Efectivamente as semelhanças são muitas. A religião e o Benfica confundem-se. Pelos fieis que arrastam, pela convicção que envolve, pela paixão, dedicação, comunhão de sentimentos, enfim... o Benfica é efectivamente uma religião. Mas o que me traz hoje não é falar da dimensão do Benfiquismo. Vencido o primeiro de três troféus que estou em querer que vamos trazer para a Luz em 2009/10, é momento para olhar para o que mudou.
Sim, o que mudou do Benfica apático, encolhido, desorganizado, atabalhoado e sobressaltado... para o Benfica imponente, seguro, embalado, insatisfeito!
A explicação, na minha perspectiva, é apenas uma: JORGE JESUS!
Bons jogadores? Sempre tivemos... uns melhores que outros... mas sempre tivemos. Pela Luz passaram nomes como Simão Sabrosa, Reyes, Suazo, Katsouranis, Karagounis, Petit, Miccoli, entre muitos outros que não deixam créditos por mãos alheias e mereciam o sucesso.
Bons dirigentes? A opinião pode ser discutivel, podem haver diferenças óbvias nas opiniões e conceitos de gestão (e como as há), etc. Mas é seguramente indesmentível que em termos de gestão empresarial, Luis Filipe Vieira (especialmente) e a sua equipa (menos) têm sido um bem valioso para o Benfica. Poderiam fazer muita coisa melhor (na minha opinião) ou apenas diferente? Claro que sim... Mas isso não faz dele mau, apenas discutível.
Boas infra-estruturas? Não são de hoje, pelo que também não é explicação... e o mérito vai todo para Luis Filipe Vieira, novamente.
Boa estrutura profissional? Aqui definitivamente que não! Continua a ser bastante questionável a atitude e utilidade de alguns profissionais como Paulo Gonçalves. A sua rede de conhecimentos (aka amizade e/ou relações pessoais e profissionais) não é suficiente para justificar o acumular de erros de acção. SIM! Sou bastante crítico em relação a este senhor, tal como também era em relação a João Gabriel, mas reconheço evidentes melhorias nos últimos tempos.
O que sobra então? O treinador, pois claro!
Quero então eu dizer que Quique Flores, Fernando Santos, Camacho, Koeman ou Trapattoni (entre outros) são maus treinadores? Claro que não... O Benfica não é um clube qualquer, nem é apenas um Clube Grande e por isso é que não precisa "apenas" de um treinador... mas sim de um manager.
Quando falo num Manager, não falo em Rui Costa! Não! De todo... Rui Costa está a ter o que o GB aqui pediu várias vezes: tempo de aculturação e aprendizagem. Ser Administrador da SAD não é andar constantemente nas primeiras paginas dos jornais ou ser mais figura que a equipa... é estar sempre nos "bastidores" apenas a garantir que o caminho para as verdadeiras figuras está... desimpedido. Com o tempo, maturidade e experiência vai-se tornando um valor cada vez mais eficaz e valoroso...
O que me refiro é a alguém com uma visão global do futebol. Alguém que saiba, é certo, planear o trabalho de campo como ninguém - e para isso JJ tem uma estrutura de trabalho composta pelos seus valiossíssimos adjuntos. Mas igualmente alguém que saiba entender os jogadores, os adeptos, que conheça o futebol como um todo.
Jorge Jesus não deixa nenhum detalhe ao acaso: Desde a "obrigação" dos jogadores fazerem a comunhão com os adeptos, até à forma como são conduzidas as rotinas dos jogadores.
A união e desejo de superação não é algo ocasional. É trabalhada nos estágios, nos treinos, nas refeições, nas rotinas, nas "estratégias" da equipa técnica na relação com os jogadores.
JJ tão depressa é um como eles... são vulgares os "torneios de cartas" e a linguagem expressiva; Como rapidamente se destaca a um nível superior subjugando os jogadores à necessidade de superação.
Ainda hoje o Professor Manuel Sérgio dizia que JJ possivelmente faria melhor no Real Madrid do que José Mourinho e eu não tenho a mais pálida dúvida. JJ, melhor do que Mourinho, sabe transportar a dimensão planetária dos clubes para a necessidade de demonstrar em campo essa dimensão. JJ, melhor do que Mourinho, é capaz de fazer os jogadores sentirem-se galácticos pelo que fazem e não por estatuto.
Luis Filipe Vieira terá feito, possivelmente, uma das melhores medidas de gestão desportiva: Entregou-a a Jorge Jesus! Do Presidente e do Administrador Rui Costa, Jorge Jesus espera compreensão e absorção dos conceitos, de modo a que os seus "desejos" sejam realizados e que lhe proporcionem as condições necessárias para implementar essas medidas/desejos.
Confesso que aguardo com expectativa para perceber como JJ preparou (porque já o fez e está a fazer) a época de 2010/11... A caminhada na Champions, a revalidação do título, a Supertaça Europeia (sonhar não paga imposto, ainda)...
Uma coisa é certa: Para consolidar uma organização, estrutura e mentalidade ganhadoras... em suma ter de volta a Mística do Benfica, é absolutamente crucial manter Jorge Jesus.
Estou absolutamente certo que as ambições dele passam por conquistar a Champions, o Campeonato do Mundo de Clubes e... um dia chegar à Selecção. Pois bem: As ambições do Benfica também passam por isso - voltar a vencer as melhores competições da Europa e do Mundo... e entregar à FPF o futuro treinador campeão do Mundo e da Europa com Portugal.
Se um dia quisemos dar 10M€ por ano a José Mourinho, poderemos perfeitamente ir melhorando o acordo com Jorge Jesus em função das suas conquistas. O estrangeiro tem que ser algo perfeitamente dispensável no projecto desportivo de JJ e isso apenas se consegue garantindo-lhe as melhores condições constantemente e o melhor projecto desportivo.
Não haverá Sistema, Árbitros ou favorecimentos a adversários que impeçam a caminhada do Benfica para lugar que lhe pertence: O TOPO! Mas isso não faz com que seja dispensável que a nossa estrutura de gestão garanta um correcto acompanhamento do fenómeno desportivo fora de campo, a começar já pelas Eleições para a Liga de Clubes.
Em resumo, todas as mudanças de ADN que vemos no SLBenfica 2009/10, atribuo-as em grande medida à concepção de gestão desportiva de Jorge Jesus e à forma adequada como Rui Costa e acima de tudo Luis Filipe Vieira pactuaram com essa visão do nosso treinador.
O desafio é continuar a crescer. Para isso é preciso melhorar cada vez mais os processos internos e de relação com o exterior, assim como liderar todos os factores da actualidade desportiva em Portugal.
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