Se Eusébio fosse 40 anos mais novo, tinha jogado na Luz 6 meses e hoje tinha uma estátua em Madrid

مواضيع مفضلة

الأحد، 16 يناير 2011

Se Eusébio fosse 40 anos mais novo, tinha jogado na Luz 6 meses e hoje tinha uma estátua em Madrid


Muito se tem escrito neste e noutros blogues, aliás, julgo esse ser um reparo apontado por todos os Benfiquistas, que todos gostaríamos de um Benfica mais português, com mais jogadores portugueses, em que o português fosse a língua reinante no balneário.

Apesar de ter opinião divergente em relação ao papel da formação do clube, se comparado com as opiniões de outros membros deste blogue, partilho a opinião de todos eles no essencial, e também eu gostava de um Benfica mais português. Mas entendo as razões pelas quais as coisas não são assim, os sinais dos tempos, os sinais da globalização, em que os campos de recrutamento deixaram de ser maioritariamente os espaços nacionais.

Basta olhar para o que se passa mesmo fora do nosso clube, se quisermos, para aquilo que se passa nos melhores clubes do mundo (excluindo o Barcelona, que tem aproveitado excepcionalmente os produtos de uma fantástica geração espanhola, que ao fim de mais de cem anos de futebol vive finalmente o seu período de ouro). Portugal também teve uma geração de ouro mas, de quantos dessa geração se poderia esperar que fizessem carreira num clube português?

Quantos jogadores portugueses fazem parte do onze do FCPorto? Quantos jogadores Italianos eram parte do onze do Inter de Milão recentemente campeão europeu? Quantos jogadores espanhóis fazem parte do onze do Real Madrid? Quantos jogadores ingleses fazem parte do onze das primeiras quatro classificadas do campeonato inglês, ManUnited, Manchester City, Arsenal e Chelsea? Verão que são muito poucos.

As razões são muitas, mas destaco a principal: a Lei Bosman.

É fácil vir aqui lembrar equipas do Benfica maioritariamente portuguesas, lembrar Bentos, Vitor Paneiras, Velosos, Chalanas, Rui Águas ou Diamantinos mas, a pergunta que eu gostava de fazer é: se fosse hoje, com as regras de hoje, quantos desses jogadores teriam feito de facto carreira no Benfica? Provavelmente nenhum. Andariam lá fora, se calhar em clubes menores mas, seguramente bem mais bem pagos.

A questão é que no passado, os clubes podiam apenas jogar com três ou quatro estrangeiros, eram essas as regras para todos, e o recrutamento nos territórios nacionais era obrigatório. O estrangeiro, por assim dizer, estava apenas destinado àqueles que eram de facto craques e já certezas, e completamente vedado àqueles que não passavam de promessas, eventualmente com um futuro risonho. Durante anos, Paulo Futre foi o único que andava lá por fora, seguiu-se Rui Barros, anos antes tinha sido Chalana. Contavam-se pelos dedos e, para a maioria, representar um dos três grandes de Portugal era o máximo que poderiam almejar. Se Eusébio fosse 40 anos mais novo, tinha jogado na Luz 6 meses e hoje tinha uma estátua em Madrid

Nos dias de hoje, qualquer puto de 18 anos que saiba dar uns toques na bola, tem as portas abertas em qualquer clube do mundo. Onde seria possível há quinze anos atrás, um miúdo dar no espaço de um ano o salto do Estrela da Amadora para o Vitória de Guimarães e de seguida para o Manchester United?!

Muito se tem falado em comissões, em que no Benfica só jogam jogadores com sotaque espanhol porque os portugueses não rendem dinheiro a empresários. Assim explicam o recrutamento de Kardec em detrimento de Nélson Oliveira ou de Menezes em detrimento de David Simão por exemplo. Admito alguns casos destes mas discordo na maioria.

Discordo porque compreendo a posição dos treinadores, principalmente em Portugal, em que muito raramente um treinador fica no clube mais do que um ano, e mesmo um ano já é demasiado tempo para a maioria. A pergunta que se impõe fazer e que para mim faz todo o sentido é: porque razão andaria um treinador a formar miúdos acabados de sair dos juniores de campeonatos de competitividade zero, sabendo que em 90% das vezes, não estará lá um ou dois anos depois para colher os frutos do seu trabalho?

Vejam-se os casos de Anderson e Nani no Manchester United. Em ambos os casos, jogadores já figuras no Porto e Sporting quando saíram, e que precisaram de três anos para se impor em Inglaterra. A diferença é que três anos depois, o treinador do Manchester United é o mesmo, e ele lá está para colher os frutos de três anos de trabalho árduo. Anderson deixou por exemplo de ser um “10” para passar a ser um “8”, e Nani transformou-se num soberbo jogador de futebol, e há dois anos esteve quase para ser dispensado. Porque razão seguiria Ferguson a mesma política, se andasse a investir em talentos que só iriam desabrochar quando ele já não estivesse lá? Se assim fosse, talvez ele preferisse ter investido num jogador já feito, se calhar com menor potencial de crescimento, mas que chegasse e rendesse logo. Manda a lógica actuar assim, quando se é escravo dos resultados imediatos.

Alguns dirão, pois, mas sendo assim, porque se contratam então no Benfica outros miúdos das mesmas idades e que vêm de outros campeonatos? A minha interpretação é que nenhum desses tais de sotaque estrangeiro são jogadores acabados de sair dos juniores. São jogadores que já têm uma ou duas épocas de futebol sénior e já são figuras nas suas equipas.

Jara e Gaitan por exemplo, apesar de jovens, chegaram à Luz já internacionais argentinos. Kardec foi eleito há um ano pela France Football (julgo), como um dos grandes prospectos mundiais do futebol futuro. Airton foi campeão pelo Flamengo onde era pedra basilar apesar dos seus 19 anos. Di Maria já era observado aos 18 anos por grandes equipas mundiais e o valor do seu passe demonstrava exactamente isso. Fábio Coentrão chegou à Luz quando já era a figura do Rio Ave. Jardel, que agora chega à Luz, era a figura do Olhanense. Continuam evidentemente a ser jogadores que precisam de crescer, mas não são exactamente caloiros a dar os primeiros pontapés no futebol sénior e com tudo para aprender.

E isto leva-me para aquilo que foram as prestações de David Simão, Nélson Oliveira e Rodrigo (Bolton)nos jogos que este fim de semana fizeram pelas suas equipas de empréstimo. Três boas exibições, e três jogadores que têm na minha opinião crescido imenso este ano e que começam já a largar o estatuto de caloiros para passarem a ser certezas.

E é aqui que a minha opinião diverge em muito da de outros colegas deste blogue, e é por isso que entendo que o seu empréstimo foi a decisão certa, é em competição que precisam de crescer, é em clubes menores que têm de se impor e ser figuras, para regressarem ao Benfica com outro estatuto, e principalmente com outra maturidade. A maturidade é essencial na hora de enfrentar os primeiros assobios que vêm da bancada. É aqui que muitos bons jogadores sucumbem.

Muitos miúdos foram queimados no Benfica por serem lançados às feras sem qualquer tipo de preparação: Pepa, Rui Nereu e tantos outros exemplos que poderia dar…

Alguns poderão dizer: pois, mas a cultura do Benfica está descaracterizada. Discordo, a cultura do Benfica está tão descaracterizada como está a dos grandes clubes do mundo. Mas a cultura dos grandes clubes, mais do que a nacionalidade dos seus plantéis, é ganhar! Isso é que é a cultura do Benfica, ganhar, independentemente das nacionalidades. O Sporting é fiel à sua cultura e é um clube que ameaça tornar-se rapidamente no Belenenses dos tempos modernos. Valeu a pena?

Em conclusão, começo finalmente a perceber em David Simão, Rodrigo e Nélson Oliveira, potencial para jogar no Benfica. Mas é importante que continuem a crescer, e que sejam capazes de se tornar nas figuras das suas equipas, presenças assíduas nos onzes, coisa que ainda não o são. Não chegam 20 minutos por semana. Julgo ser do mais elementar senso comum perceber que, se não forem capazes de se impor no Paços de Ferreira ou no Bolton, não é no Benfica que o irão fazer.

O que espero é ver estes jogadores de regresso à Luz num futuro próximo, e que os seus empréstimos tenham sido decisões ponderadas que visem essencialmente o seu crescimento para “repatriamento” futuro.

Três craques em perspectiva, oxalá não caiam no esquecimento.

إرسال تعليق

المشاركة على واتساب متوفرة فقط في الهواتف