Monday, November 29, 2010
No seguimento dos meus posts de análise sobre a realidade do Benfica tanto ao nível dos erros cometidos nesta pré-época que levaram ao desmontar uma estrutura vencedora e sobre como, na minha opinião, um movimento de oposição deve agir para ser uma oposição credível a esta Direcção liderada por Luís Filipe Vieira vou concluir esta análise com o protagonista que considero a peça-chave na definição do papel que o Benfica vai ter no futebol português nos próximos anos bem como de quem vai assumir as rédeas de poder do Benfica: Rui Costa.
Antes de tudo convém salientar que muito do que se fala sobre mau ambiente entre Jorge Jesus e Rui Costa não passa de especulação. Duvido muito que esse mau ambiente seja tão acentuado pois se há algo que ninguém possa ter dúvidas é de que Rui Costa é altamente profissional e, independentemente do nome do treinador tenta sempre disponibilizar os melhores jogadores possíveis para qualquer treinador.
Considero que Rui Costa é dos melhores Directores Desportivos do Benfica desde Gaspar Ramos (apesar da burrice que foi a contrataçao de Artur Jorge este homem enquanto dirigente combateu o Porto como pode e deu imensos títulos ao Benfica além de 2 finais da Taça dos Campeões Europeus e isto em momentos conturbados do clube a nível financeiro - ou seja em condições piores do que as que Vieira tem hoje á disposição). As várias razões para eu pensar assim incluem estas em particular:
- Dá cobertura ás equipas técnicas e plantel dando o peito ás balas sempre que necessário;
- Sabe mandar as bocas certas no momento certo não permitindo o galvanizar dos corruptos (como a boca sobre os jogadores desviados pelos corruptos o ano passado se devem á incompetência do departamento de prospecção portista);
- Enquanto tinha a gestão das contratações em seu cargo soube conjugar uma política de aposta em jovens valores ligados a empresários com quem o Benfica tem relações privilegiadas (Kia e Bertolucci) com a contratação de jogadores consagrados e/ou com experiência no futebol europeu como Suazo, Aimar, Saviola, Javi Garcia entre outros;
- Até ao momento, nunca se notou que deixa de apoiar uma equipa técnica por desaguisados pessoais.
- Tem a escola de dirigismo italiana. O que parecendo que não, quer dizer que sabe lidar com mafiosos e polvos (em Portugal há um polvo em Itália há muitos...)
Pode haver quem argumente que Veiga é melhor, mas para mim Veiga não é melhor como Director-Desportivo. O papel que Veiga desempenha muito bem é saber mexer-se nos bastidores e meter as mãos na porcaria do nosso futebol e a sabotar as jogadas dos corruptos. É importante ter alguém que faça isso - um papel que para mim devia caber essencialmente ao Presidente e quanto muito a um Vice-Presidente.
Rui Costa sempre soube desempenhar as suas funções ao melhor nível e considero que muito do mérito nos títulos conquistados nos ultimos 2 anos (duas Taças da Liga e um Campeonato) deve ser atribuido a ele.
Um dos motivos que me levam a criticar Vieira tão acerrimamente foi a forma como usou Rui Costa. A partir do momento em que o Benfica foi campeão, a primeira preocupação de Vieira foi esvaziar o papel de Rui Costa enquanto Director Desportivo em público numa entrevista em que o atacou, com a alteração dos estatutos elevando o número mínimo de anos de sócio para se ser Presidente para 25 barrando a sua candidatura em 2012 e assumindo a gestão do plantel (entradas e saídas, renovações, etc) com os resultados que se conhecem nesta época após não precaver a saída de Ramires nem indo buscar um dos grandes nomes pedidos por Jesus para lutar pelo título e para fazer uma melhor figura na LC.
A mim, causa-me confusão ver o papel menor que lhe foi reservado no Benfica deste ano especialmente tendo em conta o que alcançou no clube tal como me indigna que surjam notícias a tentar ligá-lo a negócios obscuros e situações estranhas como a falência da agência de jogadores do seu primo. Rui Costa é das poucas pessoas nesta Direcção que tem um passado benfiquista inquestionável e ataques ao seu carácter são absolutamente ridículos especialmente tendo em conta que abdicou de um salário anual de 5 milhões de euros para representar o Benfica!
Agora querem-me fazer crer que precisa de se meter em negociatas manhosas para sacar uns trocos? Não duvido que receba alguma comissão dos negócios de jogadores pois também tem que ganhar algo para viver mas é alguém desinteressado em viver á custa do clube e sim mais interessado em assegurar negócios vantajosos para o clube ao invés de bons para os intervenientes no negócio (como faz um certo Presidente que desde que chegou ao clube criou uma fortuna que não tinha...).
No entanto, tendo em conta as humilhações a que o Benfica tem sido submetido esta época várias vozes criticaram Rui Costa por ser conivente com a situação.
Contudo, a atitude de Rui Costa tem sido a mais correcta. Não dá o peito ás balas porque não tem que assumir responsabilidades por uma situação de que não é responsável mas também não critica Vieira ou Jesus criando ainda mais instabilidade interna.
Convém não esquecer que o Benfica ainda tem imensos objectivos por atingir esta temporada: Taça de Portugal, Taça da Liga, Liga Europa e apesar de tudo fazer o melhor campeonato possível.
Por isso considero que Rui Costa tem que agir da maneira que mais defende os interesses do clube (acho que é dos únicos membros desta Direcção que pensa em defender primeiro os interesses do clube que os seus próprios interesses): tem que ficar calado até ao final da época sobre os erros cometidos por outros, tentar blindar ao máximo o plantel e colocar todos a remar na mesma direcção de modo a garantir algum dos objectivos do clube.
Chegado o final da época, Rui Costa tem que reflectir profundamente sobre o que pretende para o Benfica: o amadorismo reinante com esta Direcção á deriva ou levar o clube para um novo rumo. Devido á sua reputação imaculada junto dos sócios Rui Costa detém um capital de influência que só Eusébio pode igualar.
Logo, Rui Costa tem uma posição de força inigualável no Benfica e no final desta época deve fazer-se valer desta força:
- Forçando mudanças no comportamento de Luís Filipe Vieira e recriando uma estrutura vencedora no clube, deixando a Vieira um papel institucional (limitado á defesa dos interesses do Benfica nos orgãos do dirigismo do futebol português e no relacionamento com instituições como bancos, Estados, outros clubes, etc)
- ou demitindo-se e assumindo-se como uma força aglutinadora de algum movimento que queira desafiar Vieira na liderança do clube retirando um dos poucos factores de credibilidade desta Direcção junto dos sócios.
A força e a legitimidade desta Direcção cinge-se ao sucesso desportivo que o clube alcançará (e esta época está a ser desastrosa com o principal objectivo - o campeonato - quase inalcançável e o segundo objectivo - chegada á 2ª fase da LC - falhado com estrondo) e ao apoio de Rui Costa a Vieira. Sem este apoio esta Direcção não teria tido a legitimidade para se comportar como se comportou no processo eleitoral nem teria alcançado os resultados que alcançou. Ou alguém duvida que se Rui Costa tivesse apoiado José Eduardo Moniz, as eleições teriam sido antecipadas como foram?
Rui Costa, no final desta época tem que reflectir se este é o Benfica em que acredita, se está satisfeito com o irrelevante papel que lhe foi destinado depois de ter sido uma das peças fundamentais na conquista do último título e se quem está no clube é o melhor para ele.
Basicamente Rui Costa é o King-maker. A sua palavra e as suas acções são essenciais para definir quem manda no Benfica e se ele souber e estiver disposto a capitalizar este seu papel, na minha opinião o Benfica só sairá a ganhar.
Na minha opinião se alguém quiser criar uma oposição credível a esta Direcção terá que assegurar o apoio de Rui Costa e reservar-lhe um papel de destaque na gestão desportiva do clube.
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