Ontem quando escrevi o tópico A Fome e a Vontade de Comer..., onde sustentei o trabalho de Jorge Jesus desde 2006, consolidando-se (a par de Mourinho) como o melhor treinador português, não pude escolher melhor momento, mais oportuno, para o fazer.
Ontem, o SLBenfica anunciou a renovação de contrato de Jorge Jesus até 2013. Quando vos escrevo estas linhas ainda não li qualquer jornal, sei apenas que todos se aproveitaram deste tema para fazer primeiras paginas.
E porque escrevo estas linhas antes de ler os jornais? Simples... porque o que realmente me interessa não é saber se a clausula de Jorge Jesus é de 4, 5 ou 7M€, se vai ganhar 100, 200 ou 1M€, porque feliz ou infelizmente não vou receber qualquer parte dessa verba, logo não me diz respeito. O que efectivamente me preocupa são dois factores:
1. Que Jorge Jesus seja justamente remunerado pela sua importância no clube e nos resultados desportivos do clube.
2. Que a Jorge Jesus seja formalmente atribuida a função de Manager do futebol do SLBenfica, com linha de reporting hierárquico a Rui Costa e Luis Filipe Vieira.
Quanto ao primeiro ponto, como já disse anteriormente, não considero relevante falar-se do valor em si, mas é absolutamente significativo que a sua dimensão não permita a Jorge Jesus sonhar com outras paragens, por um lado... e por outro não permita a Jorge Jesus acomodar-se a um salário principesco. É preciso estabelecer o equilíbrio.
Neste ponto, será obviamente relevante que o SLBenfica assegure uma cláusula de rescisão que permita ao Clube a aquisição de um treinador de topo (independentemente da sua situação contratual) e suportar mais de 50% dos salários do contrato desse treinador. Parece-me que 5 a 7M€ é um valor justo para um treinador tão completo.
Relativamente ao segundo ponto, todos conhecem a minha opinião sobre o papel de Rui Costa no futebol do SLBenfica. Como sabem, fui o primeiro a falar sobre a desadequação da posição de Rui Costa perante o que era a opinião geral que o considerava o principal timoneiro da nau benfiquista - facto desmentido por Luis Filipe Vieira em entrevista na SIC, ao anunciar que as decisões eram todas por ele em conjunto com Jorge Jesus e que por vezes até Rui Costa só tem conhecimento após as decisões tomadas.
Mas isto não quer dizer que eu considere que Rui Costa está a mais no Benfica ou, por outro lado, que Vieira está a agir de forma errada. De todo!
O que acho que é fundamental para uma "coabitação perfeita" deste triunvirato é que cada um tenha as suas funções, esteja confortável e consciente delas e, especialmente, que tudo isso seja do conhecimento de todos os profissionais do Clube directamente ligados ao futebol. A Comunicação Interna é um facto fundamental nesta questão.
Face ao momento actual e às competências existentes nos intervenientes, penso que Jorge Jesus deverá assumir o papel de "Manager" do futebol do SLBenfica. O "Manager" deverá ser o responsável por toda a coordenação técnica e funcional da equipa como a definição de aquisições, identificação dos jogadores a serem contratados e/ou vendidos e dispensados.
A Rui Costa deverá ser mantido o papel de elo de ligação operacional entre a equipa e a SAD. Deve ser o representante da equipa de gestão junto do dia a dia da equipa. Já todos entendemos que Luis Filipe Vieira não está disposto a ceder a responsabilidade de construção da equipa (aquisições e vendas) a ninguém que não ele próprio e Jorge Jesus. A Rui Costa ser-lhe-á pedida a gestão corrente (dia-a-dia) da equipa, que inclui também o futebol juvenil e as dispensas, assim como garantir tudo o que será necessário ao seu sucesso.
É fundamental perceber se Rui Costa está ou não disponível para esta actividade que Luis Filipe Vieira lhe terá destinado e que, entendo, é de elevadíssima importância e que, possivelmente, talvez só ele - enquanto jogador formado nas escolas do SLBenfica - terá o passado, mística e experiência para desempenhar essa importantíssima função. Além disso, tem ainda o papel fundamental de representar Jorge Jesus e toda a equipa profissional na Direcção e Administração.
Esta é uma visão do que eu gostaria que fosse a organização do SLBenfica, face ao que foi o passado e ao que representa a forma de trabalhar do Presidente eleito por larga maioria pelos sócios. Entendo que poderá ser alvo de diferenças face ao que poderá mesmo acontecer ou face a outras opiniões de benfiquistas, mas é acima de tudo a forma como eu penso que poderia ser um futuro interessante em termos de organização que, repito, é fundamental que internamente (apenas) seja muito bem clara e comunicada.
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