Política de entrada/saídas do plantel: o que ter em conta?

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Monday, December 13, 2010

Política de entrada/saídas do plantel: o que ter em conta?

No seguimento do meu post anterior sobre o meu desapontamento da ida de Simão (que ao contrário do que o Público noticiou não está garantido no Besiktas) e Manuel Fernandes (já confirmado) para o Besiktas e da polémica que originou decidi fazer um post a explanar o que considero aproximadamente uma política de contratações adequada.
Vai ser um post comprido por que envolve diversas variantes. A política de contratações tem implicações directas em muitas outras áreas como finanças, política de formação de jogadores, renovação de contratos entre outros e como tal também irei abordar estes assuntos onde tenho uma posição diferente de alguns dos meus colegas de blogue.

Uma política de contratações inteligente num clube como o Benfica tem que ser variada e ter em consideração muitos factores o que torna este um dossier bastante complexo e que, por causa disso, exige alguém que trabalhe a tempo inteiro nesse papel.

Esta política tem que ser implementada por uma estrutura em que Presidente e/ou Vice-Presidente para a Área Financeira, Director Desportivo e Treinador tenham papéis definidos mas em que possa haver alguma fluidez, troca de opiniões.
O Presidente deve na minha opinião:
1 - Delegar no Director Desportivo a gestão das contratações e vendas de jogadores;
2 - Cingir-se a estabelecer um plafond de gastos, bem como de uma baliza de intervalo de dinheiro que deve ser ganho com vendas;
3 - Estabelecer relações com clubes e empresários amigáveis e incentivar a que trabalhem com o Benfica definindo com o Director Desportivo que uma percentagem dos negócios sejam feitos com esses clubes;

O Director Desportivo deve:
1 - Estar envolvido na negociação dos nomes dos jogadores a contratar, nas verbas e nos valores dos contratos (tendo em conta que este valor deve ter em conta quanto se paga ás estrelas do plantel);
2 - Discutir nomes com o treinador bem como estabelecer com este que jogadores já ao serviço do clube devem manter-se no clube;
3 - Definir sempre alternativas para cada jogador que o treinador queira, no caso de os valores do negócio serem incomportáveis ou caso aconteça algum imprevisto (do género o Porto roubar alguém...);
4 - Garantir sempre que o plantel começa a época com dois jogadores por posição e com jogadores de qualidade inquestionável em posições-chave no esquema táctico definido pelo jogador;
4 - Gerir a colocação de jogadores vindos da formação em "clubes-satélite" e aferir a possibilidade de ter alguns a rodar no plantel principal.

O treinador deve:
1 - Indicar nomes de jogadores que considera necessários para cada posição, tendo sempre um mínimo de dois por posição ;
2 - Indicar jogadores tendo em conta o esquema táctico estabelecido e a relevância que assumirão na táctica da equipa bem como de darem novas soluções tácticas á equipa;
3 - Ter em conta o estado financeiro do clube e o custo de cada jogador, tendo em conta que certos valores são simplesmente inaceitáveis para certas posições se o jogador não tiver uma qualidade e experiência inquestionáveis;
4 - Se possível integrar jovens formados no clube no plantel principal dando-lhes hipóteses de jogar.

Espero que depreendam daqui muitas das minhas críticas deste ano á gestão deste dossier por Vieira. Pura e simplesmente usurpou as funções de Rui Costa nesta área, tendo descurado outras áreas de gestão essenciais num clube de futebol e como um elefante numa loja de porcelana "partiu a loiça toda".

Depois de definidas as funções de cada uma das figuras-chave desta política estes 3 elementos principais devem reunir-se e definir a formação do plantel tendo em conta os seguintes factores:
Mais importantes a nível desportivo:
1 - A importância da posição no esquema táctico principal;
2 - As características físicas, técnicas e tácticas necessárias para cumprir o papel reservado na táctica usada;
3 - A experiência do jogador em jogar ao mais alto nível num campeonato de futebol rápido, agressivo e muito físico e em competições europeias com um grau de exigência ainda mais elevado (embora menos agressivo) - neste caso é importante que seja um jogador formado no futebol europeu ou então com experiência no futebol europeu por razões óbvias ou então que jogue fora da Europa mas seja indiscutivelmente bom (Ramires, Falcao, Pastore, Cardozo, Lucho);
4 - A capacidade de entrar na equipa titular de imediato e garantir rendimento elevado nos factores que definem a sua posição (ex. golos no caso de um ponta-de-lança, jogo de cabeça e de pés; no caso de um trinco recuperações de bola, percentagens de passes certos, capacidade física, etc);
5 - A idade do jogador e a sua capacidade de realizar estas funções no imediato (mais experiência- ex. Saviola/Aimar) o seu potencial em desenvolver-se num grande jogador no futuro (ex. Di Maria na 3ª época explodiu) sendo que o ideal será ser novo e realizar na perfeição as funções que lhe estão reservadas (Ramires, Javi Garcia, Coentrão);
6 - O número de jogadores existentes na mesma posição e as garantias que dão nessa posição (ex. O Benfica precisa de um lateral-esquerdo porque César Peixoto não dá garantias apesar de haver dois jogadores nessa posição);
7 - A polivalência, ou seja a capacidade de um jogador jogar em mais que uma posição de forma satisfatória ou fazer várias papéis durante o mesmo jogo (ex. Ruben Amorim e Ramires);
Mais importante a nível económico:
8 - O custo económico do jogador;
9 - O potencial retorno económico que o jogador pode garantir (descontando já o preço de compra);
10 - O rendimento desportivo esperado do jogador no imediato e no futuro tendo em conta o preço;
Outros factores a ter em conta:
11 - Ter em conta se existem jogadores formados no clube com elevado potencial para essa posição.
12 - Avaliar o perfil psicológico do jogador em aguentar a pressão;
13 - Avaliar a sua capacidade de relacionamento com colegas e superiores (saber se é conflituoso, bem-humorado, etc);
14 - Descobrir a capacidade para cumprir ordens.

Estes alguns dos factores que considero importantes ao definir as contratações e que sugiro que seja tido em conta quando se gerir esses processos.

E para mim reside aqui o problema desta época. Foram descurados inúmeros factores na contratação de jogadores esta época. Em comparação, as duas épocas anteriores foram bem planeadas no aspecto das contratações, sendo que o que falhou em 2007-2008 foram outros factores (o Quique Flores foi o principal culpado). Claro que houve contratações falhadas mas conseguir 100% de eficácia num processo tão subjectivo. Mesmo assim asseguraram-se grandes nomes como Aimar e Zoro e "achados" como Yebda e Ruben Amorim e contrataram-se portugueses que estavam "enterrados" em clubes de 2ª linha europeus e por quem ninguém dava nada como Carlos Martins (curioso que Rui Costa tenha dito que era o seu sucessor - quem acreditava que ele iria dar alguma coisa de jeito? Eu não pois achava-o um lunático que fervia em pouca água capaz do melhor e do pior no mesmo jogo).
Na época 2008-2009 contrataram-se 3 grandes jogadores que entraram de estaca na equipa principal: Javi Garcia, Saviola e Ramires e decidiu-se apostar e muito bem num jovem promissor chamado Coentrão, além de que se fizeram óptimos negócios em relação qualidade/preço como Weldon (na minha opinião a "arma secreta" que faz lembrar outros como Sanchez) que valeu pontos importantíssimos num momento crucial da época em que as estrelas principais estavam nos limites físicos e Julío César que mostrou ser um Guarda-Redes de confiança apesar de um jogo infeliz contra o Liverpool (também fez um jogo fabuloso com o Marselha mas desse poucos se querem lembrar...). Isto sem mencionar a entrada no plantel principal de jovens como Miguel Vítor, Roderick Miranda.

Se analisarmos estes nomes observamos que nas contratações em geral vários destes factores foram tomados em conta em cada uma das duas épocas anteriores. Contrataram-se jogadores com um misto de experiência e juventude, com conhecimento do campeonato português e do futebol europeu em geral e promoveram-se jovens do clube no plantel principal tendo sempre em conta o custo-qualidade de cada uma destas opções e que papel estes jogadores iriam desempenhar na equipa bem como a relevância do seu papel. Ou seja nas duas épocas anteriores fizeram-se contratações em que não ficou descurada nenhum dos factores a ter em conta na construção do plantel. Por isso elogio a Direcção e defendi, neste blogue na caixa de comentários o Vieira e o Rui Costa: Rui Costa desempenhou o papel de Director Desportivo na perfeição e Vieira o de Presidente, dando autonomia a Rui Costa tal como dá autonomia a quem gere as modalidades amadoras.

Esta época nota-se claramente que as contratações não foram feitas por completo por manifesta incapacidade de quem se responsabilizou por elas. Sem querer especular e dizer que é por ganância, incompetência, interesses ocultos vamos assumir que LFV não assegurou as contratações necessárias por manifesta falta de tempo nesta pré-temporada. É humanamente impossível desempenhar dois papéis ao mesmo tempo: o de Presidente e de Director Desportivo.

As contratações que foram feitas não aparentam terem sido feitas tendo em conta alguns dos factores de nível desportivo nem alguns dos factores do nível económico. Tanto Gaitán como Jara foram jogadores com um elevado custo económico e que no imediato não garantiam o rendimento necessário nas funções que supostamente iriam desempenhar na equipa.
Jara tem menos pressão sobre ele pois não é esperado que substitua Saviola no imediato mas que cresça no plantel. É um jogador jovem de quem se espera um rendimento desportivo elevado no futuro bem como um retorno económico elevado, isto tendo em conta o que se pagou por um jovem que jogava num clube mediano da Argentina.
Gaitán é um caso mais dramático. Custou 8,4 milhões de euros sendo esperado dele que conseguisse substituir Di Maria sem que a equipa sentisse oscilações de rendimento do seu lado. Tendo em conta que é um jogador que não é extremo puro, só tem 23 anos e nunca tinha jogado na Europa esta decisão é questionável. Se tivesse sido aposta para o futuro teria menos pressão em cima dele - o que não é o caso quando faltam jogadores com mais experiência no futebol europeu.
Fábio Faria é um caso especial de um jovem promissor português, que pelos vistos não agradou tanto a Jesus como o esperado. O seu custo foi relativamente baixo e é uma aposta para o futuro que apesar de não ter funcionado no imediato poderá funcionar no futuro ou servir de moeda de troca.
Airton e Kardec são contratações que também considero que devem ser inseridos nesta análise. São jogadores jovens promissores e foram contratados a preço acessível. Airton é uma certeza: campeão brasileiro pelo Flamengo habituado a dominar um meio-campo defensivo, marcar organizadores de jogo de alto nível e com um físico impressionante. Se Javi não estivesse no Benfica seria certamente titular. Éder Luís foi um inadaptado que provavelmente merece uma 2ª oportunidade pelo que fez esta época no Brasil (se Roger mereceu 3, o Balizas bem que merece outra!).
Roberto foi uma má contratação. Caro a nível económico, foi contratado com a clara intenção de ter um rendimento desportivo superior a Quim e não pelo seu potencial para o futuro apesar de ser jovem. O que se obteve foi um jogador frágil psicológicamente que felizmente foi bem trabalhado mas não a tempo de prevenir certos prejuízos desportivos além dos económicos quando haviam imensos guarda-redes de grande-qualidade no mercado a preços baixos.

Agora vamos ter em consideração as saídas da equipa titular: Di Maria, Ramires e Quim. Ou seja, saíram dois jogadores cruciais na manobra ofensiva da equipa, e no caso de Ramires na defensiva além de um guarda-redes que garantia segurança á defesa. Gaitán não demonstrou que era um jogador para substituir Di Maria no imediato mas sim para o futuro. Ramires não foi substituído.
E temos que ter em consideração que vários jogadores que são peças-chave estavam e estão em péssima condição física: Ruben Amorim lesionou-se no Mundial, Maxi Pereira fez 7 jogos no Mundial mais os amigáveis de preparação pelo Uruguai, Cardozo esteve lesionado e quando recuperou jogou pelo Paraguai, Coentrão jogou consecutivamente e teve poucas férias, Luisão foi convocado mas felizmente não jogou. Consequentemente, aparecem lesões durante a época como aconteceu com Cardozo e Ruben Amorim, que era o único jogador do plantel de desempenhar as mesmas funções que Ramires.
Para além disso, estes jogadores não tiveram a hipótese de trabalhar em conjunto durante a pré-época por várias semanas de modo a ficarem em patamares físicos idênticos e com rotinas de equipa com os novos companheiros.
Uma receita para a catástrofe: não só se perdem duas pedras nucleares na equipa que não são substituídos por reforços com a mesma qualidade como isso acontece num momento em que há pouco tempo de recuperação física dos outros jogadores nucleares da equipa.

Torna-se claro, até pelas movimentações de pré-temporada de LFV, declarações de Jesus e alguns negócios aparentemente sem nexo que ficaram contratações por fazer. Jesus apontou a necessidade se contratar um substituto directo de Di Maria para o imediato, LFV emprestou Urreta ao Coruna para assegurar Jurado mas algo falhou. Quaresma e Simão também foram pedidos por Jesus. Para o lado direito acho que escuso de relembrar a novela Wesley/Elias...

É por demais evidente que falta ao Benfica jogadores que assegurassem no imediato o rendimento dado por Ramires e Di Maria nas suas posições complementado as entradas dos jovens - a contratação de jovens como Gaitán, Jara, Kardec e Airton são boas contratações mas quando complementadas com a entrada de jogadores com mais experiência como aconteceu em anos anteriores. Isto para manter aquilo que nunca pode ser descurado no Benfica: a CONSTRUÇÃO DE UMA EQUIPA PARA SER CAMPEÃ TODOS OS ANOS. Uma ideia que neste momento parece ser estranha para muitos.

Daí que ache importantíssimo a contratação de jogadores experientes nos campeonatos europeus, se forem jogadores com conhecimento do campeonato português e da realidade benfiquista, mais rápida a adaptação.
Simão, Manuel Fernandes e, num caso menos premente Hugo Almeida asseguram uma rápida adaptação e, no caso dos dois últimos ainda teríamos jogadores para muitos e bons anos e com potencial de revenda. O que se gasta nos seus salários seria o poupado na verba a pagar aos clubes e no caso de Simão podia-se jogar com a arma do sentimento: o jogador saiu do Benfica para fazer o contrato da sua vida e fê-lo. O Besiktas para ele agora será um bónus extra.

Mesmo que não venham estes jogadores para o Benfica, acho essencial assegurar a vinda de jogadores com experiência e capacidade de entrarem na equipa no imediato pois jovens com potencial já temos bastante e sugiro vivamente que esse seja o perfil das contratações a fazer em Janeiro porque ainda existem muitos objectivos por conquistar.

Para além disso existem imensos jovens com potencial no Benfica que devem ser aproveitados.
Concordo com a política da Direcção em que esse jovens sejam postos a rodar e a ganhar experiência competitiva em clubes pequenos ou estrangeiros pois os campeonatos júniores são de baixíssima exigência.

Cada vez que Nélson Oliveira joga e marca pelo Paços mais cresce como jogador e mais preparado fica para assumir papel de relevo no Benfica num futuro próximo.
Miguel Vítor precisava de jogar para ganhar experiência e está a adquiri-la em Leicester num campeonato que tem facilmente um nível igual ou superior ao português (tirando os 3 grandes) e onde adquire experiência que lhe permitirá ser o próximo "patrão" da defesa encarnada.
Urreta, depois de uma lesão, está a ganhar maturidade e ritmo competitivo no 2º campeonato mais competitivo da Europa isto depois de ter sido a figura do campeonato uruguaio.
Roderick para mim devia ter sido emprestado para rodar e ganhar experiência, falando num plano estritamente desportivo. Porque não emprestá-lo ao Guimarães que estava necessitado de centrais e onde iria jogar para uma massa associativa tão exigente como a do Benfica? Assim fica estagnado porque está completamente tapado no Benfica.
E ainda há que mencionar jovens como David Simão que também pode crescer muito no Paços e os jovens jogadores que estão a crescer na Liga de Honra, dos quais destaco Miguel Rosa.

Para o ano espero ver alguns destes jovens no plantel principal e a assumirem um papel cada vez mais relevante no Benfica e a sua presença é outro dos motivos porque não acho necessário que se contratem mais jogadores argentinos ou brasileiros com pouca capacidade de garantir rendimento imediato nos parâmetros necessários da sua posição no imediato.
Para jovens com potencial temos muitos por aproveitar (e nem mencionei Rodrigo) e prontos a seguir as pisadas de Coentrão.

Esta é a sugestão que faço á Direcção do Benfica e um diagnóstico do que falhou na planificação das entradas/saídas tendo em conta o desgaste de jogadores nucleares da equipa com o mundial.
Claro que muito disto é no plano teórico e acredito que haverá muitos outros factores de que nem me lembrei bem como tem que haver maior dinâmica na relação entre as pessoas. Mas é como diz o ditado: "Se o futebol fosse só teoria o Luís Freitas Lobo era melhor que o Mourinho!".
Leiam o tópico do sou Benfica sobre a entrevista patética de Jacinto Paixão.

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