Se existem alturas em que fico enojado com todo o lodo que mancha o futebol, com escândalos de corrupção do campeonato português até á FIFA o facto é que são jogos como o embate de hoje entre Benfica e Manchester que ainda justificam o epíteto de "beautiful game" acima de qualquer outra modalidade desportiva a nível mundial e que ainda me prendem a este jogo. Pode não ter sido dos melhores jogos a nível técnico, mas a nível táctico e principalmente em emoção foi daqueles jogos que manteve sentado na pontinha do sofá e a andar de um lado para o outro pela sala.
Na antecâmara para este jogo notava-se pelo discurso de Jorge Jesus e dos jogadores que toda a comitiva estava focada no objectivo de garantir a passagem á próxima fase da Liga dos Campeões antes da última jornada.
E a entrada do Benfica no jogo confirmou essa ambição sem basófia ao contrário do que costuma ser usual tanto em JJ como em vários membros da Direcção. A equipa que entrou em campo foi a esperada, com um meio campo fortalecido com Witsel e Javi Garcia e apenas um ponta-de-lança - surpreendentemente Rodrigo em detrimento de Cardozo.
O Benfica praticamente que começou o jogo a ganhar com um golo marcado logo aos 3 minutos no seguimento de uma jogada iniciada no meio-campo por Witsel e em que Gaitán foi o principal obreiro apesar do golo ter sido atribuído a Phil Jones.
O Manchester ficou atordoado por ver-se a perder desde tão cedo e o Benfica galvanizou-se discutindo taco a taco o jogo com os "red devils". Nani liderou a resposta do Manchester ao golo do Benfica, sendo dele o centro para Berbatov (em posição ilegal) marcar o golo do empate.
Foi uma primeira com períodos de domínio para ambos os clubes e em que o meio campo do Benfica demonstrou bastante competência começando pela cobertura defensiva providenciada por Javi Garcia ao papel crucial desempenhado por Witsel nas transições defesa-ataque, pela entrada fulgurante de Gaitán que esteve envolvido na grande maioria das jogadas de perigo do Benfica na primeira parte e pela liderança de Aimar de cada vez que o Manchester ameaçava agigantar-se como foi o caso quando no lance a seguir a Ashley Young fazer tremer todos os benfiquistas ao aparecer cara a cara com Artur, obrigar De Gea a uma defesa complicada após um grande passe de Gaitán.
A segunda parte começou com uma pressão asfixiante do Manchester a criar várias situações na área do Benfica com uns primeiros quinze minutos infernais em que a nossa equipa parecia totalmente encostada ás cordas... Artur segurava o barco como podia pois infelizmente o Capitão teve que o abandonar prematuramente por lesão que certamente o deixará excluído do derby.
Pouco depois, e logo a seguir a Míguel Vitor ter sido lançado aos tubarões o Manchester passou para a liderança do marcador. Um ponto a rever neste Benfica: se Luisão não consegue cumprir o seu papel (por limitações físicas ou desorientação pois é falível) parece que toda a estrutura defensiva da equipa abana. Motivo de preocupação para o jogo com o Sporting.
No entanto, logo no minuto a seguir o Benfica despertou muito por culpa do apoio incessante da falange de apoio que estava na bancada do Teatro dos Sonhos. No seguimento de um mau alívio defensivo Bruno César rematou á baliza para um mau alívio de Rio Ferdinand com a bola a sobrar para o inevitável Aimar dar uma machadada no espírito combativo dos ingleses. A seguir ao golo o Benfica conseguiu de novo controlar o rumo do jogo, fazer incursões no meio-campo do Manchester que deixavam os ingleses em sentido e com mais receio de sofrerem o terceiro golo do que propriamente em procurarem a vitória. Mesmo nas bancadas os adeptos do colosso inglês notaram que a maré não estava a favor do Manchester - o Benfica calou os adeptos do maior clube de Inglaterra e os 3000 que não se calaram o jogo todo fizeram-se ouvir acima dos 72000 ingleses. ARREPIANTE! Fico de peito inchado quando OS BENFIQUISTAS vão á pátria do futebol demonstrar e calam o adversário.
Durante o resto do jogo ainda houve alguns lances perigosos em ambas as áreas com Berbatov a falhar por pouco um lance de golo e Rodrigo mesmo no final do jogo quase a marcar. O jogo acabou pouco depois debaixo dos cânticos dos adeptos do Benfica que carregaram a equipa ás costas.
Destaque para as substituições operadas por Jesus, todas no momento certo e sabendo ler a corrente do jogo. A entrada de Matic reequilibrou um meio-campo que estava a entrar em ruptura face á pressão intensa do Manchester e ao sub-rendimento de Gaitán na segunda-parte. A entrada do sérvio foi importantíssima pois além de ter dado maior cobertura defensiva a uma defesa orfã de Luisão permitiu libertar Witsel para outras funções mais construtivas no jogo, permitindo que o Benfica segurasse melhor a bola e construísse de novo jogadas de perigo no meio-campo inglês.
Destaque também para Witsel que fez um jogo fenomenal! Impressionante a capacidade de multi-tasking do belga. Ajudou nas tarefas defensivas, além de servir de ligação entre a defesa e o ataque e ser várias vezes o primeiro jogador a começar a construir as jogadas. Acabou no lado direito como extremo após a saída de Aimar.
Aimar foi decisivo: apareceu no momento certo á hora certa, deu água pela barba ao meio-campo e defesa do Manchester e era sempre o primeiro a responder aos lances de perigo dos ingleses.
E se não fosse Artur obviamente que o Benfica não discutiria o resultado.
Termino a pedir a todos os benfiquistas: neste Sábado todos ao estádio!!! Não só agradecer aos jogadores mas criar o Inferno da Luz para carregar a nossa equipa até á vitória num jogo que pode ser decisivo para engatar o Benfica rumo ao campeonato!
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