Portugal, 8 de Agosto de 2011
Talvez este assunto não seja o mais adequado para se escrever no dia de hoje, mas mantenho-me fiel a princípios de ética que gostaria de ver reflectidos na gestão do Benfica e no sentir benfiquista, princípios que passam por sermos “grandes” para com os que num determinado contexto são “pequenos”.
Se leram o último texto, perceberam que nos dias que mediaram entre o dia 11 de Julho, dia do jogo com o Sion e o dia 17 de Julho, já depois do jogo com o Aris (vitória por 4-1) foram lançadas as “sementes” que originaram a “enorme vegetação” que ocultou todo o talento e potencialidades de Roberto. Quais? “Frango à espanhola”, “ofereceu a vitória ao adversário”, “adeptos assobiam Roberto”, “solução ou problema”, “de reforço mais caro a problema”, “as culpas da derrota recaem em Roberto”, “como é que o Benfica decidiu pagar 8,5 milhões por Roberto”, “Roberto terá sempre sobre si o cutelo dos 8,5 milhões que custou”, “nasceu a dúvida em torno de Roberto”, “Roberto neste momento é um problema”, etc., etc. Ou seja com “Roberto isto”, “Roberto aquilo”, quem pode ficar imune ao tema de discussão cuidadosamente lançado pela comunicação social e que durou toda a época?
Justificava-se esse metralhar de opiniões ignorantes e deselegantes contra um jovem de 24 anos, acabado de chegar ao Benfica, que em 3 jogos nos tinha ajudado a vencer 2 com uma defesa remendada? Acho que não.
Se os que lerem estas linhas estiveram atentos aos jogos do último fim-de-semana, viram que Neurer (custou 20 milhões) esteve no golo que derrotou o Bayern de Munique indo quase ao limite da grande área socar uma bola, em falso, pois acabou embrulhado com o defesa e a bola sobrou para o avançado que fez golo. Fez-me lembrar o 3º golo do Lyon na Luz que terminou a nossa vitória por 4-3, mas se por cá, no dia seguinte lá estava a cantilena “Roberto voltou a errar” na Alemanha tenho dúvidas que apareça algum Avelãs a escrever um texto com o título “Neuer: problema ou solução”.
Mas mais. Se estiveram atentos ao jogo entre os dois clubes de Manchester, viram que o 1º golo do City é um golo que nasce de um cruzamento para o limite da pequena área, De Gea (18 milhões) não se fez ao lance e o avançado cabeceou para o golo. Fez-me lembrar o 1º golo em casa com a Académica e o golo do SCP no jogo da Taça da Liga, em que Roberto tentou socar a bola, mesmo partindo de posição desvantajosa. Nesse aspecto De Gea foi mais “inteligente”, ficando entre os postes. Assim ninguém em Inglaterra vai escrever barbaridades intituladas “De Gea e o Pecado das Saídas” como por cá escreveram entre outros no JOGO em 20 de Julho (por Marco Gonçalves)! Apenas 9 dias depois da derrota 1-2 com Sion e empate 3-3 com Groninggem, jogos amigáveis onde a linha defensiva foi sujeita a várias experiências de que resultaram falhas de comunicação entre Roberto e colegas da defesa!
Ou seja, estes dois guarda-redes muito mais caros do que Roberto, sofreram golos iguais aos que Roberto sofreu numa fase de adaptação a um clube maior, a uma massa adepta mais exigente, a uma comunicação social “assassina”, a dirigentes fracos e sem visão de futebol. E é esta parte que também me interessa focar: alguns dirigentes do Benfica foram solidários com as decisões da Direcção, mas em privado contestaram as qualidades de Roberto, alimentando assim a fogueira da intolerância da comunicação social.
O já mencionado Bernardo Ribeiro em 18 de Julho (!) afirmava que “o guarda-redes que os encarnados foram buscar a Madrid por uma fortuna ainda não dá pontos e neste momento é um problema. Com resolução, sim, mas um problema. E os dirigentes benfiquistas não o escondem nas conversas que mantêm fora dos balneários.”
Esta é outra componente do problema Roberto: há dirigentes do Benfica, estes ou outros, que há anos ostentam a sua ignorância futebolística em conversas com jornalistas predadores. Ou seja, as notícias e opiniões anti-Benfica que saem regularmente na comunicação social com intuito desestabilizador dos jogadores e adeptos do Benfica, têm por vezes apoio no interior do Benfica. Há uns anos, creio que em 1995, Artur Jorge disse que “o Benfica é um circo”.
Desde essa altura até ao presente, pouco mudou neste particular aspecto.
(CONTINUA)
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