Leitura Obrigatória - Enviem ao Presidente

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السبت، 11 ديسمبر 2010

Leitura Obrigatória - Enviem ao Presidente

O SouBenfica que me desculpe, mas (em bom português) estou-me a cagar para o que diz o Presidente! No que me diz respeito ele perdeu toda a credibilidade e competência para continuar a gerir os destinos do Clube, pelo que até novas eleições deve lá continuar mas eu não engulo mais dessas tretas com que ele tenta intimidar os benfiquistas.

O que gostaria de partilhar convosco, foi um artigo que li na Gloriosafera (um excerto de um livro) e que vos poderá ajudar a perceber muitas movimentações no SLBenfica. Desde a saída do "incómodo José Veiga" e agora do Rui Costa, até aos motivos para não apostar em Portugueses, passando pela proximidade com Mendes, à qual se seguiu a do Kia e agora mais recentemente a decisão da UEFA para o Mundial de 2018. O texto é extenso, mas merece ser lido com atenção!

[ACTUALIZAÇÃO] - A crítica é aos abutres que gravitam em torno do SLBenfica! Os que procuram criticar por criticar, tentem esforçar um bocadinho o que acreditam ser a sua inteligência e não comecem a interpretar as coisas ao contrário!


Entrar no jogo – Oligarcas, permutas de jogadores e aquisições

Ao longo dos últimos anos, o envolvimento da Rússia no futebol mundial tem evoluído, de modo cauteloso e dissimulado, numa nova direcção. Isto inclui um maior número de tentativas de aquisição de clubes ocidentais em dificuldades financeiras, desde o Feyenoord da Holanda ao espanhol Deportivo la Coruña e ao Corinthians do Brasil. A Media Sport Investment (a empresa proprietária do Corinthians e, alegadamente, uma organização de fachada do magnata Berezovsky) tem estado envolvida em negociações — até ao momento sem êxito — com vista à aquisição do West Ham, um clube londrino da
1.ª Liga inglesa.

Mais bem sucedida foi a aquisição, por 6 milhões de euros, do clube escocês Heart of Midlothian por Vladimir Romanov, o dono do banco Ukio, sediado em Vilna, a capital da Lituânia. O seu modo caprichoso de promover (tornou o seu filho inexperiente, Roman, presidente) e de demitir tem provocado grande alarme no clube. Porém, Romanov alcançou o seu objectivo confesso de transferir o seu banco para um importante centro financeiro europeu (Edimburgo) de modo a melhorar a sua credibilidade.

Esta nova tendência inclui também, de modo mais sinistro, a compra e venda de acções dos valores de transferência dos jogadores, uma espécie de especulação bolsista sobre os «futuros dos jogadores». À semelhança de muitos negócios duvidosos em todo o mundo, é difícil identificar e expor as forças em actividade por detrás das empresas e agentes de fachada. Dispomos apenas de algumas peças avulsas de um puzzle que parece formar, de modo evidente, os vagos traços fisionómicos de Abramovich e Berezovsky.
Em Janeiro de 2004, Jorien van den Herik (Herik, 2004), presidente do holandês Feyenoord, anunciou publicamente que rejeitara uma proposta russa para a compra de uma quota maioritária das acções do clube. «Podíamos ter recebido uma importante injecção de dinheiro», declarou van den Herik, «mas, enquanto for eu a mandar, não venderemos o nome, a cultura e a identidade deste clube a nenhum magnata russo».

Alguns dias mais tarde, Augusto Lendoiro (Lendoiro, 2004), presidente do clube espanhol Deportivo la Coruña, revelou a existência de interesse russo pela compra de acções do clube: «Recebemos telefonemas da Rússia
e da Inglaterra […] Não sei se é Abramovich, mas é possível que se trate de alguém próximo dele.»

Em Novembro do mesmo ano, um dos mais importantes clubes de futebol brasileiros, o Corinthians, foi comprado por um homem de negócios misterioso, Kia Joorabchian, em nome de uma empresa chamada Media
Sport Investment. A MSI liquidou as dívidas do clube com um cheque de 20 milhões de dólares e assinou um «acordo de parceria» que deu como garantia um mínimo de 35 milhões de dólares contra 51% dos lucros.

Seguidamente, o clube comprou o «jogador do ano» sul-americano, Carlos Tevez, ao clube argentino Boca Juniores por cerca de 22 milhões de dólares — uma quantia quatro vezes superior à de qualquer taxa de transferência jamais paga por um jogador de futebol no Brasil. Subsequentemente, o Corinthians comprou Carlos Alberto, um jogador do FC Porto.

O que era a MSI e quem era Kia Joorabchian? Pouco depois transpirou para a imprensa que a MSI tinha sido formada havia apenas três meses, em Agosto desse ano, e que não possuía capital próprio, mas estava autorizada a movimentar fundos de empresas registadas nas Ilhas Virgens britânicas.

Quanto a Joorabchian, os jornalistas de Buenos Aires e de São Paulo não tardaram a descobrir a sua ligação aos russos. Em 1999, Joorabchian fizera as vezes de procurador de Boris Berezovsky na compra de um influente jornal comercial russo, o Kommersant. O Partido Popular Socialista, que governa o Conselho Municipal de São Paulo, pôs em marcha um inquérito que chegaria à seguinte conclusão:

Há provas suficientes de que a parceria Corinthians-MSI está a ser utilizada com propósitos de branqueamento de dinheiro.

Ivestigadores identificaram Boris Berezovski como uma provável fonte de fundos e indicaram como outra das fontes o magnata georgiano Patarkatsishvili. Este último tinha sido parceiro de negócios de Berezovsky
antes de ser forçado a abandonar Moscovo e a regressar à sua cidade natal de Tbilisi, na Geórgia, onde as suas actividades cobrem uma série de áreas, desde o petróleo aos casinos. Patarkatsishvili financiou os atletas da Geórgia enviados às Olimpíadas de Atenas, pagou 100 000 dólares a cada um dos seus dois medalhistas de ouro e é o dono do Dínamo de Tbilisi. Significativamente, após a aquisição do Corinthians ocorreu uma permuta de jogadores: três brasileiros rumaram à Geórgia e quatro jovens jogadores georgianos a São Paulo.

Se bem que, em Fevereiro de 2005, Joorabchian tenha sido expulso do Brasil e proibido de exercer qualquer actividade de negócios no país, o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, admitiu ter tido diversos contactos com Berezovsky e Patarkatsishvili, anunciando também que Berezovsky integrava um plano de 50 milhões de dólares para a reconstrução do estádio do Corinthians.

A estratégia da MSI parece incluir a compra de contratos dos jogadores, ou de uma parte dos contratos, e a venda dos mesmos a quem oferecer mais dinheiro. As duas estrelas argentinas compradas pela MSI, Tevez e
Mascherano, estavam na iminência de serem compradas por um grande clube europeu — provavelmente, o Chelsea, o Real Madrid ou a Juventus. Dos outros jogadores argentinos que terão sido comprados pela MSI, um deles encontra-se actualmente a jogar no Barcelona e o outro está a caminho do FC Porto.

O caso que melhor ilustra a estratégia da MSI é o de Nuno Assis. Um dos médios mais talentosos de Portugal, Assis, foi transferido do Vitória de Guimarães para o Benfica em Janeiro de 2005 — aparentemente, tratava-se
de uma transferência normal entre dois clubes portugueses. Contudo, a taxa de transferência de 600 000 euros foi paga pela MSI, que seguidamente transferiu o seu registo para o Dínamo de Moscovo; por seu turno, o Dínamo emprestou Assis ao Benfica. O agente por detrás do negócio foi Jorge Mendes, director executivo da Gestifute, a empresa envolvida em quase todas as mais importantes transferências de futebolistas portugueses nos últimos anos (incluindo a do treinador Mourinho para o Chelsea). Além
de receber a percentagem normal pelas transferências dos jogadores (Ronaldo, Postiga, Viana, etc.), a Gestifute faz dinheiro ao comprar e vender percentagens dos valores de transferência dos jogadores.

Embora a Gestifute e a MSI sejam entidades separadas, a sua forte ligação comercial sugere que este poderá muito bem ser o modo de operação da MSI, através da qual os magnatas russos investem na especulação em
torno dos «futuros dos jogadores». Este mecanismo, no sentido em que representa a entrada no mercado de forças radicalmente novas, poderá implicar uma mudança dramática no mercado de transferências tradicional.

De acordo com David Shonfield (Shonfield, 2005): Não há dúvidas de que a MSI conta com financiadores russos/georgianos — quatro ou cinco, além de um inglês e de um espanhol, de acordo com Andres Sanches, vice-presidente do Corinthians — e é já uma força no mercado de transferências. A Gestifute tem feito negócios com a MSI e goza de uma relação de confiança com o Chelsea e o Dínamo de Moscovo. É também inconcebível que Abramovich e os seus conselheiros não estejam a monitorizar atentamente os investimentos
futebolísticos de outros homens de negócios russos.

Os oligarcas russos são homens de uma imensa fortuna pessoal e peritos na especulação sobre futuros. Neste caso particular trata-se do valor futuro de jogadores de futebol talentosos. A origem do capital que financia o futebol russo e o alcance tentacular dos oligarcas russos no futebol mundial continua a ser um segredo bem guardado. Os clubes russos e os seus investidores não se têm mostrado dispostos a revelarem as suas contas e a lei não os obriga a fazê-lo. Para os investidores e branqueadores de dinheiro, a atracção deste negócio reside também no facto de ter uma carga fiscal mais leve do que outras áreas económicas e de estar menos sujeita ao controlo governamental. Mas ninguém admite abertamente que possui ligações com a mafia e o branqueamento de dinheiro através das transferências.

Na Rússia os oligarcas são alvo de desprezo geral. Como escreveu Nikon Alexeyevich (Alexeiyevich, 2005), director da Polity Foundation de Moscovo:

«A vasta maioria dos russos acredita que os oligarcas roubaram esses bens. Há um enorme ressentimento contra eles e contra a sociedade terrivelmente desigual que hoje temos em consequência disso.» O que atrai os oligarcas à Grã-Bretanha é sobretudo a variedade de vantagens que o país lhes oferece. Segundo Hunt, essas vantagens incluem: Uma caldeirada onde se misturam os benefícios fiscais, o sector de serviços financeiros e uma ampla oferta de firmas de advocacia especializadas em direito empresarial para os infindáveis litígios que os perseguem. Agrada-lhes também a história e a herança cultural da Grã
-Bretanha, bem como a atitude da alta sociedade, que aceita «sem fazer perguntas» estes fabulosos novos-ricos.

Assim, por que razão o governo britânico, a Football Association e os adeptos proporcionam um tal paraíso offshore ao dinheiro sujo dos homens que pilharam as riquezas da Rússia? Bruce Buck (Buck, 2005), advogado de Abramovich e presidente do Chelsea, admite com franqueza: «É difícil comprar clubes europeus, já que muitos deles pertencem às comunidades. Mas aqui dispomos de uma verdadeira estrutura empresarial.» Ou seja, os clubes de futebol britânicos não são cooperativas ou sociedades mútuas, mas companhias limitadas e sociedades anónimas, muitas das quais em grandes dificuldades financeiras.

No seu artigo incluído no presente volume, Stephen Wagg (Wagg, 2006) explica do seguinte modo a atitude ambivalente dos adeptos do Chelsea para com Abramovich:
[…] o discurso convencional das reportagens […] despolitiza Abramovich […] na história do Chelsea, Mourinho é visto como o produtor e Abramovich apresentado sobretudo como consumidor […] Abramovich é
exactamente igual a nós: um adepto, um homem comum que tem a paixão do futebol, que apoia a sua equipa e gosta de celebrar os seus sucessos.

Contudo, Adam Brown, no artigo que publica neste volume (Brown, 2006), conta-nos uma história diferente relativamente à aquisição do Manchester United pelo milionário norte-americano Malcolm Glazer: «Os
adeptos viram-se forçados por lei a vender as suas acções, entregando o Manchester United nas mãos de um homem de negócios que não tivera até ao momento qualquer interesse pelo clube ou ligação ao mesmo.» Enquanto o russo Abramovich é geralmente aceite pelos adeptos do Chelsea, o americano Glazer não goza de similar aprovação.

Esta compra do sucesso de um só clube não é uma prática universal. Nos Estados Unidos, a NFL (American Football League) procura alcançar o «equilíbrio competitivo», que é vital ao sucesso do desporto; assim, a NFL reparte as receitas por entre todos os clubes. Na Grã-Bretanha, pelo contrário, Roman Abramovich pode gastar todo o dinheiro que lhe apetecer para concentrar no Chelsea os melhores jogadores do mundo. E ninguém na FA ou no próprio Chelsea põe em questão o direito de o fazer.

Contudo, como em todos os negócios, a situação é precária e pode mudar a qualquer momento, com os oligarcas a abandonarem os clubes que presentemente patrocinam, deixando atrás de si o caos e dívidas descomunais. Porque, no fim de contas, o futebol não é exactamente o jogo deles.

Excerto do livro: "Entrar no jogo: pela Rússia, pelo dinheiro e pelo poder"
Jim Riordan – Análise Social, vol. XIL (179), 2006, 477-498
Tradução de Rui Cabra

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