A decadência do futebol

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الخميس، 5 يناير 2012

A decadência do futebol

Feliz Ano de 2012 a todos.

Quando, no primeiro dia deste ano, me dirigi à banca de jornais habitual, da “minha” livraria, e me deparei com o Jornal de Notícias que o livreiro me queria impingir, por falta dos que, habitualmente, leio, “fiquei possesso” e dei-lhe uma valente “descompostura”.

Não é que, logo na primeira página e em grande plano, vinha uma fotografia de Pinto da Costa com as “suas” taças, que, segundo a UEFA, fizeram dele o Dirigente Desportivo com mais títulos na Europa? Não é que não reconheça aos Portistas o direito de comemorar, mas, por favor, o meu livreiro meter-me neste filme, não!

Lembrei-me de imediato de uma das minhas recentes leituras “Máfia no Futebol” de Declan Hill - já referenciado e recomendado pelo nosso “colega” Pedro Ferreira”, bem como de notícias recentes veiculadas na imprensa escrita acerca de alegados casos atuais de corrupção.

Vejam só; o CM de 20.12.2011, pág. 34, noticia que, em Itália, Cristiano Doni, ex-capitão do Atalanta - sete vezes internacional pela Itália -, e mais dezasseis pessoas, tinham sido detidas no dia anterior, no âmbito de uma investigação sobre apostas ilegais e viciação de resultados de jogos de futebol e que, em Junho já tinham sido detidas outras dezasseis pessoas, tendo Doni sido suspenso pela federação por três anos e meio e o Atalanta sido penalizado com seis pontos.

Foram ainda detidos Luigi Sartor e Alessandro Zamperini (ex-jogadores) Carlo Gervasoni (Piacenza) e Filippo Carobio (Spezia), os quais, seriam os contactos em Itália de uma rede que operava em Singapura, liderada por Eng Tan Seet. As acusações variam entre associação criminosa e fraude desportiva. Disse o procurador de Cremona, Roberto Di Martino que “isto não é o fim, mas o ponto de partida para limpar o futebol”, frisando que, a rede estendia-se à Croácia, Alemanha, Hungria, Turquia, Argentina e Bolívia. Um dos suspeitos, admitiu que, estas operações se desenrolam há dez anos.

Por outro lado, o primeiro caderno do Expresso de 30 de Dezembro de 2011, pág. 32, noticia o seguinte, cito: “Apostas ilegais: Enquanto era Doni (antigo ícone da Atalanta) o envolvido, a Itália varria o assunto para debaixo do tapete. Mas houve quem vasculhasse e descobrisse que Gianluigi Buffon (Juventus), Gatuso (AC Milan) e Cannavaro (bola de ouro e já retirado) também estavam metidos no barulho. O nome desses três heróis do Mundial de 2006 aparece nas escutas em que Santoni, ex-jogador, diz o seguinte: “O Buffon joga entre 100 mil e 200 mil euros por mês. O Gatuso e o Cannavaro Também estão “doentes”.

Também na fase de grupos da Liga dos Campeões em curso veio a lume uma polémica com os jogos Ajax-Real Madrid e Lyon com (não sei quem), onde, alegadamente, parece terem havido coincidências a mais. O certo é que, a UEFA, decidiu-se pela não investigação, quando todos esperávamos o contrário.

Declan Hill é doutorado em Sociologia pela universidade de Oxford, dedicou três anos a investigar a corrupção no desporto, arriscando a vida, sendo hoje um dos maiores especialistas na matéria. Seguiu as pistas da corrupção e descobriu a sua origem na China. Identificou os mandantes, a rede e sua extensão, os processos utilizados e a resposta das autoridades desportivas (FIFA). Destruído o futebol Chinês em consequência do arranjo de jogos, a rede estendeu-se para a Europa, alegadamente, contaminando até algumas finais de torneios Mundiais da modalidade.

Identificou várias formas de “combinar” resultados: desde ameaças de agressão e homicídio dos atletas e seus familiares ao aliciamento financeiro dos mesmos, passando por chantagem dos árbitros após armadilhas ardilosas, até às irregularidades da iluminação dos campos durante os jogos.

Um dos processos, consiste no recrutamento de um ex-atleta de grande prestígio da equipa a corromper, o qual, habitualmente, tendo acesso livre ao respetivo balneário, angaria alguns jogadores nucleares para fazerem o “trabalho” sem o grande público notar.

O dos árbitros, mais corrente, consiste em convidá-los antes dos jogos para jantar copioso, a que se segue uma visita às capelinhas nocturnas onde, gradualmente, o conseguem embriagar até ficar em “ponto de rebuçado”, altura em que, uma “matolona boasuda” o seduz, ficando a partir daí nas mãos do corruptor que a seguir o “convence a fazer o “trabalhinho”.

Percebemos assim, a importância de alguns dirigentes desportivos fornecerem atletas a equipas adversárias, bem como a relevância de alguns deles controlarem a exploração de bares nocturnos e restaurantes, alegadamente frequentados por árbitros..

A respeito da FIFA e de João Havelange, diz Declan Hill, cito, pág. 269: “…que Havelange tinha ligação com os serviços secretos Brasileiros, responsáveis por muitos dos abusos dos Direitos Humanos cometidos pela ditadura militar dos anos 60. Segundo um artigo da edição Brasileira da Playboy, ele tinha ajudado a exportar armamento para o regime militar da Bolívia, conhecido pelas suas violações dos Direitos Humanos. Mas, pior, ainda muito pior, foi a revelação ocorrida em 1994 por parte de um Procurador-Geral do Rio de Janeiro das ligações que Havelange mantinha com o líder de uma organização criminosa relacionada com o jogo ilegal, Castor de Andrade”, fim de citação.

Disse-lhe em entrevista Seep Blatter, após ter revelado estupefação pelas revelações que Hill lhe fizera do que sabia, que a FIFA tinha implementado “um sistema de aviso prematuro” a título preventivo, que trabalhara trinta anos para o futebol e que, a ser verdade, seria, para ele, muito doloroso.

Relata Hill a seguir, casos concretos de indícios claros de corrupção flagrante em competições Mundiais, nos quais os Técnicos da FIFA, avisados na hora do flagrante, alegadamente, não se empenharam como seria de esperar.

Então chego, finalmente, às conclusões que infiro de tudo isto:

A corrupção no futebol é um fenómeno profundamente e amplamente implantado, controlado por gente perigosíssima e impossível de combater com eficácia, quer pelas entidades desportivas quer pelas entidades judiciais;

A Fifa e a UEFA, secundados pelas federações nacionais, reconhecendo essa incapacidade, vão lançando ineficazes programas de combate à corrupção para mostrar ao grande público que estão empenhadas no seu combate, mas preferem, simultaneamente, varrê-la para debaixo do tapete na convicção que; não existe o que se ignora;

Os Governos, relativamente à grande corrupção, vão-se mantendo, covardemente, “ao largo” para não se “chamuscarem” politicamente, deixando a resolução desses problemas para a “tribo do futebol”, enquanto vão emitindo legislação pífia a que ninguém liga.

Os oportunistas de todas as áreas “colam-se” aos beneficiários, tirando eles próprios benefícios de vária ordem, incluindo promoção política e profissional.

Os grandes corruptos, conscientes da sua impunidade, continuam alegremente com as alegadas trafulhices que lhes garantem os títulos com que afagam os seus egos sociopatas e servem os interesses político-económicos dos frustrados políticos locais.

Os adeptos, vão-se afastando, desacreditando cada vez mais, até, finalmente, assistirem, indiferentes, à ruína de “indústria” do Pédibol Luso.

Finalmente, os grandes conquistadores de títulos, contemplarão embevecidos, perante os estádios vazios, os seus feitos, e recordarão arrebatadamente aos seus descendentes e correligionários, os tempos gloriosos dos grandes milagres da fruta, dos rebuçadinhos, dos quinhentinhos, do café com leite e do aconselhamento matrimonial, na gestão desportiva.

E todos seremos, finalmente, felizes, com o abençoado futebol de rua!

Um abraço a todos

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