O próximo presidente da LPFP deu o mote: «Temos de diminuir o fosso entre os grandes e os outros.» Resta apenas saber se se nivelará o futebol português por cima... ou por baixo.
Com a negociação colectiva como veículo, eleitorado e eleitos defendem as inúmeras vantagens, desde a LPFP poder vir a contar com uma importante fonte de receitas, aos clubes e SADs que à porta da falência verão adiada a sua dissolução, à Olivedesportos - que tendo obviamente de ser ouvida porque todos os clubes têm compromissos contratuais - retirará da mesma natural vantagem negocial.
Olhando de relance para o futebol português, os feitos além fronteiras mais recentes, sobretudo do FCPorto, mas também de SCBraga e Benfica, advieram não de medidas estruturais que a LPFP ou outros organismos tenham introduzido, mas única e exclusivamente da capacidade dos clubes.
E, sem vermos reconhecidos méritos estruturais no Futebol português, quando a Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS) coloca o campeonato nacional na quarta posição, é bom que os organismos não batam no peito e sorriam para a fotografia, na medida que não é certamente com base nos estádios vazios e noutras métricas semelhantes que a IFFHS se baseia, mas sim predominantemente na visibilidade internacional que alguns clubes (e seus intérpretes) - a custo - conseguem vir emprestando ao futebol nacional, onde méritos nos sejam reconhecidos, estamos habituados a fazer de gato sapato.
Numa altura em que as Comissões do Relvas pretendem hipotecar uma importante fonte de receitas como constitui a valorização de jogadores estrangeiros, a negociação colectiva dos direitos televisivos poderá vir a alienar outra, subtraindo muito aos grandes – em particular ao Benfica – para dar pouco aos pequenos.
Assumindo que as duas medidas entram em cena, e baseando-nos em que já hoje é difícil competir com equipas inglesas ou espanholas (sobretudo estas) que, pese embora duas realidades distintas, ambas recebem fortunas, é previsível que a maior competitividade interna se ganhe à custa de menos voos internacionais dos nossos designados «grandes».
Tomando a realidade holandesa na qual Frank Rutten - director executivo da Liga holandesa - obviamente defende o formato do campeonato holandês que diz ter aumentado o número de espectadores e ter feito crescer as receitas no futebol daquele país, por outro vemos o director comercial do Ajax Henri van der Aat reclamar dos 4 Milhões/Época impostos ao maior clube holandês que, por sinal, até conta com o reconhecimento mundial a respeito das suas camadas jovens mas, internacionalmente, vem voando baixinho.
Numa semana em que se ouviu falar sem rodeios dos actuais lóbis que agrilhoam o futebol português, é bom indagar se o súbito iluminismo que chega em todas as frentes tem a ver com proactividade, ou se resume à habitual perpetuação de poderes, capaz de reforçar os vértices do losango Controlinveste-PT-ZON-BES.
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