Apetece-me dizer que a derrota do Benfica no último Domingo veio em excelente altura, veio ajudar a perceber o que nesta altura é mais importante.
O campeonato estava entregue há muito, e para mim ficou completamente entregue depois da vitória do FCP diante do Guimarães. Pelas minhas contas, e tendo em conta que para ser campeão o Benfica teria de vencer os jogos todos e esperar que o FCP perdesse três, uma dessas derrotas teria de acontecer forçosamente contra Braga, Guimarães ou Olhanense. A segunda seria com o Benfica, e a terceira seria esperar por um milagre de Sporting ou Marítimo.
Não acontecendo, ficou claro o desfecho deste campeonato e, aliás, o próprio Jesus percebeu isso, apresentando em Braga uma equipa mais fraca, porque entendeu que não valia a pena continuar a esticar a corda num esforço quase sobre-humano, que viria a pôr em causa não só a conquista do bi-campeonato, como também, e principalmente, a conquista de três outras competições nas quais felizmente ainda dependemos de nós próprios.
Dito isto, e embora esta derrota tenha sido na minha opinião um mal que não altera em nada o nosso caminho (antes o clarifica), não posso deixar de lembrar a injusta expulsão do Javi como o momento do jogo, talvez até do campeonato. Mesmo com uma equipa remendada, teríamos provavelmente ganho a partida e mantido a chama acesa.
A minha opinião do lance, discutível evidentemente, é que Alan carrega Javi fora de tempo e já fora do campo, e Javi só não cai e vai por ali fora porque é grande, e porque já em desequilíbrio lança o braço para Alan para se agarrar a ele, eventualmente com alguma agressividade, porque também percebeu que o empurrão de Alan foi feito com uma certa maldade. Em Inglaterra, o problema teria sido resolvido com um aviso do árbitro. O resto é o teatro habitual do futebol português. Rebola daqui, grita dali, agarra-se ao peito, depois a cara e a seguir ao pescoço, cartão vermelho e siga o circo.
Mais, o que não pode acontecer, e cabe aos árbitros ter sensibilidade para este tipo de situações, é não deixar que um campeonato fique decidido num lance duvidoso, que só em Portugal e com más intenções, seria decidido daquela maneira.
Mas como já contra o SCP jogámos com dez com uma expulsão do Sidnei no mínimo discutível, tal como contra o FCP já tínhamos jogado com dez com a ridícula expulsão do Fábio Coentrão, todos nós já sabíamos que os dados estavam lançados há muito, e a expulsão do Javi foi apenas mais uma machadada no sonho. Era uma questão de tempo.
Contas feitas, dos 15 pontos perdidos pelo Benfica esta época, 9 tiveram influencia directa das arbitragens (Academica, Guimarães e Braga), essa é que é essa.
Em abono da verdade, e porque já aqui me fartei de elogiar o homem, manda a justiça que lembre também que Roberto ficou mal na fotografia em mais uma derrota, apesar de outras excelentes defesas que fez.
A minha opinião sobre Roberto mantém-se e é simples: entre os postes é dos melhores do mundo, a sair deles tem que evoluir, porque tem qualidades (e físico, e idade) para vir a ser um dos grandes guarda-redes do futebol mundial.
Também aqui escrevi há pouco tempo que numa prova longa como o campeonato, uma equipa depende sempre dela própria para alcançar os objectivos mas, depende também sempre daquilo que os adversários forem capazes de fazer. E o FCP tem dois empates em 22 jogos, apesar das ajudas que vamos vendo, são números quase impossíveis de bater.
Fica no entanto em nós Benfiquistas a sensação de que, apesar de tudo, somos melhores do que o FCP. Pois eu acredito que esta época ainda nos reserva grandes alegrias, e espero que sejamos capazes de provar a nossa superioridade nos jogos para o campeonato, Taça de Portugal, e ainda num eventual embate na Liga Europa com um árbitro estrangeiro. E aí, qual campeonato qual quê, esse é que seria o grande tira-teimas do futebol português, o embate mais importante dos últimos 20 anos!
Aí sim, está a nossa oportunidade de mostrar ao mundo o terrorismo bairrista, as bolas de golf e os milagres do sistema, em directo na televisão. Poderemos este ano ganhar ainda duas ou três competições, o que juntando às duas do último ano seriam 4 ou 5 em dois anos, muitíssimo acima do registo do FCP.
É nesse objectivo que temos de apontar todas as nossas forças neste momento, e deixar o campeonato para, obviamente garantir o segundo lugar, mas também dar jogos a Carole, Jara e Airton, jogadores que podem ser fundamentais na próxima época.
E não deixar de ler o excelente tópico do GB no dia de hoje, "Hoje, como em 1994". Vale a pena ler e reflectir.
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