Quanto amor se compra com 200000 libras por semana?

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Thursday, November 4, 2010

Quanto amor se compra com 200000 libras por semana?

Excertos do futebol moderno: Para reflectir...

A propósito do caso Wayne Rooney, que seguramente também chegou a Portugal mas que aqui, em Inglaterra tem alimentado folhas e folhas de jornal, deixo aqui excertos de comentários proferidos por Alex Fergusson, Harry Reknapp, e Assou-Ekotto, excertos memoráveis, e que nos ajudam a compreender melhor o futebol de hoje, e a razão, por exemplo, porque é quase impossível cortar as pernas aos Di Marias do nosso futebol. A primeira que se segue é uma entrevista a Alex Fergusson, conduzida antes da renovação de contrato da estrela do United.

- Desentendeu-se com Wayne Rooney?
- Nunca discutimos. Penso que tem de se entender os mecanismos destas situações, quando os jogadores querem deixar os clubes. É sempre fácil dizer-se que o jogador se desentendeu com o treinador.
- Estamos agora a ouvir que ele não quer assinar um novo contracto. Qual é a situação das negociações?
- Estava no escritório a 14 de Agosto quando o David (Director) me ligou a dizer que tinha recebido um telefonema do empresário do Rooney, dizendo que ele não ia renovar contrato. Fiquei estupefacto. Não consegui entender porque apenas alguns meses antes ele me tinha dito que estava no melhor clube do mundo e que queria ficar o resto da vida. Simplesmente não sabemos o que mudou na cabeça do rapaz. Tive entretanto uma reunião com o Rooney, e ele confirmou a posição do seu empresário. Apenas lhe disse: “Lembra-te apenas de uma coisa: respeita este clube. Não quero estupidezes, respeita este clube.” O que estamos agora a assistir na imprensa é desapontante porque nós temos feito tudo o que podemos para proteger o jogador desde que ele chegou ao clube. Fomos sempre um escudo para ele. Todas as vezes que ele teve problemas, todos os conselhos que lhe demos… Mesmo financeiramente, aconselhámo-lo tantas vezes… Mas nós fazemos isso pelo Rooney e por todos os outros, isto é o Manchester United. Este é um clube que baseia a sua história e a sua tradição no respeito entre treinadores, jogadores e o clube. Isso recua aos tempos do Sir Matt. O Rooney tem beneficiado disto, como tem o Giggs, o Paul Scholes e todos os outros, é para isso que nós cá estamos. Por isso não houve desentendimentos, e é por isso que tenho de clarificar esta situação com os adeptos. Porque o que vimos no passado sábado foi inaceitável. Quando estávamos 2-2 e os adeptos começaram a gritar pelo Rooney para que entrasse, colocou pressão no resto da equipa e não lhe fez bem nenhum. Há situações em que a primeira função de um treinador é proteger o balneário.
- Todos sabemos o que o Rooney pode fazer dentro do campo. Está desapontado com ele neste momento?
- Há sempre um certo desapontamento quando temos de lidar com os jogadores de hoje. Não é tão fácil como era há uns anos atrás, quando negociavas um contrato baseado na confiança no trabalho do Manager para quem jogavas. E como Manager, antes também tinhas mais contacto com os pais dos jogadores. Ontem disse ao Edwin Van der Saar, que cometeu um erro incrível no jogo de sábado: “Bem, como te sentes?”, e ele respondeu que a primeira pessoa que lhe telefonou depois do jogo foi o pai dele. E eu disse-lhe: “Óptimo, ouve-o, ele é a pessoa que deves ouvir.” Mas esses tempos acabaram. Agora lidamos com empresários que vivem nos bolsos dos jogadores.


Sobre o mesmo tema, Harry Redknapp, Manager do Tottenham escreveu:
O caso Wayne Rooney demonstrou-nos uma situação que hoje é muito clara: todo o poder no futebol está nas mãos dos grandes jogadores. O poder não está nos clubes, seguramente não está nos Managers, e muito francamente, muitos contratos não valem sequer o papel em que foram assinados. Se os jogadores querem sair e estão sob contrato, eles quase de certeza conseguem criar as situações certas para sair. Uma vez que um jogador tenha decidido que quer sair, ponto final, é jogador perdido. Não há absolutamente nenhuma vantagem em mantê-lo, porque isso causará problemas desnecessários no balneário, que trarão imensos problemas ao clube, para mais quando o jogador envolvido é uma estrela e ídolo das bancadas.

Ainda sobre Wayne Rooney e o seu envolvimento com uma outra mulher, Benoit Assou-Ekotto, defesa esquerdo do Tottenham, disse esta semana à imprensa inglesa:
A tendência no futebol moderno é achar-se que tudo está bem desde que não fodas com prostitutas. O Rooney não anda bem, e é uma coisa muito triste a sua esposa ter de saber pelos jornais que ele andou a foder outra gaija durante 7 meses. Mas como não é prostituta está tudo bem. Nós, jogadores, chutamos uma bola por 100000, 200000, às vezes 300000 libras por semana. Não melhoramos em nada o mundo. Não é como se tenhamos inventado a água quente, ou coisa parecida. Apenas chutamos uma bola. Mas às vezes, quando estes gaijos saem à noite, é como se tenham a mania que são estrelas rock. Compreendo que alguém use óculos escuros à noite se for médico e estiver a fazer uma cirugia e a salvar vidas mas, futebolistas?! Eu não estou no futebol como a maioria dos meus colegas. E realmente, não gosto nada deste mundo. Estas pessoas não me alimentaram em criança, não me trouxeram ao mundo e a minha vida não melhorará em nada por ir para uma discoteca embebedar-me com champagne.

O desfecho desta história todos conhecem. Depois da "espera" ao jogador por parte de adeptos do United à porta da sua casa, e depois de ameaças de morte se Rooney assinasse pelo Manchester City, no dia seguinte Rooney renova pelo United jurando amor para toda a vida.

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