Costumo tracar as minhas metas para a epoca futebolistica nao em funcao do lugar em que o Benfica deve ficar no fim do ano mas em funcao do numero de pontos que deve conquistar. Para o ano passado tinha pedido 75. Tivemos mais, fiquei satisfeito. Teria ficado satisfeito com o comportamento da equipa se tivessemos perdido o campeonato apesar dos 75 pontos. Este ano, antes de o campeonato comecar, a minha meta era 78. Como entretanto ja' perdemos seis pontos parvos (em jogos que ganhamos o ano passado), ficarei contente com qualquer coisa entre os 72 e os 75. Um campeao e'-o porque faz mais pontos que os outros, e a melhor maneira de garantir que fazemos mais pontos que os outros e' tendo muitos pontos. Nao quero saber se estamos a seis ou a quatro do primeiro, ou com mais dois ou cinco que o segundo. Quero saber que do maximo de doze pontos que eu admitira perder, seis ja' foram. E nao me interessa quando somos campeoes mas fazemos um campeonato miseravel (e.g., 2004/05). Ok, e' melhor ganhar que perder, certo, mas tambem e' melhor ganhar com classe (ou, se preferirem, nota artistica) do que sem ela.
Muito se discute o que mudou (para pior) da equipa intratavel do ano passado, que continuava com o pe' no pedal mesmo depois de estar a ganhar por cinco, para a equipa deste ano, que depois de estar a perder ainda pisa mais no travao. Sairam tres titulares, entraram dois que podem vir, com trabalho e tempo, a tornar-se titulares, e um que com trabalho e tempo podera' vir a decidir se ser jogador de futebol e' mesmo o que ele quer fazer na vida. Isto pode justificar alguma perda, mas nao explica tudo. Nao sei de cor (mea culpa, mea culpa!!) os onzes titulares dos jogos do ano passado, nao sei se em algum jogamos sem o Di Maria e o Ramires (acho que sim), mas lembro-me por exemplo que no dia 20 de Dezembro tinhamos o flanco esquerto todo castigado e mais nao sei quem lesionado, e demos um banho de bola ao adversario (que se manteve mesmo quando o Luis Filipe entrou no fim da segunda parte). A troca do Quim pelo rapaz que talvez venha a ser um guarda-redes pode tambem explicar alguma coisa, mas ele fez os jogos quase todos na pre-epoca e a equipa jogava bem (e ganhava quase sempre, como o ano passado). Mas de repente, parece que se apagou a luz. Anda tudo preso de movimentos, de ideias e de conviccoes. Levamos uma banhada EM CASA de uma equipa que o ano passado andou ate' ao fim a lutar pela manutencao. Na Madeira faltou sorte, mas tambem faltou vontade de ter sorte. O ano passado, mal a se aproximava da chuteira de um adversario, ja' o dito estava a ser pressionado. Este ano, pressao alta so' se ve contra a nossa defesa. O ano passado a equipa era um bloco, este ano anda cada um para seu lado. O ano passado quando um tinha a bola havia quatro ou cinco a correr para criar espacos e linhas de passe. Este ano as bolas vao todas ter 'as canelas adversarias.
Nao percebo nada de metodologia de treino (e tanto que gostava de perceber!), nao sei como e' que se orienta o treino fisico para planear picos de forma em determinadas alturas. Sei, contudo, que o ano passado a equipa entrou a todo o gas e se manteve assim ate' la' para Janeiro. Depois o gas baixou um bocadinho ate' Marco, e estabilizou mais ou menos depois da eliminacao da UEFA. Parece-me possivel que JJ tenha preparado a equipa o ano passado para entrar a matar, ciente que nao tinha margem de manobra para falhar no inicio e assumindo o risco de baixas de forma mais para o fim do campeonato, e que este ano tenha preferido uma abordagem mais homogenea da epoca. Isto explicaria as pernas pesadas com que os rapazes se tem apresentado em campo. Poderao as derrotas explicar o resto? O jogo que praticavamos o ano passado, em movimento continuo, nao funciona se os jogadores nao estiverem em boa forma fisica.
Vou aguardar (im)pacientemente pelo que o proximo jogo trara'. Espero que seja uma melhoria significativa relativamente ao que temos visto. E espero que JJ se recorde que nos somos tao fortes quanto o nosso elo mais fraco, e que os grandes sabios, aqueles que estao verdadeiramente acima dos demais, alem de conhecimento e da capacidade de o por em pratica, costumam ter algo que nao se compra e nao se vende: bom senso.
P.S. 2: quero desejar toda a sorte do mundo ao Roberto. Sinceramente, sem ironias. Ele claramente precisa.
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