O homem certo no lugar certo

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Thursday, June 23, 2011

O homem certo no lugar certo

Aqueles que vão acompanhando o que neste blogue se vai escrevendo, sabem que tenho sido desde o inicio um admirador de Jorge Jesus, continuando a defender a 100% a sua permanência no clube, apesar de alguns defeitos que também tem, nomeadamente a fanfarronice e as limitações do discurso, que muitas vezes o comprometem, arrastando com ele toda a instituição.

Mas este post vem a propósito das dezenas de comentários e de alguns posts que já li, salientando a arrogância de Jorge Jesus, por, vá lá saber-se porquê, não contar com Nuno Gomes nem Miguel Vitor para a próxima época. Arrogante porque, segundo os críticos, sobrepõe a sua vontade à do clube que, tal direcção submissa, não tem tomates para chamar JJ à razão.

Eu quero dizer que neste caso, a minha posição não tem sequer só a ver com o Jorge Jesus. Tem a ver com todos os treinadores de futebol com categoria suficiente para fazerem impor as suas ideias, para terem legitimidade para escolher aqueles com quem querem ir à luta. Sim, porque se há alguém na estrutura de um clube que deve de facto tentar impor ao máximo as suas ideias (porque só isso dará depois legitimidade às direcções para apontar o dedo) são os treinadores, porque são também eles que ao fim de dois ou três resultados negativos são corridos, varridos, muitas vezes destruídos, e culpados de tudo aquilo que a equipa não foi capaz de produzir.

Mourinho foi arrogante quando chegou a Madrid e disse que não contava com Raul nem com Gutti? Adrianse foi arrogante quando chegou ao Porto e disse que num esquema com 3 defesas precisava de um central rápido e que, por isso, Jorge Costa não entrava nas suas contas? Não acabou no Charlton com o aval (talvez contrariado) de Pinto da Costa?

Se um treinador tem as suas ideias, se é seguramente o primeiro responsável pelo sucesso ou o insucesso das equipas, se os treinadores são contratados por direcções, depois de dezenas de reuniões onde as ideias de cada um são conhecidas, se uma direcção entende que confia e deve apoiar esse treinador, estamos a falar de arrogância quando um treinador toma as decisões que são da sua competência?

Arrogância por um treinador se manter fiel às suas ideias, por se ter praticamente recusado a trabalhar com Mantorras que passou na Luz não sei quantos anos a "mamar", transformado (imposto) pelo padrinho Vieira na coqueluche da equipa, incapaz porém de dar três pontapés numa bola?

Jorge Jesus arrogante porquê? Por não abdicar de 4 torres na equipa, dois centrais, um trinco e um avançado, preferencialmente todos com mais de metro e noventa, onde Miguel Vitor não se enquadra? Por precisar das torres para os lances de bola parada onde costuma ser letal e para compensar os outros 5 jogadores de campo que têm pouco mais de metro e sessenta? Podemos discordar mas, não é legítimo?

Jorge Jesus arrogante porquê? Porque futebolisticamente não contava com Nuno Gomes? Tenho muito respeito pelo Nuno mas, caramba, será que o Nuno alguma vez foi um jogador acima da média, um ponta de lança à Benfica, apesar dos seus anos de casa? E não explicou JJ no último sábado, que apostou mais em Kardec do que em Nuno porque Kardec era uma aposta de futuro, e que no esquema em que o Benfica jogava, Kardec era o jogador mais parecido que tinha com Cardozo? Tudo isto não é legitimo? Ele que inclusivamente, fez questão de colocar Nuno Gomes em campo no último jogo da época, ainda aleijado para que recebesse os aplausos do público, sabendo de antemão que essa entrada do capitão talvez nos viesse a custar mais dois pontos como custou?

No país do fado é que há sempre tristezas e dívidas de gratidão, e sentimentalismos levados ao extremo. Vão lá ver se o Zola ficou no Chelsea, se o Raul ficou em Mardrid, se o Jorge Costa ficou no Porto, se o Scholes ou o Nevile ficam agora em Manchester, ou se o Maldini ficou em Milão. Em Portugal é sempre a merda das dívidas de gratidão a gente que chega aos trinta anos milionária... Acaba a carreira, não faz falta ao clube mas inventa-se um posto qualquer na hierarquia do clube onde possa encaixar, de preferência sem atropelar ninguém, para que passe a mística aos miúdos, enquanto o clube continua a pagar. Isto é o que eu chamo amadorismo, porque a mística passa-se de várias formas, passa-se até com estrangeiros como Aimares e Luisões, e passa-se especialmente com vitórias e estádios cheios.

Depois, se se gosta mais do que um jogador do que outro, ou se se gosta mais ou menos de Jorge Jesus, isso é outra questão. Eu pessoalmente gosto, apesar de, como já disse, ter defeitos que pode e deveria fazer um esforço por corrigir. Em dois anos conquistámos três títulos, coisa que já não acontecia há séculos; em ano e meio Jorge Jesus potenciou 80 milhões de euros em vendas que também já não acontecia há séculos, e futebol de qualidade também tenho visto, o que, infelizmente, também já não via… há séculos, exceptuando um período com Fernando Santos.

Tenho pois razão para estar optimista com mais uma época com Jorge Jesus à frente dos destinos da equipa. E já agora, a talhe de foice, já que já li aqui comentários do género de que o “Quique Flores” é que era bom, e que até a explosão do Di Maria, do Cardozo e do David Luiz, foi mérito do trabalho específico do Quique e não de Jesus… Sinceramente, não sei que merda de trabalho específico foi esse já que o David Luiz jogava a defesa esquerdo, o Cardozo não jogava, e o extremo esquerdo do Quique era Reyes que só não ficou na Luz por mais 5 milhões porque o Quique foi embora. Essa de pôr 6 quilos de massa muscular no Di Maria, convenhamos… Esse é trabalho de laboratório, é prática normal nos clubes imediatamente desde o momento que chegam…

Dizer-se que foi Quique que potenciou Di Maria não é justo, porque se houve alguém que assim que chegou a Luz disse imediatamente (até contra a vontade dos adeptos) que não precisava de gastar 5 milhões no Reyes porque tinha Di Maria, foi Jorge Jesus. Dêmos pois o mérito a quem o tem. Não tarda nada ainda vão dizer que o mérito da explosão do Fábio Coentrão é do trabalho específico do... Carlos Brito.

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