até à 01h, 02h da madrugada. Mas o tempo passava num instante. E os apresentadores e os convidados ajudavam a que mesmo nos intervalos das gravações o público estivesse entretido. Carlos Cruz, Carlos Miguel, Carlos Cunha, Herman José, Fialho Gouveia, Raúl Solnado e tantos outros cantavam, contavam anedotas, brincavam com o público tornando quase 10h de gravações num quase convívio entre amigos.
Mas aquela tarde custava a passar. O relógio não andava. E o frio na barriga cada vez era maior. Ora bolas!! Era a primeira Final da Taça dos Campeões com o Benfica que eu assistia. A da Taça UEFA de 1983 não foi a mesma coisa. Afinal esta era o topo da competição!
Finalmente chegava a hora. O Cinema Europa estava quase cheio. Poucas pessoas não ficaram para ver o jogo em écran gigante. E de repente, lá vinham eles. Os jogadores do Benfica. Era uma excelente equipa. A perda do Diamantino era grande, mas tinha muita esperança nas explosões do Pacheco, na arte do Elzo, na solidez defensiva e no ataque de luxo com Mats Magnusson e Rui Águas.
Mas do outro lado estava uma equipa fortíssima. 6 ou 7 eram titulares da selecção holandesa que seria campeã da Europa semanas depois, incluindo o Koeman que mais tarde nos fez sonhar na Europa. E tinha um jogador que gostava imenso de ver jogar: o Lerby.
O jogo foi duro, renhido, e mesmo as botas que saltavam dos pés do Pacheco nunca me deixaram desanimar. A Taça seria nossa. Mas o tempo foi passando. Até que chegamos aos penalties. E aí, tudo correu bem. Até os defesas Mozer e Dito marcaram. Até chegar o Veloso. Confesso que sempre o achei um jogador competente, concentrado e focado, um líder.
Vi os olhos dele ao caminhar para a baliza. E depois vi o ar do Van Breukelen. O Veloso tinha um olhar, não temeroso, mas de quem sabia que aquilo não era a sua especialidade. E de pouca convicção de que poderia marcar. Por outro lado, o Van Breukelen tinha um ar de adrenalina, de motivação, tipo ‘eu consigo defender’...infelizmente, confirmou-se. Veloso chutou e perdemos essa final. A frustração foi enorme. Ao sair para a rua, eram dezenas as caras de desilusão nessa noite.
E no dia a seguir, na escola, foi só distribuir canelada no futebol e maus fígados para toda a gente. E nem me falassem no Veloso. Nesse ano, o PSV venceu o campeonato holandês, a taça da Holanda e a Taça dos Campeões, culminado pela vitória da selecção laranja no Europeu de 1988.
Passaram quase 24 anos, e ainda me dá azia falar nesse jogo.
A minha memória de Benfica faz-se por episódios gloriosos como este. O Benfica, mesmo com uma diferença abissal no orçamento, ombreava de igual para igual com os melhores. Sim, o Benfica estava entre os melhores. Era um deles.
Temos amanhã um jogo que estou convencido vai marcar pela positiva o resto da época.
Sonho em voltar a ver o Benfica numa final dos Campeões. Tenho muita confiança que vamos vencer a Liga e a Taça da Liga.
Mesmo discordando do nosso pastilhas, o JJ, deposito nele e nos jogadores uma fé enorme de que me vão fazer engolir as minhas críticas e dar-me grandes alegrias ainda esta temporada.
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