Portugal, 8 de Julho de 2011
Não foi há muito tempo que na Gala Anual do Benfica, o Sr.º Vieira fazia um apelo público patético ao “Caxinas”, para que ficasse para sempre no Benfica. Fábio Coentrão foi vendido anteontem ao Real Madrid num negócio cruzado com a aquisição de 50% do passe de Garay, que de acordo com a imprensa cor-de-rosa desportiva, rendeu aos cofres do Benfica cerca de 24,5 milhões (30-5,5).
Este tema sugere-me as seguintes reflexões:
1º A Benfica SAD vendeu porque precisa de vender e não porque o Real Madrid pagou a cláusula de rescisão do jogador. A Benfica SAD precisa de vender porque o negócio futebol não se compadece com sentimentalismos clubísticos e assim, sai o jogador que o mercado escolher e não os que a Benfica SAD quiser vender.
2º A prova que a Benfica SAD precisa de vender é que o negócio só foi possível porque o Real também alienou parte do passe de um jogador que considera excedentário no seu plantel. Se não precisássemos de vender, o Real só levava o jogador se batesse a cláusula, sem qualquer outra condição.
3º Fica pois evidente que a Benfica SAD está condicionada e em posição negocial mais frágil que o Real Madrid. O Benfica cedeu um activo que era importante do ponto de vista desportivo e na mística em que os adeptos se reviam, o Real vendeu um jogador excedentário. Parecem-me evidentes as diferenças.
4º O Sr.º Vieira e sua equipa tentaram dar a ideia de que o Benfica não tinha alternativa, porque o Real Madrid pagou a cláusula. A mensagem passou através da mesma comunicação social que tanto nos prejudica, porque as fontes de informação partiram do interior do próprio Benfica. Os meandros do negócio, as dicas que iam sendo publicadas, a alegada dificuldade do negócio e a alegada posição intransigente do Sr.º Vieira, os valores que o Real propunha e que o Benfica aceitava, etc, tudo programado para passar a ideia que o Benfica do Sr.º Vieira esteve irredutível até ao fim mas nada pôde fazer. Hipocrisia e mentiras, estas são algumas facetas das Direcções do Sr.º Vieira.
5º Vá lá que desta vez não tivemos que assistir à despedida emocionada de Coentrão, numa encenação como foi a saída de Simão para o Atlético de Madrid. Conhecedor da importância que Simão Sabrosa tinha no Benfica, Vieira que já na altura teve de vender, fez aquela cena que tocou os corações mais sensíveis dos benfiquistas (mas não o meu). O Simão sairia por 25 milhões, mas o Benfica ficava com um crédito de 5 milhões em futuras negociações com o Atlético de Madrid. Depois só inscrevemos nas Receitas da SAD a verba de 18 milhões. Os outros 2 milhões foram para o empresário, Jorge Mendes. Pagos pelo Benfica (isto não veio em letras gordas nas páginas dos jornais).
6º Do passe desportivo de Fábio Coentrão, 20% já tinham sido alienados ao Fundo de Jogadores por 3 milhões. O Benfica não recebeu os 24,5 milhões atrás referidos, mas menos de 21,5 milhões, porque a parte a receber pelo Rio Ave ainda terá de ser paga pelo Benfica, bem como a comissão do empresário Jorge Mendes (outra vez). E porque é o Benfica que paga? Porque a comunicação social teve o cuidado de esconder esses detalhes, para não fragilizar a posição do Sr.º Vieira, elemento amigo de todo este “sistema” que se alimenta do dinheiro do futebol (empresários, comunicação social, bancos, etc).
7º Claro que em contrapartida também obtivemos mais um jogador, tal como Matic no negócio David Luiz, e agora é fazer “figas” para que Garay tenha sucesso no Benfica.
8º Por último só quem anda distraído ou é muito mas muito ingénuo, pode continuar a acreditar no actual projecto desportivo do Benfica. Um projecto feito à medida dos Bancos, da Olivedesportos, da submissão aos interesses instalados no futebol. Podem-me dizer que não se vê outra alternativa melhor, e concedo que sim. Mas não me venham falar do “Benfica dos sócios” ou do “campeonato da credibilidade”, “tangas” com 10 anos e outros mais a seguir ...
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