Há alguns meses atrás escrevi um post onde fazia uma listagem dos jogadores que passaram pelo Benfica desde o ano 2000, e pedia aos leitores deste blogue que fizessem o seu onze ideal no novo milénio. 41 leitores aderiram à iniciativa, e foi engraçado constatar que salvo dois ou três elementos desse 11, a grande maioria dos jogadores eleitos faziam parte dos plantéis do Benfica deste ano ou do no ano passado.
Os consensuais eram Maxi Pereira, Luisão, David Luiz, Coentrão, Javi Garcia, Di Maria, Cardozo e Saviola. Depois haviam alguns que tiravam o Saviola e metiam o João Pinto, outros tiravam o Di Maria e metiam o Simão, a maioria lembrou o Rui Costa mas sem esquecer o Aimar mas, tirando estes, havia apenas três elementos do passado que iam entrando com alguma frequência, Enke, Pobosrsky e Marchena.
Isto para constatar que, de facto, em termos de qualidade o plantel do Benfica é hoje muitíssimo superior àquele que foi a média da sua qualidade em anos anteriores, o que, na minha opinião é um caso raro no panorama nacional. O Sporting retrocedeu uns bons anos em termos qualitativos, e mesmo se se fizesse o mesmo exercício no FC Porto, mesmo Hulk, Falcão, Álvaro Pereira e João Moutinho teriam sérias dificuldades em entrar num 11 onde pontificassem jogadores como Baía, Bosingwa, Jorge Costa, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Pepe, Ricardo Carvalho Costinha, Deco, Lucho Gonzales, Anderson, Quaresma, Maniche, Derlei, Jardel ou Lizandro Lopes.
E este “facto” explica quase tudo, e serve para tirar duas conclusões:
A primeira é que podemos de facto discutir a corrupção, as arbitragens, a presidência da Liga, as escutas no youtube, etc, mas, dentro do campo, qualitativamente as equipas do FCPorto têm sido melhores que as do Benfica.
A segunda conclusão é a óbvia: que de facto, tirando raras excepções, parece consensual entre os Benfiquistas que, qualitativamente, este é o melhor Benfica dos últimos doze anos.
E porque isto me parece mais ou menos consensual, e porque se fala em ser esta a hora em que temos de parar de repetir alguns erros do passado, eu queria lembrar aqui um dos principais e que se repete constantemente: a atracção suicida pelas razias dos planteis sempre que as coisas correm mal, o deitar tudo abaixo para construir de novo. Isto a propósito das sugeridas vendas/dispensas de Aimar, Saviola e Cardozo para dar lugar a sangue novo, aos tais craques que aí vêm, craques que fazem sempre as delícias da imprensa e do Football Manager, mas que em campo são muitas vezes um saco cheio de nada.
No Benfica, vende-se o Simão, compra-se o Di Maria com 18 anos, para chegar e fazer IMEDIATAMENTE o que o Simão fazia. Resultado: ao fim de três semanas está o Di Maria a ser assobiado.
No Benfica sai o Léo compra-se o Shaffer, mais um puto que tem de chegar e render logo. Fez dois ou três jogos, correram-lhe mal, e aí vai o Shaffer devolvido à procedência.
No Benfica vende-se o Ramirez traz-se o Sálvio com 20 anos, para chegar e entrar logo no 11 sem ter sequer de lutar pelo lugar. O mesmo se aplica a Gaitan, que foi chegar e jogar, substituir a estrela da companhia Di Maria, e ao fim de duas semanas não era extremo, não defendia, já estava a ser queimado.
Ano após ano a história repete-se, e mostra que jogar na equipa principal do Benfica é a coisa mais fácil do mundo. Basta um pouco de “boa imprensa”, fazem-se estrelas da noite para o dia, e estão-lhes abertas as portas da titularidade. E entretanto os anteriores titulares foram varridos, eleitos como o “cancro” do clube, saindo invariavelmente pela porta pequena.
O que a história do Benfica também mostra, é que o difícil neste clube é algum jogador fazer parte do 11 por mais de 6 meses. Normalmente o percurso é chegar, ser titular depois de três treinos, desiludir ao fim de três jogos, e serem devolvidos à procedência. No fim da época faz-se mais uma vassourada, e o ciclo repete-se novamente. Até a eterna esperança Freddy Adu, chegou à Luz e foi imediatamente lançado às feras por Fernando Santos num jogo que estávamos a perder.
E para o ano que aí vem, e como consequência desta época que agora findou, e já sem David Luíz nem Di Maria e com Coentrão em vias de sair, percebe-se em certos meios a vontade de adicionar Cardozo, Aimar e Saviola às saídas, para serem substituídos pelos Rodrigos, David Simões e Néson Oliveira. E assim se destrói o onze que há três meses atrás era aclamado como o onze do novo milénio. Até mesmo a imprensa, que apenas há três meses atrás elegia o Benfica como a melhor equipa Portuguesa, mudou imediatamente a agulha. Agora o Porto é que é o melhor, e no Benfica só encontram erros.
Eu percebo a vontade de ver alguns jovens triunfar na Luz, em vê-los vestir a camisola encarnada. Mas se alguém acha que é com a “Quinta do Luisão”, o mesmo é dizer com o Luisão e os seus “meninos”, que o Benfica vai discutir campeonatos e Ligas dos Campeões e arrancar vitórias no Estádio do Dragão, receio bem que não leve muito tempo a darmos mais uma época como perdida, com mais uma fornada de jogadores a ser autenticamente linchada pelas bancadas da Luz.
Bem sei que também vem aí o super craque Nolito e a estrela Bruno César mas, pessoalmente, prefiro esperar para ver se também são craques no campo. Na imprensa já sei que são.
Fico feliz evidentemente com os regressos anunciados de alguns jovens à Luz mas, não chega. Eu quero-os na Luz para substituir a segunda linha do Benfica, os Kardecs, os Menezes, os Luíses Felipes, Weldons e outros tais. Quero-os na Luz para lutar por um lugar, para morder os calcanhares aos titulares, para terem margem de manobra para crescer, para estarem prontos quando a oportunidade chegar. Integrar jovens em equipas grandes é um risco imenso, para mais quando não têm uma retaguarda forte que os proteja, o mesmo é dizer, fazerem parte de um plantel forte, maduro, personalizado, e sobretudo ganhador.
Resumindo e baralhando, se Cardozo sair precisamos de contratar um avançado capaz de chegar e marcar golos sem reclamar períodos de adaptação. Se Aimar sair, corremos sérios riscos de ainda vir a chorar por ele. Se Saviola vai sair para o Dubai, mantenham-no connosco mais seis meses para garantir o presente, e se então os novos reforços mostrarem capacidade para agarrar o lugar, vende-se o Saviola em Janeiro. E mesmo Roberto deveria ficar para discutir o lugar com o Artur (um guarda redes normalíssimo na minha opinião), e porque 8 milhões de euros merecem uma segunda oportunidade.
O grande problema do Benfica deste ano não foram os onze que entraram no campo todas as semanas. Foram os outros, a segunda linha, que nunca mostrou capacidade para substituir os titulares quando se aleijavam, eram castigados ou se arrastavam no campo. O que matou o Benfica este ano foi não termos um Kardec à altura, não termos substituto para Sálvio nem para Maxi, termos Ruben Amorim lesionado a época inteira… e um dossier “Guarda-Redes” que foi pessimamente mal gerido.
Este é um Benfica a precisar de alguns retoques e ”upgrades”. Não é um Benfica a precisar de revoluções. Já é hora de parar com alguns erros do passado.
P.S. Desejar as boas vindas ao Eagle1. Com dois excelentes posts a abrir, percebe-se que é um valor acrescentado.
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