Quem vai acompanhando o que neste blogue se vai escrevendo, vai percebendo as opiniões de cada um, tal como também toda a gente percebe que a figura de Luís Felipe Vieira tem sido ponto fulcral no "enredo" deste blogue e figura central de muitas discussões. Como sabem, há eleições em Outubro de 2012, e cada um de nós saberá pensar pela sua cabeça e ponderar o que será melhor para o Benfica nessa altura.
Apraz-me apenas perceber que para LFV este pode muito bem ser o ano do tudo ou nada. Há seguramente muito trabalho de bastidores a ser feito, com outros nomes e projectos a aparecerem no próximo ano, e LFV sabe que o sucesso/insucesso desportivo desta época será um trunfo importantíssimo nessa batalha.
E se me parece que se as eleições tivessem sido realizadas por exemplo em Julho último, LFV entraria nessa luta numa posição extremamente fragilizada (tal foi a desilusão da época anterior), parece-me também que nesta altura LFV se encontra numa posição bem mais forte depois da resolução de alguns dossiers que geraram optimismo junto dos sócios, bem como o prenúncio da resolução de outros dossiers ainda mais importantes que podem marcar o seu "reinado” e colocar definitivamente o seu “selo” na história do clube.
E esse trunfo chama-se negociação dos direitos televisivos, com Pais do Amaral à mistura, anunciando-se um cenário que poderá vir a revolucionar definitivamente o futebol português, dando-se a tão desejada machadada no monopólio Olivedesportos que pode vir a ferir gravemente a cadeia do poder, com valores a superar até as expectativas dos benfiquistas mais optimistas.
A aquisição ainda, por parte da BenficaTV, de um pacote de 190 jogos internacionais é sinal de que o assunto está a ser tratado por LFV com a seriedade que o assunto justifica e que os benfiquistas exigem, dando ao Benfica uma posição de força que não se conhecia até hoje. Se LFV é inteligente, e seguramente que é, sabe que é esta negociação que fará dele um “imortal” ou apenas mais um que passou pelo clube, é esta negociação que poderá valer para ele a reeleição ou a saída pela porta dos fundos.
A juntar a isto, temos neste defeso a possível venda do “naming” do estádio e a excelente venda do Roberto num negócio que "chocou" o país e que resolveu um enorme (e caríssimo) problema.
Temos ainda nesta altura um plantel bem mais forte do que na época passada, com alguns jogadores novos que chegaram “baratos” e podem muito bem vir a valer muito dinheiro num futuro próximo. Temos o negócio Fábio Coentrão, onde os 5 milhões de desconto no valor da cláusula me parecem justificar plenamente a mais-valia que Garay é neste plantel. E temos Witsel, dois bons guarda-redes a custo zero, um defesa esquerdo campeão do mundo, um Rodrigo que vai ser um caso sério (e tanto que aqui se criticou o negócio, que não foi de 6 milhões porque a sê-lo teria de ter sido comunicado à CMVM e não foi), um Nolito que promete, e alguns outros que terão ainda de procurar o seu espaço mas a quem se reconhece valor.
O melhor elogio que posso fazer à forma como este plantel foi formado, é que Jorge Jesus não terá este ano grandes argumentos para justificar um eventual insucesso. E tudo isto sem grandes desvarios financeiros, com o valor das vendas a superar claramente o das compras. E este até era o ano em que uma certa "irresponsabilidade" seria justificada, não só por ser ano de eleições mas também por ser o último ano fora do rigoroso controlo financeiro da UEFA à gestão dos clubes europeus.
No relvado, os benfiquistas têm tudo para estar optimistas. Com Witsel a tornar o 4-3-3 uma realidade (que jogador! Nos 90 minutos mostrou que "sabe", e perto do final do jogo, numa jogada com Zokora em que resistiu a meio minuto de pancada e intimidação sem chutar a bola para longe, mostrou que nos seus pés a bola não queima e que tem fibra de campeão), a permanência de Pablo Aimar (quais problemas físicos quais quê!!), justificada pela sua enorme classe e experiência e por permitir aos reforços crescer na sua sombra, exigindo-lhes ao mesmo tempo rendimento máximo, juntando-se ainda um banco de luxo sem os banais Weldons, Kardecs, Menezes e Peixotos.
No negativo, há pois o folhetim Danilo que se arrastou tempo demais, há um Benfica sem portugueses no 11, se bem, que eu seja da opinião que a cultura do Benfica é GANHAR, bem mais do que a nacionalidade dos seus jogadores, e ainda uma "aposta" na prata da casa que parece resultar mais das necessidades dos regulamentos do que de uma aposta consciente. Os maiores prejudicados acabarão inevitavelmente por ser os jogadores.
Para Jorge Jesus e LFV este é pois um ano de tudo ou nada, sabendo-se que a paciência dos adeptos é curta e que o grau de exigência é máximo. Os dados estão lançados e no papel o optimismo é legítimo mas... a tarefa é, como sabemos, monstruosa. O sistema que rege o futebol português mantém-se, há um Sporting em crescendo e ainda um FCP que se adivinha fortíssimo. Talvez não chegue sermos apenas melhores, teremos de ser muitíssimo melhores. Seremos capazes?
P.S. Àqueles que se insurgem, julgando sempre que a revolta que sentem é sinónimo de terem razão, questionando-se por exemplo sobre os porquês dos jogos amigáveis do Benfica não passarem na BenficaTV e serem vendidos a terceiros, talvez fosse bom que antes de escreverem barbaridades pensassem um bocadinho. Se os jogos televisionados são para os clubes uma importantíssima fonte de receita, porque razão se privariam os clubes dessa receita, dando os direitos (de borla) a si próprios? Talvez no futuro meus caros, quando a BenficaTV for um canal mais profissional e mais bem estruturado, com subscrição talvez, capaz de gerar receitas comerciais que justifiquem a aventura.
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