Porque acredito realmente cada vez menos na honestidade do futebol português, prometi a mim mesmo que este ano só via os jogos do Benfica. E por essa razão, mesmo estando em casa nesse dia, liguei a TV apenas nos últimos 5 minutos do Porto X Gil Vicente, e apenas para saber o resultado final. Estava 3-1, tudo normal portanto, e eis então que já finalizado o encontro, a SporTV passa os lances mais importantes do encontro. E fico então a saber que aos 10 minutos de jogo o Porto perdia por 1-0 e tinha 11 jogadores em campo quando devia ter 10, e que poucos minutos depois iria chegar ao empate com um penalty que simplesmente não existe. A partir dai, a história do jogo estava traçada.
Continuando a ver o resumo do jogo, os comentadores foram unânimes em considerar que existe penalty sobre Hulk, são ainda unânimes em inventar um penalty não assinalado sobre Guarin para dar a ideia de que o Porto ainda tinha sido roubado, e ninguém questiona sequer o lance do qual resulta o 3-1, uma jogada em que ninguém toca no jogador do Porto.
A seguir vem o flash interview e a conferência de imprensa, e não ouço uma única pergunta feita sobre os dois lances capitais do jogo, ambos ocorridos nos primeiros 10 minutos, e que ofereceram a vitória ao FCPorto. Antes vira-se a agulha para se falar de... Jorge Jesus.
No dia seguinte lê-se o Tribunal do Jogo e o painel de árbitros alinhados com o sistema, e os três ilustres apenas vêm um erro claro nesse jogo - a não expulsão de Ottamendi. Era só o que faltar negar esse também.
Tudo isto depois de uma primeira jornada em que mais uma vez há um penalty no mínimo discutível que resolve um jogo a favor do FCP, e depois de uma época inteira em que 95% dos lances duvidosos foram decididos a favor do FCPorto. Ainda há 15 dias no jogo contra o Guimarães há uma mão de Rolando na área (da qual ninguém falou), depois de 3 mãos na área do mesmo Rolando na época passada, 4 lances discutíveis, TODOS eles decididos a favor do FCPorto.
Não quero vir com isto desculpar os erros que o Benfica tem cometido. Temos sem dúvida culpa no cartório mas, esta merda está toda feita... Não vamos lá com o Luís, como não iríamos com o António nem iremos com o José. Para que nós ganhemos é preciso sermos perfeitos e os outros andarem distraídos ou ocupados a ver se limpam a cara em tribunal. E mesmo assim só ganhamos na última jornada.
O ano passado cometemos erros sim senhor, mas a verdade é que não foi só por causa desses erros que à quarta jornada já nos tinham arrumado com uma distância de 9 pontos para os azuis. A partir daí arrancámos para uma série de vitórias impressionante com um desaire no Dragão pelo meio, até ao jogo de Braga onde nos deram a estocada final.
Claro que a merda disto tudo é que é preciso ser justo e dizer que este ano, em duas jornadas o Benfica já tem um golo marcado em fora de jogo e um penalty contra perdoado. E com isto branqueia-se aquilo que vamos vendo acontecer semana sim semana sim, de há muitos anos a esta parte nos jogos dos azuis. O que ninguém lembra é que antes do penalty do Javi Garcia há também um fora de jogo mal marcado a Saviola que ficava na cara do guarda-redes, e que mesmo o penalty de Javi só se percebe com recurso a repetição.
O que não se percebe e não se pode aceitar, é como é que num lance claro e em que o arbitro claramente vê e apita, Ottamendi fica em campo depois de um penalty como aquele que cometeu contra o Gil Vicente. Aquele não é um lance subjectivo nem passível de diferentes interpretações. Aquele é um lance em que o árbitro simplesmente DECIDIU não aplicar as regras do jogo. O ano passado a época do Benfica poderia ter acabado à 5ª jornada num lance semelhante, que fez de Roberto herói ao defender um penalty contra o Setúbal depois de ficarmos reduzidos a 10 jogadores. Infelizmente para o Setúbal, o jogo não era com os azuis e não houve lugar a repetição da penalidade.
Por isso, eu tiro o meu chapéu a Pinto da Costa, porque o homem é de facto um génio e criou uma máquina imbatível. O homem percebe inquestionavelmente muitíssimo de futebol e, realmente, o Porto tem sempre excelentes equipas e mentalidade ganhadora. Mas o FCPorto não é só futebol. O FCPorto é também as alianças estratégicas e os homens certos nos lugares certos, o Porto é imprensa favorável e cargos directivos, o Porto é politica de empréstimos, quinhentinhos, casas de putas, apitos dourados e viagens ao Brasil. Nada é feito ao acaso. O Porto ganha porque tem grandes equipas mas, o Porto ganha também porque há sempre uma mãozinha amiga nas tardes azaradas em que a bola não quer entrar na baliza como acontece com todos os clubes do mundo. No Porto não há a pressão dos maus resultados.
E quando o Porto cilindra os adversários cometem-se então uns errozitos penalizadores que não valem pontos, para se ir balançando com os erros a favor, esses sim a valer pontos e campeonatos.
Em Julho último assisti a uma excelente entrevista de Pedro Proenca à SIC, e foi-lhe perguntado porque é que a tecnologia ainda não tinha chegado ao futebol. E ele respondeu, e quanto a mim muitíssimo bem: "Porque o futebol, com o seu formato actual, ainda vende. A tecnologia chegará quando os adeptos se afastarem, quando deixarem de acreditar no que acontece nas 4 linhas, quando houver necessidade de trazer as pessoas de volta ao futebol."
Pois eu, Senhor Proença, já não acredito. Tal como não acredito que o senhor, árbitro internacional e a dois metros do lance, alguma vez tenha visto penalty de Yebda sobre Lizandro Lopes, num jogo que não ganhámos por culpa sua e que quase afastou do título o Benfica de Quique Flores. Continuámos a um ponto do Porto quando podíamos ter ficado dois à frente. Eu não acredito no futebol português Sr Proença. E se ainda vejo o meu Benfica é por clubismo e porque o meu clubismo é maior do que a desconfiança.
Isto é uma teia senhores. E quem acha que a culpa disto tudo é do Vieira e do seu apoio ao Fernando Gomes, anda bem equivocado. É que não basta lamentar esse apoio. É preciso é explicar como é que lá poderíamos ter colocado outro, se o poder e os votos estão todos comprados.
Hoje é o Luís, amanhã é o António e depois será o José. Mas não adianta. Porque o Benfica não precisa de um Borges Coutinho nem de um Fernando Martins. O Benfica precisa é de um vigarista, ainda mais vigarista do que os que lá andam. E ainda assim não basta um vigarista, porque para além do nosso vigarista precisamos ainda de outros vigaristas com poder, que sejam nossos amigos e não amigos dos outros.
E essa é portanto a escolha que temos de fazer: Queremos um presidente sério ou um vigarista à frente dos destinos do clube? Queremos chafurdar na merda como os outros ou andar de cara limpa? Queremos ser pacíficos e educados e desinteressamo-nos apenas do futebol, ou revoltamo-nos e usamos as tácticas que condenamos nos outros, fazendo a vida negra aos homens do apito, porque os meios justificam os fins?
Eu sei o que faria se fosse presidente do Sport Lisboa e Benfica. Começava a gozar com esta merda e proibia toda a gente no clube de falar sobre arbitragens ou sobre títulos. A partir de agora a mensagem do clube era clara e devia ser adoptada por treinadores, dirigentes e jogadores desde a primeira à última jornada: "Objectivos para este ano? Títulos?! Meu amigo, o objectivo do Benfica é ficar no segundo lugar. Como todos sabemos e vemos em Portugal, há 30 anos que o primeiro lugar está entregue por decreto."
Acredito sinceramente que há falta de outras armas, rir é mesmo o melhor remédio, e há que ridicularizar as vitórias corruptas o mais que pudermos. Sem termos de falar muito, talvez fosse o dia em que nos começassem a ouvir.
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