Agora que a novela Coentrão parece finalmente ter chegado ao fim, apraz-me reflectir no processo, e lembrar que há alguns meses atrás, o Fábio era a bandeira do Benfica, o jogador mais querido, o porta-estandarte da verdadeira mística, o exemplo a seguir, um caso de amor eterno ao clube.
As suas palavras de amor eterno foram recebidas em apoteose pelos adeptos, o que para os detractores de LFV era o combustível perfeito. Pois se Coentrão era o exemplo de Benfiquismo supremo, e se até dizia que não se importava de ficar para sempre, de que estava à espera LFV para renovar o seu contracto e não encetar sequer qualquer negociação com vista à sua transferência?
Algum tempo depois, a desilusão completa. Coentrão mostrou as verdadeiras cores, cores que no fundo não são só as suas mas as da grande maioria dos jogadores de futebol profissionais dos tempos modernos. Afinal, o representante máximo da mística encarnada era uma maçã podre, indigno de vestir o manto sagrado, um traidor e mal agradecido, e tudo fazia por nos ver pelas costas.
Eu já aqui muito escrevi sobre este tema onde os intervenientes eram outros (Di Maria por exemplo), e não me melindra rigorosamente nada a vontade de Coentrão e outros como Coentrão saírem. Jogadores do seu calibre têm o direito de ambicionar chegar ao topo do mundo, têm o direito de sonhar com fortunas e reconhecimento internacional (que só acontece jogando ao mais alto nível), e o direito de sonhar levantar Ligas dos Campeões.
O amor à camisola já não existe. Em lado nenhum, há muito tempo que digo isto. Ultimamente, no Benfica, esse tal amor à camisola tem sido atribuído a Nuno Gomes e Moreira, em função dos seus anos de casa. Pois eu continuo na minha, e se algum dia algum jogador encarnado tiver o Real Madrid e o Chelsea atrás dele, e esse jogador disser (e cumprir) que prefere o Benfica a esses clubes porque o Benfica é o clube do coração, aí sim eu tiro-lhe o meu chapéu e reconheço-lhe então o tal Benfiquismo ímpar que faz alguém colocar os interesses do clube acima dos seus.
Agora, jogadores que ficam no clube dez anos, mas que segundo conste nunca tiveram clubes verdadeiramente de topo atrás deles, e que usam depois a sua "mediania futebolística" para pavonear o seu Benfiquismo, quando na verdade teriam feito exactamente o mesmo que os tais "traidores" fizeram se tivessem tido essa possibilidade, não contem comigo para esse tipo de endeusamento.
Nem sequer está aqui em causa o Nuno Gomes e o Moreira. Quem sou eu para colocar em causa o seu Benfiquismo mas, serão eles mais benfiquistas que o Coentrão? No relvado, senhores, Coentrão foi tão benfiquista quanto um benfiquista pode ser. E isso para mim chega.
Não acreditei nas suas palavras, não rejubilei com as promessas de amor eterno de Coentrão de há 2 meses atrás que eram obviamente promessas para encher capas de jornais, tal como agora não o considero maçã podre e personna non grata na Luz, só porque decidiu dar asas aos seus sonhos. Coentrão chegou por 1 milhão de euros, em campo sempre deu tudo, suou a camisola como ninguém, honrou o emblema... Sai por 30 milhões, só lhe posso desejar que seja feliz. Não nos fica a dever nada.
A única coisa que critico (e aqui escrevi sobre isso), foram as suas palavras públicas que deixaram em todos um sentimento de desconsideração, desrespeito e traição. Poderia ter saído sem tanto alarido mas, na verdade, até isso compreendo. E perdoo. Não é caso virgem o esticar a corda, há muito dinheiro em jogo e muita gente a querer comer do mesmo bolo. É o lema do cada um por si do mundo em que vivemos.
Traição? Também não entro por ai. Ultimamente apelida-se de traição sempre que um jogador decide zelar pelos seus próprios interesses. A verdade é que se indicutivelmente acontece muitas vezes os jogadores tratarem mal os clubes em que jogam, não é menos verdade que muitas mais vezes acontece o contrário: serem os clubes a tratar mal jogadores e treinadores. Quantas carreiras foram destruídas por erros de direcções na escolha de jogadores e treinadores? Quantos foram arrumados na prateleira? Quantos foram tratados como mercadoria quando deixam de interessar?
Quantos treinadores têm o privilégio de escolher o momento da sua saída dos clubes, quando em 99% das vezes abandonam os clubes corridos pelas direcções e saindo sempre pela porta pequena? Vide João Vieira Pinto, um símbolo encarnado de uma década, que foi tendo propostas ao longo da carreira e podia muito bem ter mudado de ares e, ainda assim, sempre escolheu o Benfica. Até à chegada de um tal de Vale e Azevedo, que o humilhou e encostou às cordas, correndo com ele como se corre um cão com o cio!
Haverá forma de evitar episódios como os de Coentrão, que tanto desgosto causam nos adeptos? Na minha opinião há apenas uma, que não resolve mas ameniza: fazer-se parte de um clube ganhador, que em cada ano vença títulos e chegue pelo menos aos 1/8 da Liga dos Campeões. Não é, infelizmente, o caso do Benfica.
E faço minhas as palavras do Jedi Vermelho há dois dias neste blogue, quando disse que um clube que só ganha de 5 em 5 anos, é normal que os jogadores se apressem a sair nos poucos momentos em que se está em alta. É que na cabeça dos jogadores, os anos maus são bem mais do que os anos bons, e certos comboios só passam uma vez na vida. Às vezes basta uma lesão para mudar toda uma carreira.
Seguir para baixo, que hoje foi um dia fértil em opiniões.
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