Bem disposto, com um excelente sentido de humor, apaixonado pela filha, adora ler, jogar à bola com os amigos, ver filmes e séries, deitar-se tarde e acordar tarde (o que agora só pode fazer aos fins-de-semana para desespero da sua mãe), ligeiramente acima do peso (uns bons 40 quilos), abomina gente parva e falsa, e não tem paciência para ‘puxa-sacos’ nem mentirosos. O retrato do grande comunicador José Carlos Soares.
MG - O que estás a fazer actualmente em termos profissionais?
JCS - Sou colaborador do Correio da Manhã e faço comunicação noutro local...
Como iniciaste a tua vida profissional, e quais os momentos marcantes?
Comecei nas rádios locais, em Sesimbra, e depois fui convidado para a Rádio Comercial pelo Senhor Artur Agostinho. Depois foi o caminho normal.
Todos os momentos são marcantes quando temos a profissão que sempre desejamos ter e sentimos paixão pelo que fazemos. Fui feliz na Rádio Comercial, no Correio da Manhã Rádio e na TVI. Depois seguiram-se anos de muita dificuldade mas sempre dando o melhor de mim. Curiosamente esta minha experiência no Correio da Manhã está a dar-me grande prazer e fez renascer a paixão pela minha profissão, vamos ver o que me reserva o futuro.
Falaste no Enorme Artur Agostinho... Quais as figuras que te marcaram?
Sem sombra de dúvidas foram três: Artur Agostinho, Jorge Perestrelo e José Neves de Sousa, infelizmente nenhum deles se encontra entre nós.
Já vais com uns aninhos valentes nesta profissão… deves ter na memória muitos episódios engraçados...
Como deves imaginar em 25 anos de carreira foram muitos os momentos e episódios sendo que muitos não se podem contar, mas recordo uma vez na Austrália quando eu e alguns companheiros aproveitando um dia de folga fomos para a praia e quando demos por nós estavamos a nadar no meio de alguns tubarões... agora tem piada mas no momento não teve graça nenhuma.
Como foi participar no arranque da Benfica TV?
Senti muito orgulho por ter sido escolhido pelo Presidente Luís Filipe Vieira e pelo Rui Costa para ser o narrador do primeiro jogo transmitido pelo canal do meu clube. Fico grato por eles terem ‘lutado’ para que fosse eu o escolhido. Ter sido o primeiro narrador do canal é algo que ninguém, por muito que queira, me pode tirar.
Um momento extraordinário que guardo na memória, foi o relato do golo de Javi Garcia, aos 89’ frente à Naval 1º de Maio… Foi um jogo incrível...! Como foi viver aquele momento?
Emoção, apenas e só emoção, talvez um pouco a mais porque fui um pouco criticado por ter gritado tanto...
E entretanto saíste da Benfica TV...
Tive um convite para ir para Angola e como a minha ligação ao canal era precária e insuficiente para poder sobreviver tive que dar outro rumo à minha vida, até porque senti que quem, realmente, manda no canal nunca teve muito interesse em aproveitar a minha experiência já que eu sempre estive sub-aproveitado.
E em Angola, como se vive o Benfica em Angola?
É uma paixão, não só dos portugueses que lá vivem mas principalmente pelos angolanos que amam o clube de paixão.
Qual a tua opinião sobre a actual Benfica TV?
Não tenho o canal em casa pelo que não posso tecer grandes comentários sobre o que por lá se passa e apenas aos fins-de-semana dou uma ‘olhadela’ quando vou a casa dos meus pais, de qualquer das formas esperava que já estivessem noutro patamar de qualidade.
Gostarias de voltar?
Essa questão não deverá ser colocada a mim mas sim a quem, realmente, manda e actualmente quem, realmente, manda não vê em mim uma opção válida e com qualidade para o canal. De qualquer forma hoje em dia estou noutro projecto, muito aliciante, onde sou reconhecido e desejado.
Consideras-te um jornalista incómodo? Sentes-te de alguma forma marginalizado?
Não tenho nem nunca tive donos, sempre pensei pela minha cabeça e isso nos dias que correm é incómodo. Marginalizado? Talvez, mas nunca tiveram coragem de mo dizer na cara, provavelmente porque eu não tenho telhados de vidro. Mesmo quando estava na Benfica tv nunca fiz fretes nem jeitos a ninguém e curiosamente os únicos a quem eu reconhecia autoridade para me pedir alguma coisa, o Presidente Luís Filipe e o Rui Costa, nunca o fizeram. De resto a única vez que um deles me disse alguma coisa sobre o meu trabalho foi o Rui que antes da estreia com o Nápoles me disse “Zé se tiveres que ‘bater’ bate mas não o faças com muita força”, isto prova a nobreza e honestidade do Rui e do Luís e também o reconhecimento do meu profissionalismo e estatuto para poder criticar se fosse caso disso.
O que pensas sobre o estado do futebol português e do Benfica?
O futebol português será sempre pequenino enquanto continuar a ser gerido por certa gente. Enquanto prevalecer a ‘ordem vigente’ o futebol português continuará a ser uma mentira. Sobre o Benfica apenas direi que jogue bem ou mal, ganhe ou perca será sempre o clube do meu coração. Felizmente este ano está a jogar bem e a ganhar o que me deixa muito feliz.
E sobre os dez anos de Luís Filipe Vieira à frente dos destinos do Clube?
Sou suspeito para falar do Luís porque sou seu amigo e tenho a certeza que está a conduzir o Benfica ao rumo certo, apesar de alguns acidentes de percurso. Ele e o Rui Costa, que é o futuro do clube, deverão continuar a trabalhar lado a lado e a confiarem um no outro apesar das ‘minas e armadilhas’ que lhes são lançadas para os pés.
A comunicação social desportiva em Portugal é muitas vezes criticada, nomeadamente na blogosfera...
Na sua grande maioria é injustamente acusada de ‘compadrios’. A grande maioria é gente séria e competente que não deveria ser acusada por alguns ‘fanáticos’ que pensam que não existe vida para além do futebol e dos clubes. Existem efectivamente alguns ‘avençados’ mas esses estão ‘regionalmente’ concentrados e depois existem alguns ‘catedráticos’ que falam de futebol como se falassem de coisas realmente sérias e determinantes para as nossas vidas. Todos eles estão devidamente identificados mas continuam a ter muita ‘saída’ e mercado profissional, porque são ‘politicamente correctos’.
Costumas acompanhar a blogosfera benfiquista?
Infelizmente não tenho muito tempo disponível para acompanhar como queria mas parece-me que de uma forma geral se perde muito tempo a falar ‘dos outros’ em vez de se falar ‘dos nossos’.
Como te sentes ao ser considerado, por muitos, o melhor narrador de jogos da televisão portuguesa?
Sinto que não sou, porque não consigo conceber um país (ainda para mais tão pequeno), que se pudesse dar ao luxo de deixar de fora alguém que fosse mesmo o melhor narrador de jogos da televisão portuguesa.
O que é que gostarias de fazer em televisão que ainda não tenhas feito?
Para além de gostar de ter tempo para ficar em casa a fazer ‘zapping’ e poder assistir aos programas que mais gosto de ver na televisão, gostaria de um dia ter um ‘talk-show’ meu onde pudesse fazer o que melhor sei fazer: comunicar. MG
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