A mística

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الخميس، 16 ديسمبر 2010

A mística

Já várias vezes referi aqui aquilo que considero uma das maiores pechas evidenciadas pelas Direcções de Luís Felipe Vieira nos últimos dez anos: a péssima política de comunicação. Luís Felipe Vieira não é um “bom falante”, não tem traços de líder natural, as suas aparições públicas em entrevistas televisivas têm normalmente os timings errados e revelam falta de sumo.

Jorge Jesus também não é exactamente um bom orador, capaz de passar para o exterior uma imagem de confiança e serenidade, existe Rui Costa, esse sim, para mim o único que sempre que fala, fala bem, culto, calmo e ponderado, as palavras saem da sua boca tão redondinhas como as bolas saíam dos seus pés de mágico.

O Benfica é, infelizmente, um clube que normalmente, quando os resultados desportivos não aparecem abana, e abana muito. Chovem acusações, cresce a instabilidade, procuram-se culpados e rolam cabeças. Mas se as falhas ao longo dos últimos dez anos foram muitas, parece-me justo lembrar aqui aquilo que considero uma excepção exemplar, que espero eu se torne a regra, que foi a mensagem perfeita que esta direcção e este clube souberam passar para o exterior, a imagem de um clube unido e com um caminho bem traçado numa hora difícil.

Contrariando as capas de jornais que começavam a sair em catadupa anunciando tempestades com objectivos bem claros, contrariando até a ideia que se começava a querer passar, de que Luís Felipe Vieira se preparava para “queimar” mais uma vez um treinador e procurava desperadamente salvar a pele fazendo de Jesus o bode expiatório, eis que o clube funcionou exactamente como tinha de funcionar numa altura crítica:

- Luís Felipe Vieira veio a terreno sublinhar o seu apoio ao treinador, dizendo que ele não é o problema mas sim a solução.

- Jorge Jesus defendeu a direcção, quando confirmou que de facto Luís Felipe vieira falou verdade quando disse publicamente que lhe foi dado o plantel que queria.

- Jorge Jesus defendeu os jogadores quando assumiu a culpa dos maus resultados desta época, assumiu erros, ambição exagerada, e disse claramente que não ia enfiar a cabeça na areia como as avestruzes e reconhecia alguns problemas.

- Os jogadores defenderam Jorge Jesus, nomeadamente Luisão e Ruben Amorim, numa manifestação clara de que o plantel está com o treinador.

Se as coisas são realmente assim, o tempo o dirá. Se este é um discurso orquestrado que visa camuflar fissuras não assumidas, pouco importa. Este é o discurso que o Benfica precisava neste momento, uma mensagem clara para dentro e para o exterior, essencial para por cobro à especulação jornalística que começava a existir.

Se muitas vezes a direcção esteve mal nas suas intervenções públicas, parece-me justo lembrar aqui aquilo que para mim foi uma demonstração exemplar daquilo que deve de ser a política de comunicação de um clube numa hora destas.

Uma última palavra para David Luíz. Não está a ter a época que queria, nem que os Benfiquistas queriam mas, este é daqueles a quem perdoo tudo. Exemplar a sua intervenção no fim de um dos últimos jogos no flash inteview, quando assumiu a época menos conseguida que está a ter até ao momento, assumindo porém o seu amor ao clube, e a consciência tranquila, porque quem trabalha como ele e dá o máximo como ele faz, dorme sempre tranquilo e não tem de se envergonhar de nada.

E exemplar mais uma vez quando depois da despedida inglória da Liga dos Campeões foi dos poucos (o único?) a parar o carro à saída da garagem, e saindo mesmo da viatura para dialogar com os adeptos que manifestavam a sua ira.

Bem sei que o “nosso” David não está a ter a época de sonho que todos preconizávamos e terá até o seu destino provavelmente traçado mas, este vai-me deixar saudades porque é muito mais do que um excelente futebolista, é um Homem com um “H” muito grande.

Ao contrário de muitos craques que por aqui passaram sempre com um pé dentro e um fora, deste a camisola da águia sempre mereceu o mesmo respeito, nos tempos em que os adeptos cantavam o seu nome e também nos tempos em que as coisas não lhe corriam tão bem.

A Luz até pode ter sido para ele um apeadeiro de uma viagem mais longa mas, sabemos que sai daqui Benfiquista, que foi jogador e foi adepto, que sentiu as vitórias e as derrotas com o mesmo fervor que qualquer um de nós.

Por mim, ficava para toda a vida! São homens como ele que dão vida à mística de um clube. Mas se for, que saia pela porta grande como um filho da Luz, que vá e seja feliz, esta será sempre a sua casa

P.S. As boas vindas ao novo escriba deste blogue: O BenficaSempre. Boa sorte nesta tua nova aventura, serás seguramente um valor acrescentado.

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