A Liga dos Pequeninos

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الثلاثاء، 17 يناير 2012

A Liga dos Pequeninos


Mário Figueiredo (MF) ganhou as eleições para a LPFP porque prometeu aos clubes pequenos e médios (PMC), mais lugares e mais dinheiro, garantindo que esta é a via para aumentar a competitividade dos clubes de futebol em Portugal, beneficiando do anátema que António Oliveira, implicitamente, lançou sobre António Laranjo - suposto candidato da Olivedesportos e dos “grandes”. Ganhou por seis votos, restando cerca de dois anos e meio para o termo do mandato, o que significa, que a maioria atual pode não se verificar na votação dos temas a tratar ainda no atual mandato.

MF tem um currículo académico sólido; é licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e tem um MBA, não sei em quê. Apresenta uma larga “tarimba” profissional na área do Direito Desportivo - cerca de dez anos -, quer enquanto sócio da “famigerada” Sociedade de Advogados de Gil Moreira dos Santos, Caldeira, Cernades & Associados quer trabalhando com vários clubes, tendo representado o Marítimo em inúmeras comissões da Liga, sendo ainda genro de Carlos Pereira, Presidente do Marítimo. Portanto, conhecerá bem a Regulamentação Desportiva, tal como os bastidores desta e do futebol em geral.

Quanto a mim, o cargo exige competências algo diferentes das habitualmente atribuídas a um jurista; visão, iniciativa, persuasão e coesão. Qualidades mais frequentes em quem lida de perto com o mundo empresarial. Por outro lado, não confio em ninguém que trabalhe ou tenha trabalhado naquela Sociedade de Advogados. Não preciso de explicar porquê, pois não?

Os vetores principais do seu projeto, consistem no propósito de aumentar a competitividade das ligas de futebol aumentando as receitas globais e redistribuindo-as de forma a duplicar as receitas dos PMC. Para isso, propõe o aumento do número de jogos na primeira Liga - 32 para 34 -, a retoma dos patrocínios das empresas de apostas propondo a regulamentação dos jogos de azar conforme o modelo francês (não sei o que é), e a centralização da venda dos direitos desportivos acreditando que entrarão novos “players” que aumentarão a receita global dos direitos, tal como em Inglaterra onde o aumento verificado parece ter sido de 60% após a entrada de um novo player.

Não acredito no modelo do alargamento, tal como José Manuel Delgado (JMD) e Manuel Martins de Sá (MMS). O CM de hoje, noticia na pág. 32 que o jogo da 1ª jornada Feirense-Nacional teve 731 espetadores! O Paços de Ferreira tem uma média de 712 espetadores! (O nosso clube lidera com 329047 espetadores).

O caminho a seguir é precisamente o inverso; reduzir o número de clubes da 1ª Liga aos que tenham condições de sustentabilidade, 10 ou 12 introduzindo o play-off com os seis primeiros classificados da primeira fase - solução preconizada por JMD. A receita de cada um será substancialmente maior, reflectindo-se na qualidade dos planteis e no futebol ofensivo, com maior espetáculo, mais incerteza, mais público, mais audiências e maior competitividade externa geral.

Por outro lado, a debilidade financeira da maioria dos clubes está no centro da suspeição de corrupção, pela dependência que revelam no trânsito de atletas com os ditos grandes, traduzindo-se, em última análise, num financiamento efetivo. Não deveria ser permitida a cedência de atletas a clubes do mesmo escalão do mesmo país. Bem sabemos o que costuma acontecer nalgumas situações. No entanto, esta é matéria que parece não preocupar MF! E isso, é muito mau sinal.

Quanto à centralização da comercialização dos Direitos, aceito que pode funcionar - está em vigor em França e Itália após intervenção do Governo e tem muitos defensores - se, apenas se, aparecerem novos interessados e NENHUM DELES TIVER TRATAMENTO PREFERENCIAL! O que parece não ter acontecido até aqui. (Em Espanha continuam a ser negociados individualmente).

Neste cenário, é óbvio que o investidor perde capacidade negocial face à negociação individual. A eficácia do processo dependerá do equilíbrio da repartição, a qual deverá ser feita de forma a não retirar competitividade aos grandes, aumentando a dos PMC. Ora, a única forma de o fazer é reduzindo o nº de clubes! E é por isto que o projeto de MF está condenado ao fracasso. E aqui está uma diferença essencial entre um empresário e um jurista.

Convém ainda lembrar que, se se pode aumentar a receita centralizando a negociação, também se pode aumentá-la dividindo-a em fatias. É este um dos métodos mais eficientes de maximizar as receitas. Portanto, defendo um método misto, faltando definir o modo de fatiamento.

Outro importantíssimo tema, tem a ver com as quotas de jogadores Portugueses nas equipas nacionais. MF, defende a não limitação dos estrangeiros e o incentivo aos jovens atletas nacionais, apostando na formação, nas infraestruturas e na redução do salário mínimo para atletas com menos de 21 anos.

Volta e meia, aparecem “uns maduros” a, implicitamente, censurar os clubes portugueses por terem poucos atletas nacionais! Como se os seus dirigentes fossem culpados! Nenhum grande clube Português consegue manter na sua equipa um bom atleta profissional Português, pela simples razão de que não podem competir financeiramente com clubes estrangeiros com orçamentos da ordem dos 400/500 ME, quando o deles é de 60/80 ME! A Lei Bosman é da responsabilidade dos políticos e não dos dirigentes desportivos! Por outro lado, bem sabemos que “o Patriotismo” e “clubismo” de tais atletas não os impede de largar tudo por melhor salário - salvo exceções . Já lá vai o tempo em que não queriam ser mercadoria! Agora, é uma questão de verba.

Portanto; mais atletas nacionais nas equipas nacionais, sim, mas com garantias para os clubes que financiaram a sua formação. Infelizmente, o dirigismo desportivo em geral, não está socialmente bem visto mercê de uns “artistas” que têm andado por aí a fazer “asneiras”. No entanto, são eles os grandes motores do futebol que temos. O dirigismo desportivo honrado é uma das áreas de gestão mais difíceis que há. No meio do “lixo” há muita virtude; coragem, imaginação, amor, gratidão e generosidade. É forçoso reconhecê-lo.

Posto isto: a minha convicção é de que, independentemente de quem estiver nos órgãos desportivos, o futebol nacional só se emancipará quando a Olivedesportos sair de cena, condição esta necessária, mas não suficiente.

Um abraço a todos

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