A propósito a entrada de Bruno Maruta para o topo da hierarquia do Dpt. de Prospecção do SLBenfica, com a inclusão do David Simão e do Leandro Pimenta na convocatória para os EUA e na linha do empréstimo de Roderick Miranda para o Rio Ave, penso que é tempo de falar um bocadinho na formação do SLBenfica.
À séria, à seria... a nossa formação teve um "boost" fortíssimo com António Carraça. Foi pela mão dele que apareceram valores como Bruno Maruta, Rodrigo Magalhães e Miguel Soares para se afirmarem no Dpt. de Prospecção do SLBenfica. Apesar de ter sido o período em que também entraram estrangeiros (como Yartey ou Bakary) na sua maioria africanos, a aposta foi fortíssima nos portugueses.
Basta olhar para tópicos passados no GB para recordar os nomes que hoje evoluem na nossa formação ou já emprestados e que nasceram nessa "fornada" como, Miguel Victor, Romeu Ribeiro, Ruben Lima e André Carvalhas numa primeira fase, logo seguidos por David Simão, Leandro Pimenta, Miguel Rosa e Yartey; e agora com Roderick Miranda, Nelson Oliveira, Bakar, Mario Rui, Danilo Pereira, Lassana Camará e Ruben Pinto. Isto sem esquecer Jean Silva, Diego Lopes e Evandro Brandão que são três valores que chegaram este ano com elevado potencial.
Se fizerem continhas, estamos a falar da formação, nos últimos três anos, de 18 jogadores, 15 deles com origem nas nossas camadas jovens desde tenra idade. E estou a falar apenas dos jogadores que terão potencial maior para afirmação efectiva a uma escala mais elevada, pois ainda temos jogadores como André Soares, João Pereira, Ivanir Rodrigues ou Coelho. Portanto, num total de mais de 20 jogadores formados no SLBenfica nos últimos três anos.
Nos últimos dois anos, infelizmente, houve uma entrada exagerada de jogadores estrangeiros nas camadas jovens dos três grandes, do qual o Benfica não ficou à margem, com uma inundação de jogadores brasileiros que pouco ou nada trazem às equipas e chegam em idade já dos dois últimos anos de junior, castrando o lugar a jovens portugueses.
Em tempos defendi que o SLBenfica deveria ter uma estratégia de formação de um "protótipo de jogador Benfica" e de um "protótipo de treinador Benfica". Ambos apoiados na sua formação nas camadas jovens do SLBenfica e que teriam necessariamente que assentar a continuação da sua formação em protocolos estabelecidos com clubes da II Divisão B (zona Sul); Liga de Honra e 1a Divisão.
O percurso de formação deverá começar, onde está a começar agora, nas idades mais jovens dos 6 anos - sendo que é fundamental retirar estas selecções de Pré-Escolas (um percurso de três anos), da Escola de Futebol do SLBenfica para o Departamento de Formação do SLBenfica, sob a responsabilidade e estratégia deste departamento.
É absolutamente vital NUNCA dissociar o percurso de formação de treinadores, da formação de jovens e jogadores (atenção que o "e" não é por acaso). Os treinadores, para poderem investir a sua dedicação aos projecto de formação, têm obrigatoriamente que ter um projecto de carreira no SLBenfica. Evoluir nos escalões de formação e chegar a Clubes semi-profissionais e depois profissionais, com a ambição de um dia regressarem ao SLBenfica para adjuntos ou mesmo treinadores principais.
Deverá ser o SLBenfica a criar essas condições, com protocolos e relações preferenciais com clubes, que garantam a entrada anual de um a dois jovens jogadores e e um treinador de dois em dois anos num clube da II Divisão.
É, depois, fundamental que este percurso não seja interrompido por dois tipos de excessos:
1) Antecipar a entrada dos jogadores nos planteis para "mostrar serviço", mantendo os jogadores sem competir por períodos longos quando o fundamental é garantir um elevado ritmo competitivo;
2) Ou esquecer esses atletas e continuar a apostar em jogadores de qualidade duvidosa mantendo os jogadores jovens em empréstimos sucessivos até romper o vinculo com o SLBenfica.
1) Antecipar a entrada dos jogadores nos planteis para "mostrar serviço", mantendo os jogadores sem competir por períodos longos quando o fundamental é garantir um elevado ritmo competitivo;
2) Ou esquecer esses atletas e continuar a apostar em jogadores de qualidade duvidosa mantendo os jogadores jovens em empréstimos sucessivos até romper o vinculo com o SLBenfica.
É preciso, nesse aspecto, que o SLBenfica tenha uma estrtutura dedicada a acompanhar de perto - técnica e pessoalmente - os jogadores emprestados. Alguém que os jogadores saibam que vai ver jogos deles (joguem onde jogarem), que lhes liga a saber deles, que vai ter com eles para jantar e saber como se sentem. Fazer os jogadores sentirem-se acompanhados. Por outro lado, é preciso ter consciência que não basta ser formado nas escolas do SLBenfica. E nem sequer basta ser acima da média. É preciso ser muito superior a qualquer outro jovem da mesma idade...
Ainda assim, cabe ao Clube saber estabelecer as parcerias correctas que garantam a estabilidade dos jovens (familiar e desportivamente) e que acompanhá-los de forma a garantir que evoluem e têm estímulos para trabalhar para evoluir. É preciso ter uma estrutura (pequena) de acompanhamento.
Como em tudo na vida, é preciso que haja uma liderança de topo que, mais do que ser alguém da confiança do Presidente, perceba do fenómeno da formação e em quem os jovens se revejam. Actualmente isso não acontece com o Sr. Manuel Ribeiro. A minha proposta, até para garantir a perfeita sintonia entre o futebol profissional e de formação seria que a liderança DIRECTA desse departamento ficasse a cargo de Rui Costa, mantendo Nené enquanto responsável operacional.
Só desta forma será possível estabelecer um acompanhamento directo de todos os temas da formação, como parte integrante de uma estratégia global, aliviando cada vez mais os obstáculos de transição.
Para fechar, recordando o que se está a passar num clube com tradição na formação e que está a deitar à rua uma estratégia de anos para defender agendas pessoais de recém empossados incompetentes dirigentes - o SportingCP.
Não vou sequer entrar na polémica estéril de se a formação do SportingCP é ou não melhor que a do SLBenfica. Eu pessoalmente não avalio esse tipo de questões pelos resultados, mas sim por um conjunto de variáveis que me levam a concluir que o SportingCP está a perder algumas coisas que já fez muito bem no passado e que o Benfica, ainda assim, ainda tem algumas questões de organização e estruturação a aprender com o rival.
O que está, este ano, a acontecer no SportingCP é a loucura da contratação de jogadores que agradam apenas a empresários, na esperança de não voltar a repetir as épocas que de desorganização e desastre que caracterizaram as últimas épocas do Sporting. Ao invés de apostar (não é só integrar no plantel) em jovens jogadores como Wilson Eduardo, André Santos, Cédric, William Carvalho ou Baldé... estão a preparar-se para contratar jogadores como Vitor Gomes, Petrovic, Maniche (surrealista), etc.
Novamente, a palavra de ordem deve ser equilibrio e eu defendo que devem haver anualmente pelo menos dois a três jovens de elevado potencial que tenham a oportunidade de integrar os planteis e desenvolver as suas capacidades e termino deixando-vos uma frase de Roderick Miranda este ano: "Aprendi muito só a olhar diariamente como treinam David Luiz e Luisão".
Este é, portanto, a minha visão da formação para o SLBenfica e do enquadramento de formação de jogadores e treinadores, reforço "e treinadores", que entendo que deveríamos criar de forma estratégica. Ideias-chave detalhadas acima:
- Liderança geral da Formação por Rui Costa apoiando operacionalmente em Nené
- Proposta à FPF de limitação de jogadores estrangeiros nas equipas de formação (máximo 4)
- Proposta à FPF de limitação de jogadores estrangeiros nas equipas de formação (máximo 4)
- Integração das selecções de Pré-Escolas no Departamento de Formação
- Definição de 5 parcerias na II Divisão B, Liga de Honra e I Divisão para empréstimo anual de jogadores-chave da formação.
- Definição de 3 parcerias na III Divisão, II Divisão B e Liga de Honra para plano de evolução de formação de treinadores de pois em dois anos ou de três em três anos.
- Modelo evolutivo de treinadores nos escalões de formação, a começar em Pré-Escolas, até aos Juniores e parceiros de futebol Profissional e Semi-Profissional
- Modelo evolutivo de Integração para jogadores nos primeiros dois (a três anos) de senior, de acordo com as parcerias estabelecidas.
- Inclusão anual no plantel senior, de forma selectiva e muito criteriosa, de um a dois jogadores formados no Clube.
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